AUGUSTO DOS ANJOS: O Cantor Da Poesia De Tudo Que É Morto

Aléssia Guedes
Moderna Parahyba
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3 min readMay 22, 2020

Augusto dos Anjos morreu aos 30 anos em decorrência de uma pneumonia. Pois é, caros leitores, espero tê-los deixado surpresos com essa afirmação tanto quanto fiquei ao pesquisar a vida do poeta, confesso que minha intenção foi começar esse perfil com alguma informação que não fosse tão óbvia sobre Augusto. Porque muitos de vocês já devem ter estudado ou escutado falar sobre o poeta que tinha uma obsessão por temáticas fúnebres com sua escrita tão diversificada que não conseguem classificá-lo em uma só escola literária: foi um pré-modernista que flertou com o parnasianismo e o simbolismo. Mas, vamos retornar ao fato de que o escritor morreu jovem demais. Dito isto, podemos agora voltar há 136 anos quando nascia o famoso Poeta da Morte.

Pintura: Augusto dos Anjos, 1985, Flávio Tavares (Reprodução Fotográfica: Grace Vasconcelos)

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em Sapé, na época Engenho Pau d’Arco, no dia 20 de abril de 1884. Filho de Alexandre Rodrigues dos Anjos e de Córdula de Carvalho Rodrigues dos Anjos. O primeiro contato com as palavras foi através do pai e começou a escrever aos sete anos de idade. Estudou no Lyceu Paraibano e durante essa época escreveu seu primeiro soneto intitulado “Saudade”.

Augusto estudou na Faculdade de Direito do Recife entre 1903 e 1907. Formado em Direito retornou para João Pessoa, mas não chegou a atuar como advogado, dava aulas particulares de português. Em 1908 retornou ao Lyceu Paraibano como professor, permaneceu no cargo por dois anos, mas foi afastado por se desentender com o governador. Nesse mesmo ano casa-se com Ester Fialho e, após a venda do engenho de sua família, muda-se para o Rio de Janeiro.

No Rio de Janeiro, Augusto dos Anjos ensinou literatura em diversos cursinhos. Lecionou Geografia na Escola Normal, depois no Instituto de Educação e no Ginásio Nacional. Em 1911 foi nomeado professor de Geografia, no Colégio Pedro II. Durante esse período, publicou vários poemas em jornais e periódicos.

Em 1912, Augusto lança sua única obra intitulada “EU” que conta com 58 poemas. O teor dos poemas chocou a sociedade do início do século XX que considerava o vocabulário bastante agressivo. A obsessão por escrever sobre morte também foi repudiada pela sociedade, era um “Cantor da poesia de tudo que é morto” como o próprio se denominava.

Em 1913 ele muda-se novamente, desta vez o destino era Leopoldina, em Minas Gerais, para trabalhar como diretor de um grupo escolar, mas também continuava a dar aulas particulares. No ano seguinte, após uma longa gripe, Augusto dos Anjos morreu acometido por uma pneumonia.

Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,

Tamarindo de minha desventura,

Tu, com o envelhecimento da nervura,

Eu, com o envelhecimento dos tecidos!

Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!

E a podridão, meu velho! E essa futura

Ultrafatalidade de ossatura,

A que nos acharemos reduzidos!

Não morrerão, porém, tuas sementes!

E assim, para o Futuro, em diferentes

Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,

Na multiplicidade dos teus ramos,

Pelo muito que em vida nos amamos,

Depois da morte inda teremos filhos!

-Vozes da Morte

Embora, tenha vivido tão pouco, o escritor deixou seu legado paraibano na literatura brasileira e é patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras. Em Sapé, onde o escritor passou parte de sua vida, funciona um Memorial dedicado à sua vida e sua obra.

Revisão: Rayssa Oliveira

Fontes: https://biografiaresumida.com.br/augusto-dos-anjos/

https://www.ebiografia.com/augusto_anjos/

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Aléssia Guedes
Moderna Parahyba

Escrevo, escuto e compartilho histórias. Jornalista nas horas não vagas.