E QUEM ESTÁ LÁ FORA?: Essencial para quem?

Jaqueline Rodrigues
Moderna Parahyba
Published in
3 min readMay 25, 2020
Imagem: Squirrel_photos por Pixabay.

Maria Aparecida é a entrevistada de hoje. Ela tem 40 anos, é hipertensa e trabalha como empregada doméstica. Os desafios para Cida -como é chamada por todos ao seu redor- já inicia-se no seu trajeto: residindo na cidade de Santa Rita e trabalhando na cidade de João Pessoa, necessita realizar um trajeto longo todos os dias. Por consequência disso, Cida acaba se expondo ao vírus, mesmo que esteja indo de carro.

Como já visto pelos veículos de grande propagação de notícias, hoje no Brasil apenas os serviços essenciais estão em funcionamento. Porém, alguns patrões ainda mantêm os serviços da diarista ou empregada doméstica nas suas casas, mesmo não se configurando como serviço essencial. Em um país no qual a primeira morte confirmada por Covid-19 no estado do Rio de Janeiro foi de uma empregada doméstica de 63 anos hipertensa e diabética, acredita-se que o contágio de mulheres que trabalham nesta área não diminua tão facilmente.

Maria Aparecida é um exemplo dessa classe de trabalhadoras que está indo porque necessita. No seu relato, ela expõe que chegou a passar um período de 10 dias em casa no início da quarentena, porém, após esse prazo retornou às suas atividades. Ela diz que faz uso dos materiais higiênicos necessários, como o uso das máscaras ao ir e voltar do trabalho. Além disso, ela ainda ressalta que só sai de casa para o trabalho ou para ir até o mercado, mas sempre tomando os devidos cuidados.

Eu mesma venho (trabalhar) mas tenho muito medo de pegar essa doença. A minha família também, de levar para dentro de casa porque não é fácil não: você não sabe de onde pega, como pega e todo cuidado do mundo é pouco para a gente. Mas eu estou vindo, estando tudo fechado, sem ônibus, não tem nada.” diz Maria Aparecida.

Maria relata que está indo e voltando do seu trabalho de carro com o seu marido ou o seu patrão vai buscá-la em casa. Ela alerta que é necessário se precaver e aconselha que quem tem condições de ficar em casa, faça isso. A empregada doméstica ainda relata a situação de muitos que estão desempregados e que também há aqueles que apesar de estarem em meio a uma pandemia, continuam indo ao seu trabalho.

Ela ainda relata que pelo fato de na sua casa, sendo a única que tem carteira assinada, a necessidade para continuar indo ao trabalho aumenta mais ainda. “Eu preciso trabalhar, é por isso que eu me arrisco e venho, mas Deus me protege.”

Como grande parte da população que precisa sair de casa, Cida sente medo. Medo por ela, que é do grupo de risco, e por seus familiares, para que não tragam a COVID-19 para o seu lar. Como ela disse, é algo difícil, pois o que está em questão é um problema imensurável. Porém, ela tenta fazer a sua parte, contribuindo com o que está ao seu alcance.

Eu tenho muito medo, muito medo mesmo dessa doença. Fica aí um alerta para vocês: Que se cuidem mais, não fiquem saindo em vão, só saia se precisar, se for um caso de necessidade mas que ninguém saia para a rua em vão, usem máscaras, usem o álcool porque não está fácil e a coisa está ficando feia.”

--

--

Jaqueline Rodrigues
Moderna Parahyba

Em constante evolução, amante de histórias e estudante de jornalismo.