Uma morte lenta: A queda de qualidade de uma série amada.

Selene Machado
Mixórdia
Published in
4 min readNov 21, 2017

As séries televisivas se tornaram um fenômeno! Algumas delas registram a audiência e o engajamento de milhões de espectadores.

Durante a exibição das temporadas a internet vai à loucura pululando de memes, notícias, spoilers e especulações. Mas o formato tem seus desafios e nem sempre é mantida a qualidade dos programas ao longo das temporadas.

Valar Morghulis, ou, todos os homens devem morrer, é um conselho que muitas séries deveriam adaptar e aplicar a si mesmas! Saber quando terminar a narrativa é crucial.

Vários shows deveriam seguir o exemplo brilhante de Breaking Bad. A série termina no momento ideal e cada episódio tem importância no resultado final ( além disso, nenhum episódio é chato).

Yeah, bitch!

Às vezes, quando a série rende muita audiência, os produtores não querem largar o osso e o programa continua a se estender infinitamente. Nesses casos o espectador ou abandona o show ou continua a acompanhar, frustrado, esperando que a qualidade ressurja das cinzas como uma fênix. Exemplos não faltam : Supernatural, House, Pretty Little Liars, Dexter (e que final horroroso, não dá pra superar), Glee, etc, etc.

Esse parece ser o caso de The Walking Dead (TWD), que no fim da oitava temporada está registrando uma das piores audiências da história do show.

TWD se passa em um momento pós-apocalíptico: o planeta foi infestado de zumbis e os seres humanos tentam sobreviver, tendo que lidar com a destruição do mundo que conheciam e suas leis.

>ALERTA DE SPOILER<

O show, que já trouxe grandes surpresas, nessa temporada parece ter se resumido a discurso motivacionais (chatíssimos) e cenas de ação. Mesmo cenas que deveriam desencadear reações emocionais parecem forçadas e falham: A morte de Shiva; Rick ter matado o pai de um bebê; a morte de Eric.

>FIM DO SPOILER<

A série, que já teve outros momentos ruins, abusando de gatilhos para capturar audiência - capítulos iniciais e finais de qualidade, preenchidos por capítulos que parecem ter o propósito de, apenas, preencher a quantidade esperada de episódios por temporada- parece estar passando por sua pior fase.

A narrativa começa a ficar repetitiva: os mesmos dilemas morais, os mesmos desafios. Nem o carismático e terrível Negan ( que quase não aparece, diga-se de passagem) conseguiu renovar à série. Ainda sim, TWD pode durar até 12 temporadas! Se as temporadas seguintes forem como esses últimos episódios, não sei quantas pessoas vão resistir (bravamente) até o fim.

Outra série que não tem conseguido manter a excelência é Game of Thrones (GOT). Mas, ao contrário de TWD, o show acumulou recordes de audiência na última temporada, agradando uma parcela de seus fãs.

Existe outra diferença entre os dois programas: ao contrário de TWD, GOT tem prazo para acabar, a oitava temporada será a última. Mas, assistindo a pressa com que a narrativa foi desenrolada na sétima temporada, não se sabe se essa foi, de fato, uma decisão acertada.

> ALERTA DE SPOILER<

A rapidez da narrativa impede o envolvimento dos espectadores naquilo que é contado. O casal Daenerys e John Snow, por exemplo, não convence.

Ok, GOT é uma fantasia! Mas mesmo as fantasias precisam atender a uma coerência interna, seguir suas próprias leis. Na sétima temporada viagens que costumavam demorar vários episódios, acontecem em segundos, de forma a virarem piada na internet e se tornarem não críveis.

>FIM DO SPOILER<

Depois de perder seu ponto de apoio - os livros escritos por George R. R. Martin- a narrativa se perde. É como se a história tivesse se esgotado antes do tempo proposto (mesmo para o autor, que não consegue terminar de botá-la no papel) e os roteiristas tentam resolver esse esgotamento do jeito mais preguiçoso possível... entregando tudo o que o público deseja.

Mesmo aqueles que gostam dos novos rumos da historia precisam admitir que ela é substancialmente diferente do que costumava ser. Abusam-se de cenas de ação e efeitos especiais. Se perdem sutilezas tão caras ao universo de Westeros.

Eu, contudo, continuo assistindo. Por causa do apego emocional aos personagens e história, tão característicos às séries (televisivas, literárias ou cinematográficas). Na esperança de vê-las renascer: Não como os white walkers, ou zumbis, mas em todas as suas potencialidades.

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