Histórias percebidas em uma parada de ônibus

Jaqueline Rodrigues
Moderna Parahyba
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2 min readSep 23, 2021
Foto: Stux por Pixabay

Final do mês de agosto, parada de ônibus do 1500, Hospital Universitário Lauro Wanderley. Uma senhora chega pertinho e me pergunta se sou a mãe do bebê que acompanhava, meu irmãozinho. Rindo discretamente e achando a situação cômica, respondo que não e logo a mulher inicia uma conversa. Em seguida, me olha e pergunta se posso oferecer uma ajuda, curiosamente a indago para o que seria e ela me conta que é para comprar seu medicamento para o tratamento contra a depressão.

Neste instante, paro e reflito, estávamos às vésperas do mês de Setembro, que visa o combate à saúde mental e me deparo com essa situação: uma mulher pobre, vindo de uma cidade pequena e perdida no meio de tantos desconhecidos. Nessa hora, o coração aperta e a gente se pergunta como pode ajudar, mas o sentimento de impotência bate e com ele só resta o desejo de que com o tempo as coisas melhorem para ela e tantas outras pessoas.

Ainda no mesmo local, um senhor senta-se na parada e em seguida, desaba. Misto de sensações: vontade de chorar/ dar um abraço / falar palavras reconfortantes. Mas, na realidade, você trava e não consegue sair sequer uma palavra do que imaginou. O homem olha para a moça ao lado e diz: “Eu não posso perder o amor da minha vida”, aparentemente ele estava se referindo a sua esposa que estava em um leito no hospital, em estado crítico. Ele chora no banco da parada de ônibus e desabafa para desconhecidos, estou entre eles.

Chegou o ônibus, cada um se dispersa e segue. A mulher que precisava de ajuda para os remédios, fica no banco, tomando um pouco de ar e alimentando a esperança da melhora de sua filha, que está hospitalizada, e de conseguir o dinheiro para o seu medicamento. O senhor, entra no ônibus, desce no bairro de Mangabeira e vai cabisbaixo até onde eu acredito ser sua casa.

No fim do dia, me questiono o que tem em comum entre essas duas situações. Em uma tentativa de buscar respostas, reflito sobre o mês de setembro, o nó na garganta e o pensamento de não saber o que fazer, mas querer ajudar. Sabemos que na teoria a campanha do setembro amarelo se prolifera, mas na prática é bem diferente. Por isso leitor, chego a conclusão de que o ideal talvez seja você ouvir o outro e poder ajudar com o mínimo, seja o afeto ou palavras que façam daquele instante um momento melhor para outra pessoa.

Revisão: Aléssia Guedes

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Jaqueline Rodrigues
Moderna Parahyba

Em constante evolução, amante de histórias e estudante de jornalismo.