Pedro Rivas: diversidade de gerações na pauta de ESG

Jorge Rocha
Mondo 50+
3 min readMay 15, 2023

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Pedro Rivas coordena o Master ESG da ESPM

O que empresas e gestores preocupados em implementar uma agenda ESG — lucrativa em vários sentidos — podem fazer para realmente valorizar a diversidade de gerações, equacionando questões sociais e eficiência?

Pedro Rivas: Não é uma pergunta fácil de responder. Eu acho que aí tem um problema sistêmico. As organizações nem sempre estão trabalhando em prol do ser humano, em prol do desenvolvimento social, de um propósito. A gente pode colocar aí também nessa equação a dificuldade de analisar a diferença proporcional do cargo mais alto de uma organização para um cargo mais baixo, que é um dos aspectos de ESG. Nos relatórios de sustentabilidade, tem um indicador que fala sobre o cargo mais alto e a média geral da organização. Mas quando a gente está em uma sociedade onde existe uma distância, uma diferença proporcional maior entre a base e o topo da pirâmide dentro de uma organização, o que irá acontecer? Vai ter menos gente ganhando mais e mais gente ganhando menos e é lógico que um profissional que está começando tem mais disponibilidade para desenvolver aquele trabalho por menos. E aí a gente entra em outro questionamento que fala sobre eficiência e gestão de competências no trabalho. É a questão de conhecer a capacidade da liderança sobre de fato fazer um trabalho de gestão de competências, de fato conhecer e entender qual é o propósito das pessoas, de realmente entender qual é o fit daquelas pessoas com o trabalho. A gente vê muitas organizações que perdem profissionais e não demonstram o menor interesse de saber porquê aquela pessoa está saindo, nem tentam entender o que poderiam fazer para aquele profissional não sair. Na verdade, muitas vezes as empresas são zumbis, comandadas por uma governança ou conjunto de processos, mas onde existe pouca vida. Eu acredito que essa equação (entre o social e a eficiência) tem que ser integrada. São muitas possibilidades e eu não vejo uma solução específica. Mas há empresas e startups, organizações menores, que conseguem ter um controle maior sobre a cultura organizacional, conseguem ter mais organicidade nesses processos.

EXPERIÊNCIA E SUSTENTABILIDADE

O que um profissional 50+ deve ter em mente para ser efetivo em uma agenda ESG?

Pedro Rivas: Depende um pouco do tipo de profissional, do tipo de bagagem que ele tem nesse campo. De maneira geral, ele deve ter em mente que ele tem uma experiência, vida, vivência. E a gente vê que há experiência e conhecimento, há habilidade em lidar com e superar dificuldades e questões de inteligência emocional. A tendência é que a gente simplifique a vida, simplifique o trabalho, busque soluções mais sistêmicas que sejam positivas para nossa vida, para a sociedade, para o outro. Eu entendo que, depois dos 50, a gente passa a valorizar ainda mais as relações humanas. Tudo o que o ser humano vai desenvolvendo e aprendendo, isso vale para o trabalho, até porque é disso que estamos precisando. Eu estou aqui com o livro do Kotler que acabei de comprar, o Marketing 5.0: tecnologia para a humanidade. Nós estamos precisando disso: tecnologia para a humanidade. Estamos precisando de menos blá blá blá, de menos greenwashing, de menos envelopamento para a gente construir negócios que são pautados em um melhor convívio entre as pessoas, em uma melhor ética do cuidado.

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