Os Desafios do Bitcoin

Uma análise não tão breve dos desafios que o Bitcoin e a comunidade de suporte precisam superar para poder prosperar no futuro.

Joao Vitor Chaves Silva
Minha mente
14 min readJan 7, 2018

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No paper original de Satoshi Nakamoto fomos apresentados ao BItcoin que em tese deveria ser um sistema de transferência eletrônico puramente P2P.

O Bitcoin deveria permitir as pessoas transacionarem valores financeiro entre si através da blockchain sem a necessidade de envolvimento com uma instituição financeira.

Assim, temos a primeira função do Bitcoin (irei me referir a ele como BTC daqui em diante): meio de transferência.

Ou seja, mais do que “moeda”, o BTC foi criado como meio de transferência de recursos e existe uma grande diferença entre as duas coisas.

Uma segunda função do BTC que poderia ser atingida devido às suas características é a de reserva de valor.

Graças a confiabilidade da blockchain, os BTCs poderiam ser usados para armazenar valores de forma simples e barata.

Assim temos as duas principais funções do Bitcoin:

  1. Meio de transferência
  2. Reserva de valor

A 3ª função possível ao BTC, que é a de “moeda”, é de modo geral, um conceito novo e indiferente à sua criação de acordo com o paper original e não será tratada nesse artigo.

Essa pequena explicação inicial é importante para o entendimento do restante do texto, visto que irei explorar quais os desafios que o BTC ainda precisa enfrentar para atingir os seus objetivos.

O Bitcoin como meio de transferência

No Abstract do paper original temos o seguinte conteúdo:

“Abstract. A purely peer-to-peer version of electronic cash would allow online payments to be sent directly from one party to another without going through a financial institution. Digital signatures provide part of the solution, but the main benefits are lost if a trusted third party is still required to prevent double-spending. We propose a solution to the double-spending problem using a peer-to-peer network. The network timestamps transactions by hashing them into an ongoing chain of hash-based proof-of-work, forming a record that cannot be changed without redoing the proof-of-work. The longest chain not only serves as proof of the sequence of events witnessed, but proof that it came from the largest pool of CPU power. As long as a majority of CPU power is controlled by nodes that are not cooperating to attack the network, they’ll generate the longest chain and outpace attackers. The network itself requires minimal structure. Messages are broadcast on a best effort basis, and nodes can leave and rejoin the network at will, accepting the longest proof-of-work chain as proof of what happened while they were gone.”

De forma resumida, o Bitcoin funcionaria como uma rede de transferência ponto a ponto por meio da Blockchain.

Devido ao seu algoritmo, a autenticidade das transações enviadas à rede seria virtualmente incontestável, sendo a única exceção a isso, caso a maioria dos nodes se tornarem “attackers” que desejam destruir a sua integridade.

Ou seja, enquanto uma quantidade superior a 50% de todo o poder de processamento da rede do BTC agir de acordo com o que deveriam em tese fazer, a blockchain possui um índice de confiabilidade alto o bastante para que dois estranhos possam trocar valores financeiros sem a necessidade de confiar um no outro.

Isso seria possível pois todas as informações referentes à essa transação são armazenadas em um local público, onde podem ser auditadas e verificadas.

Assim, contando que exista a possibilidade de transformar o BTC transacionado em um valor financeiro em moeda FIAT de interesse do usuário, a transação de BTCs é no fim, uma transação de moeda FIAT equivalente.

No diagrama abaixo é possível analisar o diagrama de funcionamento de uma transação na rede do BTC.

Diagrama do funcionamento de uma transferência na rede do Bitcoin

De modo geral a transação acontece em alguns passos simples mas que são importantes para o entendimento do funcionamento da rede e para os desafios dessa aplicação.

Vamos supor que duas pessoas A e B, queiram transferir o equivalente a 100 reais de uma para outra.

