O impacto da dança pela visão de Geovan da Conceição

Jaqueline Rodrigues
Moderna Parahyba
Published in
4 min readJun 14, 2021
Reprodução/Instagram: Geovan C. Mouzinho de Pontes

A dança é um dos tipos de arte que está presente no nosso cotidiano, não é à toa que para muitos é o alívio, prática de exercício ou até mesmo um refúgio. Estamos acostumados a vermos as danças inseridas naquelas apresentações das escolas, nas datas comemorativas, apesar de serem um modelo engessado, é um modo de inserir crianças, é uma forma que acaba sendo um incentivo, até mesmo para os mais pobres. E dentre tantas formas de representá-la, o abrigo na dança é a temática da história de hoje.

A história trazida é sobre Geovan da Conceição, paraibano, formado pela Escola de Teatro Bolshoi e graduado em dança pela Universidade Federal da Paraíba. Ele lutou muito desde criança e notou que a dança fazia parte da sua vida e seria ela que a mudaria. O entrevistado relata que a sua história passou por grandes mudanças, vivenciou muitas cenas que nenhuma criança merece passar.

“Sou de origem humilde, residi na comunidade da Citéx no bairro do Ernesto Geisel — João Pessoa. Tive parte da infância bem problemática em relação ao meio que estive inserido, porém toda essa experiência me influenciou positivamente a ser uma pessoa melhor e olhar mais para o outro, mudou a minha visão de mundo e acima de tudo minha humanidade.” diz Geovan.

A Arte como tudo

Geovan afirma que a arte para ele sempre esteve presente, desde os 8 aos 9 anos de idade. O seu primeiro contato foi através do Projeto Centro Livre Meninada e que logo depois, veio a sua ida à Escola Teatro Bolshoi. Ele afirma: “A arte representa tudo, porque foi através dela que eu tive uma grande mudança de vida. Era um menino, primeiramente que saiu de uma periferia, um lugar violento, década de 90, onde vi e vivi sobre muita violência, pressão psicológica, muita violência física, não foi um momento fácil mas eu tive um resgate a partir da arte. Então eu consigo a partir daí enxergar o poder que a arte tem, o poder que ela tem de resgatar, de transformar uma pessoa.”

Cenário da dança na Paraíba

De início, ao chegar na Paraíba, após o término do seu curso no Bolshoi, ele afirma que foi mal recebido, era um rapaz com sonhos que trabalhou em lugares em que o salário estava por volta de 300,00 reais, apesar daquilo ter o desmotivado, hoje em dia ele nota uma diferença sobre esse contexto. Durante a entrevista, ele diz que há um tempo pensava que na Paraíba não havia nenhum incentivo, mas que atualmente é notório um suspiro para as artes no geral. Ele atua como chefe de dança na Funjope (Fundação Cultural de João Pessoa) e por estar em um cargo de importância, ele informa que mesmo no contexto da pandemia, ainda se tem diversos projetos. Também afirma sobre a Companhia Municipal de Dança daqui de João Pessoa, que está com edital a caminho para diversos bailarinos por todo o Brasil.

“Obviamente para a nossa cidade é riquíssimo ter uma companhia de dança profissional, já faz mais de 20 anos que diversos artistas estão tentando conseguir isso para a cidade, a partir de agora, poucos meses que estou dentro da Funjope, vendo que isso tá acontecendo e eu tô junto ali, tô presente podendo tá fazendo parte desse momento histórico.”

A premiação do Festival Internacional

Geovan foi premiado em segundo lugar no 25º Internationales Solo-Tanz-Theater Festival Stuttgart, na Alemanha. A coreografia que lhe deu o prêmio para o segundo lugar foi “Fissurar”, onde ele retrata a sua história de vida. Ele diz que o processo de de montá-la foi algo complicado, isso porque já estávamos no meio da pandemia do coronavírus, mas que o intuito era levar a sua mensagem de vida através da dança. Ele relata um sentimento de muita gratidão pela oportunidade de ter sido o segundo lugar de uma premiação que é conhecida mundialmente, e que isso não se trata sobre ser o segundo lugar ou pelo dinheiro, é sobre como isso pode o impactar profissionalmente e como as portas já estão se abrindo a partir deste feito.

“Não é só pela grana, é sobre o quanto eu quero ser relevante na minha área, quero poder impactar outras pessoas com a minha arte, com a minha dança, com o que eu acredito, mas obviamente de forma positiva, eu sempre desejei como eu venho fazendo ao longo dos anos, como artista, como professor, é isso que eu acredito.”

Revisão: Carolina Cassoli

A entrevista “O impacto da dança pela visão de Geovan da Conceição” foi escrita por Jaqueline Rodrigues e faz parte da série de publicações especiais sobre o tema “Direito à cultura”, vinculado à disciplina Jornalismo, Cidadania e Direitos Humanos, do curso de Jornalismo da UFPB.

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Jaqueline Rodrigues
Moderna Parahyba

Em constante evolução, amante de histórias e estudante de jornalismo.