Quando eu resolvi me agradar

Thayse Lopes
a panaceia
Published in
3 min readMay 22, 2017

Acima está um post que fiz no meu Facebook. Foi por causa dessa conversa com minha psicanalista que resolvi me observar e foi então que percebi como várias vezes me deixo de lado para agradar o outro. Não que eu me ame menos, nada disso. Apenas coloco o outro num altar de adoração e o adoro e esqueço de mim, muitas vezes. Me agradar era um fardo, mas quando eu resolvi me agradar, as coisas mudaram.

Foi durante uma sessão com minha psicanalista que comecei a me questionar o que fazia eu ser tão acessível, mesmo para quem não me oferecia nenhuma reciprocidade. De lá pra cá, lembrei de várias vezes em que deixei de fazer por mim para fazer pelo outro. Minhas relações normalmente são baseadas em uma uma pessoa sempre disponível (no caso, eu) e outras pessoas comuns que não estão à disposição o tempo todo. Por causa disso, as pessoas que estão do outro lado, sentem-se confortáveis em me procurar a qualquer hora, a me pedir qualquer coisa (mesmo que isso me custe) porque elas sabem que eu não nego suporte. Elas sabem também que me sinto até feliz muitas vezes em ajudar, porém elas não sabem como me sinto sugada em tantas outras situações. Talvez por estar sempre tão disponível, nosso valor diminui na visão do outro.

Eu sempre aprendi que servir era uma qualidade e ainda acho que seja mesmo. Servir no sentido de se doar e fazer algo pelo próximo. Porém, quando o servir ao próximo é sempre mais importante do que servir a si mesmo, aí alguma coisa está errada. E eu não falo no servir em trabalho voluntário e sim em suas relações, falo em se agradar primeiro ao invés do seu parceiro.

Dentro de tudo isso, ainda me vi como a pessoa que raramente investe em si. O investimento em mim é julgado desnecessário, mas quando é por outro, é tudo bem porque, afinal, o outro precisa. Como se eu também não precisasse. Esse ciclo inclui investimento em tempo, dinheiro, sentimentos. Quando é pra mim, parece que não vale tanto à pena, mas quando é pro outro, aí tudo bem porque o fulano merece. Isso virou tão natural que eu fazia sempre e ficava até confortável com isso, mas sempre vinha uma sensação de auto desprezo, uma sensação de que todo mundo avançava e evoluía e eu sempre ficava pra trás.

Sempre custou muito caro e pesado investir em mim. Sempre me questionei 10 mil vezes antes de comprar um roupa pra mim, antes de pagar algo pra mim, antes de tirar um tempo para mim, mas nunca questiono quando é para fazer isso por outras pessoas. Eu não sei porque isso virou um hábito, mas eu sei que nunca me fez bem. Perceber que eu não comprei o bolo que eu queria quando queria, mas comprei o mesmo bolo pra alguém quando eu nem tinha grana para isso me deixou assustada. Assustei-me com a quantidade de vezes que deixei de lado meus gostos para priorizar o do outro e como isso se tornou comum nos casinhos, nos namoros, nas amizades, nas relações mais sem vínculo.

Não sei se por uma necessidade intensa de agradar, não sei se por carência, não sei por qual motivo faço tão pouco por mim e mais pelo outro, mas soube como isso não é sadio. Priorizar-se não configura egoísmo, mas sim amar-se. Viver para si também quer dizer cuidar-se.

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