Para fazer isso através da rede bitcoin os seguintes passos devem ser seguidos:

  1. Pessoa A deve adquirir o equivalente a R$100 em BTC
  2. Pessoa A deve transferir o BTC equivalente para sua carteira de BTCs
  3. Pessoa A deve receber o “Endereço” da carteira de BTCs da pessoa B
  4. Pessoa A deve enviar o valor em BTCs para o endereço da carteira B
  5. A transferência deve ser recebida e confirmada pela rede blockchain
  6. Pessoa B recebe os BTCs equivalentes em sua carteira

Considerando a finalidade de meio de transferência, os pontos mais cruciais do sistema são os pontos 4 e 5.

Toda transação na rede do Blockchain possui uma taxa para ser executada, essa taxa é comumente conhecida como “A taxa dos mineradores” ou “Fee da rede”, e toda transação leva um determinado tempo.

Os desafios dessa aplicação

No mundo atual o sistema financeiro já se tornou praticamente uma camada da civilização moderna.

Da mesma forma que não pensamos em todo o processo que acontece quando apertamos o botão do interruptor e uma luz se acende em nossas casas, não pensamos em todo o processo que precisa acontecer sempre que realizamos uma transação financeira.

Simplesmente esperamos que elas aconteçam, de forma rápida, barata e simples.

Assim para que o BTC possa ser usado para transações financeiras, ele precisa respeitar esses pontos (não necessariamente em ordem):

  • Ser rápido
  • Ser barato
  • Ser simples

Do contrário, não existe um ganho significativo que justifique a migração dos meios atualmente existentes para o uso do BTC.

O problema? Nesse momento nenhum desses pontos é atingido na média.

No gráfico abaixo podemos ver o tempo médio para confirmar uma transação de Bitcoins.

Fonte: https://blockchain.info/pt/charts/median-confirmation-time

Temos uma mediana de tempo de confirmação de aproximadamente 13 minutos.

Imagine ter que esperar 13 minutos para confirmar um pagamento no McDonalds?

Já quando analisamos o custo médio por transação temos o seguinte gráfico

Fonte: https://blockchain.info/pt/charts/cost-per-transaction?daysAverageString=7

O custo médio de transações na rede do BTC está em 100USD por transação considerando a média dos valores transacionados na rede.

Quando olhamos a taxa MEDIANA, ou seja, a cobrada na maioria das transações temos valores um pouco melhores.

Fonte: https://bitcoinfees.info/

Cerca de 20 Dólares ou 70 reais por transação.

Assim, podemos dizer que nesse momento, em média, uma transação envolvendo Bitcoins vai levar de 15 a 30 minutos e custar 70 reais.

Valores incompatíveis com as necessidades de quase qualquer pessoa para transações do dia a dia.

A menos que você queira realizar uma remessa internacional que possui taxas e prazos maiores do que esses, ou uma transferência urgente em um final de semana (quando uma transação bancária comum normalmente não é realizável), o uso do BTC como meio de transferência é uma escolha irracional.

No atual estágio de desenvolvimento do Bitcoin e sua rede, o seu uso como meio de troca é na maioria das vezes irracional!

Como esses desafios estão sendo enfrentados

É importante notarmos que os desafios enfrentados pelo BTC atualmente, já foram enfrentados também pelos meios utilizados no sistema financeiro internacional antes.

Quando as pessoas comparam a capacidade de transações da rede Visa por exemplo, com a do BTC hoje, esquecem que estamos comparando uma empresa com décadas de desenvolvimento e bilhões de dólares investidos, com uma tecnologia jovem e com um investimento infinitamente menor.

Assim o BTC não está parado no tempo, e de modo geral, as mudanças e melhorias na rede estão sendo realizadas em um ritmo quase assustador, quando comparamos com o tempo que foi necessário para as tecnologias atualmente usadas.

Hoje, existe um time bastante reduzido de pessoas atuando na implementação da chamada “Lightning Network” (LN) na rede do Bitcoin.

