O poder da influência pós pandemia e como devemos repensá-la hoje

Verônica Ponce
Mkt Virtual
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5 min readMay 4, 2020

Já estamos há mais de um mês em isolamento social.

As inúmeras consequências da pandemia gerada pela COVID-19 começam a ser estudadas e analisadas na sociedade. E você acha mesmo que a gente deixaria esse assunto passar no âmbito da imagem e do marketing de influência? Não mesmo.

Parece que não conhece a gente…

Se tem uma frase muito bem aplicada para ilustrar a situação, essa frase é:

“Em um momento onde todos deveriam colocar máscaras, muitas delas estão caindo.”

Não sei quem disse primeiro, mas é real.

São relacionamentos acabando com afirmação de que passar tanto tempo juntos pode ter acelerado esse processo.

Criadores de conteúdo perdendo influência (e patrocínio) após apresentar publicamente comportamentos contraditórios — e que demonstram falta de respeito com o coletivo.

Rede de franquia sendo boicotada por conta de posicionamento de seu proprietário — também de forma desrespeitosa com a vida.

A era do cancelamento, já incentivada há alguns meses, agora está alcançando novos patamares. Já falamos sobre o assunto aqui.

Já era esperado, né? As pessoas estão percebendo cada vez mais a força do coletivo e já se apossaram do poder das redes sociais, que permite voz a todos. Afinal, esse é um ambiente totalmente horizontal.

Por isso, quero dedicar a edição de hoje ao poder do marketing de influência e levantar algumas ideias sobre o crescimento dele pós pandemia. Vem comigo?

Desde sempre aprendemos sobre branding e posicionamento de marca, até passando por missão, visão e valores. Se você não deu atenção pra isso no passado, talvez seja a hora de pensar (e repensar) esses aspectos.

Se em um passado recente debatíamos a humanização das marcas, agora debatemos quem deve conversar com elas de igual pra igual. É o famoso “diga-me com quem andas que te direi quem és”.

Já tinha parado pra pensar nisso?

Os influenciadores vendem nada mais nada menos do que o valor que compartilham com a marca e, consequentemente, com a comunidade.

Se tenho um produto vegano para bebês, é natural buscar uma produtora de conteúdo mulher, mãe, que fale de maternidade e talvez de hábitos saudáveis. De longe, parece simples. Mas não é…

Como essa influenciadora se comporta nas redes sociais? Quais são seus valores? Como ela demonstra sua personalidade?

Apesar de ela entregar conteúdo de interesse de meu público, ela representa de verdade sua comunidade? Como ela interage com essas pessoas?

Os posicionamentos que ela abraça são os mesmos que os meus? Quais bandeiras ela levanta?

Qual é o seu histórico?

Tudo isso? Tudo isso!

Não é só entregar um produto na mão de alguém e pedir pra divulgar. Uma marca atrelada a um influenciador possui uma ligação intrínseca com ele.

Quando usamos um meio, não quer dizer que tenhamos relação com ele, mas entendemos que nosso público está lá. Por isso é muito mais fácil apostar em canais do que em pessoas. Pessoas precisam ter responsabilidade.

Já quando investimos em produtores de conteúdo, é porque entendemos que nossa marca e o influenciador possuem uma sintonia - e que ela é legítima.

Em mundo de influencer, quem tem coerência é rei.

Até porque o público está exigente. E mais do que isso, ele sabe seu poder para selecionar ou cancelar criadores de conteúdo. Não existe direito a erro aqui. A justiça é feita de forma quase instantânea no mundo da internet.

Muito antes de COVID-19 e isolamento social, a tendência já era analisar profundamente os influencers selecionados para qualquer trabalho. Isso porque influencers são pessoas — e pessoas podem cometer equívocos, ter ações inconsequentes e demonstrar contradições.

Tá todo mundo aprendendo aqui.

Mas o público pede por criadores de conteúdo responsáveis, assim como pedem responsabilidade para suas marcas.

Isso é muito mais do que vender produtos/serviços. As marcas precisam cuidar de seu público, se importar com a sociedade, manter posicionamento fiel e levantar bandeiras. Voltamos a estaca zero desse texto: a importância da humanização.

Um levantamento recente da YOUPIX apresentou 5 cenários possíveis pro marketing de influência pós pandemia. Um deles é “Mais valor, menos produto”.

Você percebeu que algumas empresas simplesmente sumiram do mapa desde que iniciamos a quarentena?

Se você respondeu “não” é porque elas talvez já tenham caído no esquecimento…

A verdade é que muita gente vai repensar seus hábitos de consumo — e se antes a gente já via a necessidade de se conectar com as marcas além dos produtos, agora isso será ainda mais necessário.

Quem só sabe falar de si mesmo, possivelmente será esquecido. Já quem cria conexão autêntica permanecerá na memória de sua comunidade.

Agora deixando o marketing de influência um pouco de lado pra falar de imagem e coerência, queria só fazer uma breve reflexão sobre comunicações contraditórias, mesmo quando feitas pro bem coletivo.

Chega Coronavírus, isolamento social, crise econômica. Milhares de brasileiros perdendo seus empregos, aumentando suas dívidas, aguardando auxílio emergencial. Aí aparece o banco, que sempre esteve disposto a ganhar um trocado em cima do suor do trabalhador, divulgando — de forma patrocinada — que está doando tantos milhões ou bilhões em iniciativas para conter a pandemia.

Os bancos estão se esforçando mais do que nunca para demonstrar preocupação com a população, mas o público percebe que não há legitimidade. A impressão que fica é essa dos comentários abaixo:

Comentários reais.

Além das doações, em um outro caso teve banco patrocinando conteúdo de influencer para divulgar a possível “pausa” dos empréstimos. O público caiu nessa? Não mesmo…

Logo foram no app desse banco, viram que continuariam pagando juros para “pausar” e informaram os demais espectadores do vídeo: “não caiam nessa cilada”.

Só fica essa ligação mesmo pra dizer que:

Legitimidade importa. Histórico também.

Seja na comunicação da marca, seja na do influenciador parceiro.

Nós temos o costume de acreditar que logo as pessoas esquecem. É o famoso “brasileiro tem memória curta”. E pode até ser verdade. Mas pra que arriscar? Fora que é doloroso torcer para que as pessoas esqueçam algo.

É melhor se manter atento a todos os sinais e manter um posicionamento fiel. Hoje, amanhã e sempre. E investir sempre em geração de valor pra comunidade.

Por aqui, seguimos em isolamento social e mantendo a coerência de nossos papéis.

#FicaEmCasa até segunda ordem, hein?

Um abraço e até o próximo TIP Talks! :)

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Verônica Ponce
Mkt Virtual

Gosto de escrever de forma despretensiosa sobre aprendizados e reflexões que tenho sobre a vida e sua complexidade.