Adriana Salles Gomes: upskilling e reskilling para 50+

Jorge Rocha
Mondo 50+
2 min readMay 23, 2023

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Adriana Salles Gomes é diretora editorial da revista HSM Management

No meio corporativo, muito se fala sobre o futuro do trabalho como uma composição equilibrada entre inovação e experiência. Mas como isso pode ser possível sem repensar a participação de profissionais acima de 45 anos no mundo do trabalho?

Adriana Salles Gomes: Olha, os relatos de etarismo são tantos e tão contundentes que tenho achado pouco efetivo brigar de frente contra isso; acho que precisamos combater pela porta dos fundos — ou então criaremos mais resistência ainda. As queixas que “justificam” o etarismo são de baixas skills digitais (procedem e não procedem, meio a meio) e sociais (de presença em rede social, procedem na maioria dos casos), dificuldade de convivência com chefes mais novos (isso procede também), conservadorismo, muita reclamação/questionamento, baixa energia (não consigo ter um feeling apurado sobre isso) etc O que eu chamo de combater pela porta dos fundos é olhar pro ponto de partida das duplas de inovação — mais jovem com mais experiente. Fazer isso primeiro como uma prestação de serviço externa da pessoa mais experiente e ir mostrando resultado. Precisa ter o “caso de uso”. Enfim, isso é algo que me ocorre. Responsabilidade social só é argumento até a página 2, sabemos como é. Agora, sinceramente, o etarismo não vai poder durar muito não; tem data pra acabar, com o envelhecimento populacional geral e com essa defasagem (triste) em capacitação profissional dos mais jovens.

Alcançar mais eficiência em resultados de negócios tem sido um elemento em comum entre grandes empresas em 2023. E lidar com eficiência tem a ver diretamente com organização e produtividade, duas palavras que podem gerar horas de debates. Como profissionais 50+ podem se reinventar/evoluir diante desse cenário?

Adriana Salles Gomes: Sabe que um dos principais temas em conselhos de administração é produtividade das pessoas (ou melhor a falta dela) junto com engajamento (a falta dele). Então, os 50+ têm de priorizar o assunto muito mais do que costumam fazer — muitas vezes inclusive priorizam só o upskilling (melhorarem no que já sabem) e não o reskilling (adquirir novas skills) e isso parece ser um erro. Eles têm de fazer upskilling e reskilling, e por conta própria quando a empresa não financia. Além disso, podem ganhar vantagem competitiva sobre profissionais de outras gerações no engajamento, assunto tão importante quanto. Acho que tem um caminho aí. Vale lembrar que conselhos de administração hoje são, na maioria ocupados por pessoas de cabelos grisalhos (pintados ou não). Pode haver uma simpatia natural se o pessoal mostrar mais serviço.

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