Na teoria, essa nova rede permitiria transações em BTC serem concluidas quase que instantaneamente, e com taxas mínimas, como podemos ver abaixo:

Porém, a implementação desse novo recurso não é simples, e sem investimento em educação para capacitar desenvolvedores que possam trabalhar na rede, ou de recursos para captar aqueles já possuam tal capacitação a tarefa de implantação da LN é um esforço hercúleo.

Tais desafios podem ser vistos nos tweets compartilhados por Elizabeth Stark, uma das pessoas a frente do desenvolvimento e implementação da LN.

Assim, quando analisamos a atual impossibilidade de uso do BTC como meio de transferência e trocas, temos uma solução possível, porém que demanda tempo e recursos para ser implementada.

A grande questão aqui é se essa implementação será realizada rapida o suficiente.

Alternativas ao Bitcoin como meio de transferência/troca

Minha última frase no trecho anterior desse artigo tem uma fundamentação simples: de nada adianta a LN resolver os problemas de tempo e taxa de transação do BTC atualmente, caso o BTC deixe de ser usado.

O BTC não está sozinho no universo das cryptomoedas, existem milhares de outras alternativas, e algumas que foram criadas inclusive para suprir as falhas do BTC.

Essas moedas estão em uma corrida contra o tempo para terem uma curva de adoção rápida o bastante para serem usadas como meio de troca no lugar do BTC.

As trocas realizadas entre duas pessoas, normalmente são feitas em um meio útil para ambas.

Seja em real, dólar, euro ou BTC, quando ignoramos as questões tempo e custo, a escolha do meio de troca volta para aquele meio de acesso mais fácil para ambas as pontas de uma transação.

Grande parte da vantagem competitiva do BTC como meio de troca atualmente, apesar dos problemas enfrentados é a sua adoção.

Como mais pessoas o utilizam do que as outras opções, a infraestrutura em termos de pontos de aquisição e meios de armazenagem e negociação (carteiras e exchanges) dele é na média superior, e assim ele acaba sendo o meio de troca mais simples de ser usado.

O grande ponto aqui é que as moedas alternativas estão a cada dia ganhando espaço, e caso ganhem espaço o suficiente antes da LN ser implementada, a dominância do BTC sofre um grande risco, bem como a sua utilidade como meio de troca.

O Bitcoin como reserva de valor

Agora que já abordamos um pouco dos desafios do BTC como meio de troca e o que está sendo realizado para enfrentar esses desafios, gostaria de abordar o seu uso como reserva de valor.

Antes de mais nada é importante conceituar o que é uma reserva de valor.

Uma reserva de valor é uma forma usada pelas pessoas para armazenar riquezas, ou seja, um meio de proteger o seu capital.

De modo geral, são bens que possuem um valor intrínseco que as pessoas acreditam que irá no pior cenário se manter ou não se desvalorizar muito ao longo do tempo, e claro, com pouca volatilidade, mas que ao mesmo tempo, possuem uma certa liquidez para que aquele bem seja convertido novamente em “moeda corrente”.

Assim temos 3 características para que algo possa ser uma reserva de valor

  1. Valor intrínseco seguro (risco baixo de perda de valor)
  2. Baixa volatilidade
  3. Razoável liquidez

Normalmente as pessoas usam 3 classes de ativos como reserva de valor

  1. Moedas fortes
  2. Metais preciosos
  3. Imóveis

Uma vez que consideramos que os meios tradicionalmente usados como reserva de valor possuem problemas, podemos analisar como o Bitcoin poderia ser uma alternativa aos mesmos.

Moedas como reserva de valor

Quando analisamos as “Moedas fortes”, temos como principalmente problema a inflação.

Governos estão constantemente emitindo mais moeda, e com isso desvalorizando o proprio dinheiro.

As chamadas “Moedas fortes”, são aquelas que normalmente não se desvalorizam (ou pelo menos não muito) frente à outras, por apresentarem uma inflação inferior.

