[oitavo andar]
Toquei o botão errado do elevador. De propósito. Queria que ele me levasse para o oitavo andar. Mas não esse, outro.
O oitavo andar daquele botão mágico que eu apertava todas as noites, fechava os olhos e vivia de novo, por alguns segundos, todo o amor que chegava em mim e me invadia inteira.
Primeiro, segundo, terceiro… Escuto as risadas das crianças, vejo os olhos brilhantes do pai delas, sinto a mão dele apertar a minha.
Quarto, quinto… Nas ruelas da cidade-luz, corremos. O vento despenteia meus cabelos, chupamos pirulitos e jogamos fliperama.
Sexto, sétimo… As garrafas de vinho e as pequenas velas, os amigos incríveis, as boas conversas, os beijos. A noite fresca faz esvoaçar o vestido e me envolve enquanto caminho de volta pra casa, feliz.
Abro os olhos, a placa anuncia: oitavo andar. Mas não esse, outro.
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