Wandavision — Crítica da série do Disney+

Adailson Paiva
Moderna Parahyba
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3 min readMar 6, 2021

Wandavision é uma minissérie original do serviço de streaming Disney+, baseada nas personagens das histórias em quadrinhos da Marvel Comics e que se passa dentro do Universo Cinematográfico Marvel. No enredo, acompanhamos o casal de super-heróis Wanda (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) tentando levar uma vida normal no subúrbio da pequena cidade americana de Westview.

Quando sua casa e vizinhança começam a se alterar como se estivessem numa série de televisão, passando entre décadas em um curto período de tempo, os dois começam a suspeitar que há algo errado com o lugar.

A trama inicialmente proposta pela série de Jac Schaeffer chama atenção logo de cara. Os primeiros episódios de Wandavision são um primor em produção e roteiro, trazendo vários mistérios e resgatando técnicas de filmagem já abandonadas pela indústria para criar a mesma ambientação das séries que homenageia, como I Love Lucy e The Dick Van Dyke Show. Esse valor de produção areja a “fórmula Marvel”, retirando surpresa e novidades de referências ao que já era estabelecido como clichê ou previsível, porém não perdura em todos os atos da trama.

Após passadas três “décadas” em Wandavision chegamos ao episódio que situa o telespectador no grande cenário do que está acontecendo longe dos olhos de Wanda e Visão. Nesta parte da história há uma perspicaz quebra no ritmo frenético e misterioso que o enredo vinha trazendo, movendo-se geográfica e temporalmente para elucidar algumas dúvidas sobre a sucessão de eventos que transformaram Westview e criar novas sobre suas protagonistas. O episódio serve também para reapresentar as personagens coadjuvantes da série: Monica Rambeau (Teyonah Parris), Jimmy Woo (Randall Park) e Darcy Lewis (Kat Dennings).

Apesar de a qualidade se manter nos episódios seguintes, com homenagens a séries consagradas como Malcolm, The Office e Modern Family, o encerramento de Wandavision peca em seus dois últimos capítulos ao tentar se estender e se justificar demais. A estrutura de recapitulação do oitavo episódio, onde a personagem Agnes (Kathryn Hahn) divide o protagonismo com Wanda, é repetitiva e massante, duvidando da capacidade interpretativa de quem assiste e abusando dos diálogos expositivos mesmo em cenas que estamos vendo o que aconteceu em tela.

O mesmo acontece no episódio seguinte, onde as cenas de ação parecem preencher tempo desnecessário apenas para entregar dois episódios com duração de quarenta minutos — os anteriores tinham entre vinte e trinta minutos, como é habitual nas sitcoms — no encerramento da série.

Para além do que está dentro da série, a estratégia de marketing e lançamento da Marvel/Disney também vale a pena ser citada. O serviço vai contra o habitual para streamings e lança suas séries originais semanalmente em vez de entregar suas temporadas num único dia. A série usa da estrutura semanal e deixa pequenas perguntas e espaço para teorias, como é comum a grandes produções de televisão a exemplo de Lost e Game of Thrones. Também gerando engajamento com seu público e mantendo a relevância entre os assuntos mais comentados da internet durante seus quase dois meses de exibição.

No mais, Wandavision se encerra agridoce. É uma boa série, subverte e desenvolve seus super-heróis protagonistas como nenhum outro filme da Marvel (além de trazer várias alusões a Os Incríveis, único grande filme de herói dono de feito parecido) conseguiu até agora, tem produção e atuações invejáveis e entrega episódios muito bons. Mas no seu final volta a ser apenas uma outra ideia boa fadada a se engessar no modelo da grande série que é o Universo Cinematográfico Marvel.

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Adailson Paiva
Moderna Parahyba

Supostamente jornalista. Gosto de alienígenas em caixas azuis e falo de filmes às vezes.