Tanto (a)mar
Semana passada, Helena esteve com Pedro. Dias depois, ela foi à praia. Duas coisas que a fazem muito feliz. Uma desde de que se entende por gente e outra desde que reconhece por mulher adulta. Mas Helena não mora na praia e nem em Pedro. Quando vive um ou outro, nunca sabe se terá outra oportunidade, então fica o máximo que puder neles: até enrugar a pele ou o sol nascer e ela voltar pra casa. Quando Helena sai do estado-de-mar ou do estado-de-Pedro e retorna à vida real, encontra areia na sola do chinelo, conchinha na mochila e lembranças nas músicas. Assim a felicidade não espaça tanto. Sim, foi tudo verdade. Tem vezes que a memória vem forte e consegue até sentir os cheiros. Sente vontade de descer a serra, as escadas do prédio, voltar para o mar e para o homem, porque dessas duas coisas Helena não enjoa nem se passar uma vida todinha dentro. Então ela deixa a areia ficar no quarto e aquela música também. Assim ela tem um pedacinho de praia e de Pedro, mesmo quando não está neles.
