Por que eu fui empreender? [parte 1/∞]

Marina Montenegro
Mooca
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3 min readNov 7, 2018

Eu nunca tive carteira de trabalho. Não se engane ao achar que foi uma escolha. Na verdade tá mais pra uma escolha intuitiva. E não espere uma resposta pronta ao final desse texto. Sinto desapontá-lx. Mas por enquanto vamos voltar ao momento em que decidi empreender.

Empreender nunca foi uma palavra muito presente na minha vida. Mas apesar disso, comecei a empreender desde os 13 anos de idade quando vendia bijuterias no colégio. Apesar de ter vendido bem, as miçangas não me encantavam mais e fui buscar outra paixão. Essa demorou sete anos pra chegar. Foi na faculdade de design que descobri que eu gostava mesmo do diferente. Sempre. Fazer coisas iguais aos outros nunca me agradou. Pelo contrário, me irritava. E talvez tenha sido por isso que embarquei numa nova tentativa de empreender.

“O mundo está nas suas mãos.” São muitas mãos que estão em jogo né?!

Na faculdade não lembro de ter tido aulas ou professores falando sobre empreender. Talvez a palavra não era tendência na época. Sem emprego fixo depois que formei, um amigo e eu decidimos nos candidatar para participar da incubadora de empresas da UEMG em parceria com o Sebrae. Foram nove meses de escritório de design, diversos planos de ser O melhor escritório de design do mundo — BH era pouco e a utopia era muita - e muita diversão ao longo processo. Mas a falta de maturidade e a pouca experiência de mercado nos fez — eu e meu sócio, Francis — parar e refletir que talvez aquele não fosse o momento.

Mais 7 anos depois da segunda tentativa, muitos cursos livres, muita terapia, um intercâmbio na Europa (beijo Barna, beijo Berlim), uma passagem pelo Sebrae como consultora de inovação e eis que a Mooca surge. Um convite (irrecusável) de trabalhar com criativos fazendo o que ~ eu gosto ~ na hora que eu quero ~ lidando com gente incrível. AND um pequeno detalhe, eu não tinha perspectiva de emprego. Ou seja, uma conjuntura maravilhosa do universo, que alguns chamam de retorno de Saturno.

Viver na praia vendendo a minha arte ainda não é uma opção

Mas o engraçado é que o termo empreendedorismo continuava não fazendo parte do meu dicionário particular até o momento em que eu já estava assinando contrato de sociedade de uma empresa que estava em meu nome. Agora eu tinha CNPJ próprio e podia falar “mil contra” igual aos meus antigos clientes do Sebrae. Virei adulta.

A minha caminhada empreendedora desde 2015 tem sido um divisor de águas na minha vida. Engana-se quem pensa que é fácil, que você só vai trabalhar com o que gosta, que você vai trabalhar menos. Tudo isso são estereótipos que a sociedade criou e temos que parar de pensar assim. Mas ainda assim, ter a liberdade de escolher com o que você trabalha e mais ainda, esse trabalho ter um impacto positivo na vida de outras pessoas, é gratificante.

Perguntei a minha família porque eles achavam que eu fui empreender. Minha irmã disse que é porque sou uma pessoa inquieta e curiosa, e gostaria de ver meu trabalho transformando algo. Já meus pais me escreveram um texto lindo falando de empreendedorismo e como eu sou uma pessoa que gosta de gente e me lido bem com elas. Mas a verdade é que fui empreender por todas essas questões levantadas e muitas outras que estou descobrindo ao longo dessa jornada empreendedora árdua, mas gratificante.

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Marina Montenegro
Mooca
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Head de produtos de educação no CoolHow e frito muito nas horas vagas. Muitos dos textos aqui são fruto dessa fritação diária.