Sobre a democracia que queremos: como garantir a igualdade nas diferenças?

Marcio Black
Blog da Minha Sampa
2 min readNov 7, 2017

É democrático expor ideias diferentes. A liberdade de expressão é um dos pilares da democracia, enquanto o discurso de ódio é um abuso da mesma. Discurso de ódio não é um direito, é uma violação de direitos que silencia e se manifesta de maneira violenta sobre os corpos que pretende “contestar”. São muitos os momentos em nossa história nos quais práticas extremamente antidemocráticas e violentas utilizaram a liberdade de expressão como subterfúgio para minar a democracia e seus princípios. E isso vem acontecendo com regularidade no Brasil nos últimos tempos. O discurso de ódio se infiltrou em todos os campos e desde então busca cada vez mais silenciar seus oponentes. Mas o que fazer diante de tal cenário? Como garantir que possamos ser iguais em nossas diferenças sem lançar mão das mesmas práticas de quem parece ter como única missão nos silenciar?

Esse foi o desafio colocado pelo #OcupeADemocracia que aconteceu na terça-feira, 7 de novembro, em frente ao Sesc Pompeia. O desafio era de garantir a realização da palestra de Judith Butler, sem necessariamente impedir a manifestação de quem era contra sua presença. Foi difícil, mas rolou. A palestra rolou no teatro, as falas dos movimentos e ativistas a favor da presença de Butler rolaram, transmitimos o áudio da palestra para todo mundo que estava fora do Sesc e não foi registrado nenhum ato de violência. Mas foi difícil. Uma vez que é difícil manter qualquer tipo de equilíbrio frente a ofensas que negam sua existência. De um discurso que ofende negrxs, toda a comunidade LGBT e mulheres. Justamente no país que historicamente mais comete violências contra essas comunidades.

Durante o ato me questionava se nossa presença ali era mesmo necessária. Se não estávamos apenas validando o discurso de pessoas que atuam fora do espectro democrático, engrossando o caldo da “polarização”, mas frente ao que era dito tive certeza de que precisamos estar presentes. De que precisamos afirmar nossas diferenças e estabelecer quais são limites necessários para que o diálogo aconteça.

Terça-feira, 7 de novembro, foi o dia no qual acreditei ainda mais na força que temos quando corremos juntos. Quando somos capazes de vocalizar desejos livremente e de afirmar nossa igualdade na diferença.

#OcupeADemocracia

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Marcio Black
Blog da Minha Sampa

Marcio Black é cientista político, produtor cultural, mobilizador na Minha Sampa. Em 2016 foi candidato para vereador como integrante da Bancada Ativista.