Porém, considerando que em última análise nada além do bom senso impede um governo de emitir mais moeda de forma indiscriminada, a inflação é um perigo real para quem usa uma moeda forte como reserva de valor.

Quando avaliamos o Bitcoin por outro lado, o seu limite máximo teórico de 21 milhões de unidades, significa que o risco da inflação em tese não existe aqui.

Metais e Imóveis como reserva de valor

Já quando avaliamos o uso de metais preciosos como reserva de valor, vemos alguns potenciais problemas:

  • Custo de manutenção
  • Dificuldade de mobilidade
  • Liquidez reduzida

É necessário pagar uma taxa de armazenamento de metais em cofres de confiança caso você queira deixar parte da sua riqueza armazenada em ouro físico, ou se expor a volatilidade no mercado com contratos de ouro.

Da mesma forma, uma casa possui custos de manutenção recorrentes.

Além disso, transportar grandes quantidades de ouro, prata ou um imóvel pode ser uma missão quase impossível.

Por fim, dar liquidez a volumes grandes de ouro físico, ou à um imóvel pode ser algo demorado.

Por outro lado, o custo de armazenagem do BTC é virtualmente zero, e a sua liquidez tende a ser maior no curto prazo do que a de outros ativos.

Vender 1 milhão de reais em BTC é algo que você pode fazer em alguns minutos em qualquer exchange nacional, enquanto que vender o mesmo em ouro ou imóveis pode levar dias (ou bem mais do que isso no caso dos imóveis).

Os desafios do BTC como reserva de valor

Porém, nem tudo são flores, como dito anteriormente para que algo sirva como reserva de valor é importante respeitar 3 critérios.

  • Valor intrínseco seguro (risco baixo de perda de valor)
  • Baixa volatilidade
  • Razoável liquidez

E atualmente o BTC não respeita nenhum deles.

No gráfico abaixo vemos a cotação do BTC nos últimos 30 dias em dólar.

Fonte: https://coinmarketcap.com/currencies/bitcoin/#charts

Já no gráfico seguinte vemos a volatilidade do BTC nos últimos 12 meses em relação ao seu preço em dólar.

Fonte: https://www.buybitcoinworldwide.com/pt-br/indice-volatilidade/

E por fim, a volatilidade do BTC (em azul) comparada com a do Ouro (roxo) no mesmo período:

Fonte: https://www.buybitcoinworldwide.com/pt-br/indice-volatilidade/

A depender do momento em que a pessoa transformou sua riqueza em BTC como reserva de valor, ela pode tanto ter multiplicado seu capital em algumas dezenas de vezes, quanto ter perdido boa parte do mesmo.

Essa possibilidade pode parecer interessante para um investidor que busca multiplicar o seu capital, mas quando analisamos a função de reserva de valor, ela é simplesmente inaceitável.

Além disso temos um outro problema em relação ao BTC como reserva de valor: ele ainda vale muito pouco.

Com um market cap atual de cerca de 280 bilhões de dólares, o BTC ainda não possui volume financeiro bastante para ser usado como reserva de valor.

Na imagem abaixo (que está desatualizada), podemos ver o Market cap do BTC em comparação a algumas alternativas.

Quando olhamos o Ouro, que é de longe a reserva de valor mais comumente comparada ao BTC pelos entusiastas, temos um market cap de 8,2 Trilhões do Ouro, contra um marketcap atual de mais ou menos 280 bilhões no BTC.

Para colocar em perspectiva, caso a Apple quisesse armazenar somente o seu caixa líquido de 250 bilhões de dólares em BTCs, ela sozinha consumiria quase todos os BTCS do mundo em seu valor atual.

Esse é o motivo pelo qual na minha visão o BTC não respeita nem mesmo o quesito de liquidez para ser usado como reserva de valor.

Caso alguém com uma fortuna razoavelmente grande ou várias pessoas com fortunas menores queiram usar o BTC como reserva de valor hoje, isso definitivamente irá gerar um efeito de distorção de preços no curto prazo.

