Non-Fungible Token (NFT) para entrega de exclusividade. E depois?

Taynaah Reis
Moeda Seeds
Published in
4 min readApr 26, 2021

Texto por Alan Kardec — Diretor de produtos e inovação da Moeda Seeds. Publicado originalmente em seu LinkedIn.

A imagem utilizada neste artigo, é um meme bem interessante de um quadro da Monalisa bem despojado e descolado. Quase que esperando algo acontecer. Enquanto ela se mantém no seu devido lugar, mas com uma nova perspectiva, (defi)nida em um simples gesto de tranquilidade, algo bem inquieto veem acontecendo no mundo das finanças descentralizadas (DeFi).

Desde o grande sucesso dos Initial Coin Offerings (ICO), graças ao padrão Ethereum Request Comment 20 (ERC-20), novos conceitos cripto emergiram para simplificar a colaboração em grande escala, proporcionando o surgimento de alternativas econômicas, sociais e sustentáveis para a gestão da cadeia de suprimentos, meios de pagamento, financiamento internacional, mercados de energia, câmbio disruptivo, serviços cartoriais, entre outros.

O padrão ERC-20 dinamizou consideravelmente a forma como se as regras de negócio fossem traduzidas para contratos inteligentes, modelagens disruptivas, descentralizadas e seguras, além do aspecto inovador da imutabilidade oferecida pela tecnologia blockchain.

Uma interface comum para tokens fungíveis que são divisíveis e não distinguíveis acordados pela comunidade de desenvolvedores para garantir a interoperabilidade; consequentemente pela sociedade, para representar um valor e, em alguns casos, riqueza.

Contudo, os avanços conceituais, a necessidade de romper lacunas dos protocolos blockchain e as oportunidades crescentes de serviços baseados em finanças descentralizadas (DeFi), apresentam um novo protagonista cripto: os tokens não-fungíveis (NFT).

Utilizando-se do padrão ERC-721, os tokens não fungíveis são únicos e não podem ser divididos ou mesclados e possibilitam uma variedade de novos casos de uso melhorando particularmente a tokenização de ativos individuais representando-os digitalmente com exclusividade.

Dessa forma, partindo da hipótese de utilidade para gerar valor e riqueza, os NFT poderiam, por exemplo, mudar o mercado de colecionáveis (estimado em mais de 200 bilhões de dólares), com regras de negócio e perspectivas altamente disruptivas. E não somente esse mercado, mas, o das artes, da música, das experiências gastronômicas, dos eventos de maneira geral e do turismo.

Todavia, há de se considerar a necessidade de um aprofundamento nos casos de uso desses tokens, melhores práticas, experiência em projetos que buscam utilidade e valor, escalabilidade e insights para o desenvolvimento de softwares baseados em blockchain. Podemos sim, estar em uma nova bolha, mas como muitas outras, a utilidade do NFT não será desgastada ou obsoleta. Há muito o que organizar, aproveitar e destacar no mercado cripto.

Em linhas gerais, fungível é aquilo passível de ser substituído por outra coisa de mesma espécie, qualidade, quantidade e valor, ou seja, duas partes podem trocar a mesma quantidade sem qualquer ganho ou perda. Embora a fungibilidade seja uma característica essencial de qualquer moeda, a não fungibilidade é o oposto, pois cada token é distinguível e não pode ser dividido ou mesclado.

Outro detalhe interessante é sobre as implicações para rastrear a propriedade desses tokens, pois cada NFT precisa ser rastreado separadamente, dessa forma, tem-se uma identidade global única, a capacidade de ser transferível e opcionalmente incluir metadados. Esses tokens tem um propósito específico: representar a propriedade sobre ativos digitais ou físicos.

Como colocado anteriormente, sugeri o exemplo dos itens colecionáveis, por entendê-los como ativos com forte apelo emocional, chegando a ser um investimento e parte de um mercado global. À medida que se tornam raros e desejáveis, os itens colecionáveis têm o potencial de valorizar ao longo do tempo.

Mas algo que chama atenção nessa jornada criativa da computação, é a criação de valor. Estamos presenciando uma mudança considerável na forma como a economia se adapta aos novos preceitos disruptivos da DeFi. Os modelos são audaciosos, não tem experimento nesse jogo, apenas execução pura das possibilidades. Sabe-se, ou pelo menos tentamos considerar como fato, que a DeFi está para além dos mecanismos convencionais da economia, e sua forma de propor a gestão dos serviços financeiros quebra consideravelmente, todos os paradigmas antes resistentes às mudanças tecnológicas.

A escassez de um NFT e o argumento de venda exclusiva, fazem do “objeto tokenizado”, uma atraente proposta para quem tem interesse na propriedade de algo único. Isso pode caracterizar, talvez, uma das próximas utilidades de valor que não reflete necessariamente possuir uma obra de arte ou uma casa virtual, mas, o valor intrínseco que esse mercado gerará a largos passos.

E depois, o que está por vir? Não tenho uma resposta para o momento. Apenas uma provocação para o público. Se existe uma promessa de exclusividade, de algo único que possa ser traduzido em um token totalmente adaptado para o contexto, que essa seja a grande chave para novos modelos de negócio emergirem com a utilização do ERC-721.

Esperar, talvez, o surgimento de NFT de outras blockchains compatíveis com o Ethereum, para que o depois, não continue no mesmo lugar, e que a descentralização prometida seja de fato concebida, a partir de diversas blockchains, alcançando seu melhor potencial.

E assim, o meme da Monalisa continua de boa, traduzida literalmente em bits.

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