Os Jornais Locais ainda são Importantes para os EUA
Mais que um ano antes do furacão Harvey ter entrado em Houston, o Texas Tribune mergulhou profundamente em como as mudanças climáticas e o crescimento não controlado criaram uma grande cidade vulnerável à devastação se a tempestade perfeita atingisse.
Em sua investigação, o Tribune explicou os fatores por trás da exposição perigosamente aumentada de Houston ao desastre de furacões. Nos dias em que Harvey inundou a cidade, arruinou casas e negócios e matou pelo menos 70 pessoas em seu caminho, o trabalho do Texas Tribune foi saudado como “estranhamente presdizente”.
Na verdade, foi o resultado natural do grande jornalismo por repórteres que conheceiam seus assuntos e comunidades bem e cobriam essas questões extensivamente.
Um dos repórteres do Tribune, Kiah Collier, explicou que ela e sua colega Neena Satija relataram extensivamente sobre o debate de Houston “sobre como criar algum tipo de sistema de proteção contra tempestades para bloquear a tempestade devastadora que acompanharia o furacão de Houston”. Quando Collier mudou-se para o Tribune do Houston Chronicle em 2015, Satija já estava conversando com a Pro Publica sobre o projeto e pulou a bordo.
Mesmo com reduções maciças e orçamentos apertados, esse tipo de reportagem está acontecendo em toda a América.
De lindas novas revistas a jornais antigos de cidade pequena, o jornalismo local ainda está lutando contra uma dura batalha financeira, mas fazendo um trabalho incrível.
Em Atlanta, o Bitter Southerner tornou-se um excelente relatório, redação e edição, envolvido em uma batalha contra estereótipos negativos sobre o sul americano. Em Fargo, Dakota do Norte, o jornal semanal alternativo High Plains Reader está investigando racismo e violência em um dos únicos estados da América sem uma lei de crimes de ódio. Em Oklahoma, o jornal on-line Oklahoma Watch escolhe um ou dois tópicos a cada ano que sua equipe de alto nível pode escavar em profundidade, com reportagens e insights consequentes.
O único jornal independente da cidade de Missoula — o Missoula Independent — foi comprado pela Lee Enterprises, a empresa com sede em Iowa que já possui quatro dos maiores jornais de Montana e vários estabelecimentos menores.
A imprensa encolhida de Montana é apenas um exemplo do que acontece com o jornalismo quando o motivo final é o lucro. Em um relatório no outono passado, pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, descobriram que, desde 2004, mais de um terço dos jornais norte-americanos foram vendidos pelo menos uma vez e que as maiores companhias jornalísticas continuam a comprar jornais e ganhar dinheiro.
No entanto, não está claro se os modelos sem fins lucrativos são melhores para servir ao bem público. Um novo relatório da Universidade de Nova York questiona se o jornalismo financiado por fundação está apenas criando mais relatórios para aqueles que já têm jornalismo — os ricos (desculpe, não uso a palavra “elite”, pois é quase sempre um nome pejorativo), quem vive em aglomerados urbanos da América, onde a mídia permanece relativamente forte.
Então o que você se pode fazer? A solução simples reside em você, querido leitor. Encontre um jornal importante para a sua vida e pague por ele. Claro e simples. Não é uma solução a longo prazo, mas precisamos que as pessoas parem de esperar que as notícias sejam as mesmas coisas que o ar e a luz solar — absolutamente grátis.
O editor da TIC, Chris Napolitano, diz que acha que existem maneiras de ajudar as pessoas a apoiar o jornalismo novamente, mas podemos estar além daqueles que assinam por reportagens. O que está à frente, ele sugere, é agregar valor, indo além das manchetes e notícias diárias.
Fonte: The Guardian
Billy D. Aldea-Martinez é consultor de Estratégia Digital e Monetização. Atualmente, é Chefe Comercial no Brasil pela Piano, e ajuda Publishers a lançarem novos produtos e modelos de negócios para aumentarem sua renda digital. Também atua como Board Advisor & Angel Investor para startups adtech & martech dentro do mercado publicitário, auxiliando-as a se lançarem em novos mercados pela América Latina.
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