Enquanto que tal movimento possa ser positivo para aqueles que buscam multiplicar o seu capital com o BTC, ele é péssimo para quem busca proteger o capital.

Soluções para o BTC como reserva de valor

Diferentemente da aplicação como meio de transferência que possui uma solução técnica que já está sendo implementada, o uso do BTC como reserva de valor não possui solução simples.

Tal aplicação depende da maturidade do mercado.

O BTC precisa atingir um valor unitário (e por consequência de marketcap), que reuna: volume e estabilidade.

Ou seja, precisa valer tanto a ponto de poder armazenar uma riqueza considerável, mas que também já não seja tão interessante para especular, reduzindo assim sua volatilidade.

De certo modo, esse é um processo natural caso você acredite que o BTC um dia irá ser realmente uma forma viável de reserva de valor.

E inclusive é uma forma de se auferir valor ao mesmo.

Considerando que ele é uma forma interessante e melhor de se armazenar riquezas, bastaria estimar quanto da riqueza mundial atualmente armazenada em outros meios passaria a ser armazenada em format de BTCs, e então dividir esse número por 21 milhões, que é o número máximo de BTCs.

O problema desse exercício mental é de que não existem garantias de que isso realmente acontecerá, apenas uma crença (da qual compartilho), mas que não possui um fundamento real.

Além disso, tal exercício pode nos fazer chegar a números extraordinários, como por exemplo 1 milhão de dólares por unidade de BTC, caso o BTC seja uma forma de armazenar cerca de ¼ da riqueza global, ou em outras palavras, atinja ⅓ do market cap de todos os mercados de capitais do planeta.

Tais premissas usualmente usadas para justificar o valor potencial do BTC, são em grande parte, responsável pela sua volatilidade, e somente no futuro saberemos se a curva de adoção do mesmo irá mostrá-las como verdadeiras ou não.

Conclusões

Quando analisamos o objetivo inicial do BTC como meio de trocas, e seu uso possível como reserva de valor, vemos que ambas as aplicações apesar de quase irracionais hoje, são sim possíveis.

Porém para que sejam implementadas no dia a dia, dependem ainda de um grande amadurecimento tanto técnico quanto racional do uso do BTC.

Caso as tendências atuais de envolvimento da comunidade tecnica de desenvolvedores e da curva de adoção se mantenham, veremos a curto prazo um distanciamento ainda maior do BTC dessas duas funções, mas que porém será corrigido no médio e longo prazo.

É importante perceber que ainda estamos no início de uma jornada pela qual a humanidade já passou várias vezes: a mudança de algum paradigma fundamental da nossa sociedade.

Da mesma forma que já lidamos com mudanças em termos de relacionamento interpessoal, forma de vida, religião e informação, hoje lidamos com uma mudança na nossa relação com a riqueza, uma das pedras fundamentais da sociedade moderna.

Tais mudanças são complexas, dolorosas e relativamente lentas quando pensamos na velocidade com a qual estamos acostumados nos dias atuais, mas que ao analisarmos a trajetória do BTC e compararmos com outras mudanças no mundo, vemos que o BTC tem uma curva de desenvolvimento quase assustadora.

A energia elétrica que levou quase 2 séculos entre sua invenção e a adoção maciça, ou mesmo a internet que precisou de quase 30 anos para chegar a 50% da população mundial, o atual alcance e atenção do BTC com menos de 10 anos de idade é admirável.

Provavelmente ainda precisaremos de alguns anos até vermos o real desfecho dessa história.

Nesse momento o Bitcoin ainda é mais uma possibilidade do que uma realidade, mas o futuro parece promissor e coisas incríveis ainda nos aguardam.

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Joao Vitor Chaves Silva
Minha mente

Founder @empreendajunto| Empreendedor apaixonado por inovação. | COO/Partner Gestão 4.0