Broxável ou imbroxável, eis a cuestão.

Renata Kotscho
Mortas Vivas
Published in
5 min readFeb 5, 2021

(Olha, eu estou tão revoltz que nem ia escrever essa live, mas vamos assim mesmo na força do ódio, que é o que temos pra hoje.)

A semana começou péssima: foi barba cabelo e bigode para o Bozocida nas eleições do “Parlamento”, como ele gosta de chamar aquele circo.

Na Câmara ganhou uma espécie tinhosa de câncer de pâncreas chamada Arthur Lira (aqueles tipinhos que agridem mulher e roubam de baciada. O lado bom é que ele não está na linha sucessória da presidência por que é ficha suja, réu em dois processos por corrupção no STF).

Ueba!

Mas o centrão voltou e rolou a maior Corongafest estranha com gente esquisita na nossa estimada capital federal. Até Joycinha Hasselmann deu as caras. Foi uma espécie de Baile da Ilha Fiscal com sérias restrições orçamentárias.

E Arthurzinho já chegou colocando a caneta em cima da mesa e riscou toda a mesa diretora. Trairagem braba para cima dos “partidos de oposição”, dizem. (essa parte achei bem feito).

Bom, mas sem mais delongas vamos à morta desta semana que trouxe um convidado de honra, o presidente da Anvisa, Almirante Barra Torres.

O único de máscara, o médico Barra Torres estava ali para ouvir Bozocida comentar as notícias da semana e responder as perguntas do jornalismo isento dos pingos nos iis.

A lata de leite condensado tamanho família na mesa, segundo PR “É para o pessoal da imprensa que publica fake news ficar mais a vontade” (na semana passada Jair havia dito que “as latas de leite condensado são para enfiar no rabo da imprensa”). O tubo de desodorante Avanço saiu de cena nesta semana.

A morta começou com 1 hora de atraso porque o PR estava em Cascavel onde foi inaugurar um centro de treinamento esportivo. Lá demonstrou a pujança do seu perfil de atleta e (segundo ele), correu 100 metros rasos em 13 segundos. (Vou deixar o registro junto com a imagem do Chanchelento posando de 007 para G Magazine Fascista e vocês por favor votem no peitoral mais sexy). U-lá-lá.

Bozocida fez então uma nota de pesar pelo falecimento de Regina Hang, mãe do Véio da Havan (sem, claro, mencionar que foi de covid, ou seria, com covid?).

E antes de passar a palavra ao Almirante, passa um pito na claque que está atrás das câmeras “Pessoal para de falar, ou quem quiser falar, some da sala” (ui*)

O presidente da Anvisa já começa pendurado no escroto: “Quero em primeiro lugar agradecer as manifestações de apoio do presidente e de confiança no nosso trabalho”.

E responde então uma série de cuestões dos pingos nos iis, que tem basicamente como objetivo colocar uma pulguinha atrás da orelha em relação às vacinas. Perguntaram se a aprovação não foi muito rápida, qual o limite da desburocratização, quais os grupos não devem tomar vacinas, quais as contraindicações, essas coisas.

Barros achou todas as perguntas “ótimas ou excelentes”.

(Mas Barros estava ali para outra coisa. Pra mostrar que está tudo dominado. Fiquem tranquilos que está chegando a vacina do Centrão! Seus problemas acabaro. Um oferecimento da União Química e da Sputnik, a vacina Russa. Coincidentemente, o Senado aprovou hoje uma MP que agiliza autorização emergencial para uso de vacinas, incluindo como agência reguladora o Ministério da Saúde da Rússia e a agência da Argentina, ambos ligados à Sputnik. E vocês não vão acreditar na sorte: ontem a Anvisa tirou a exigência de testes clínicos no Brasil, um último entrave para a vacina Russa no país. Coincidência também, a fábrica que irá produzir a Sputnik fica no DF e é ligada a diversos políticos. Mas fiquem tranquilos que ninguém vai desviar nada, superfaturar nada, roubar nada.)

Bom, voltando…

Jair dá um intervalo na cuestão da pandemia para falar com “os nossos irmãos caminhoneiros”. Avisa que chamou todo mundo amanhã para uma reunião: o presidente da Petrobras, o Paulo Guedes, o Ministro Tarcísio. A Pauta? O preço do diesel.

Segundo Jair “ninguém está interferindo na Petrobras” (çei) “mas não podemos mais ficar a vida toda vivendo sem previsibilidade”…”Não posso pegar uma carga aqui e no meio da viagem aumentar o preço do combustível tornando o frete inviável”. (çei…a ideia aqui é no mínimo jogar essa treta no colo dos estados cobrando ICMS na origem)

Em seguida engata a falar dos outros assuntinhos que atrapalham o prazer de dirigir: pedágio e radares.

Sobre pedágios ele diz “o pessoal quer colocar pedágio no filé mignon, mas eu já falei que não vão ter novas praças de pedágio na Dutra e vai haver redução de tarifas”.

Sobre radares “o motorista fica muito mais preocupado em olhar se tem radar no barranco do que nas sinuosidades da pista”. Não é? Pergunta ao médico da Anvisa, que responde, “É verdade”.

E aí vem o momento (anti)ciência freestyle, em que o PR defende o uso ófileibol da Cloroquina “se não faz mal por que não usar?”…”se não causa arritmia por que não usar?

E sim, ele falou de novo da lenda da água de coco na veia “que salvou muitas vidas na Guerra do Pacífico”. E o Almirante-médico da Anvisa balança a cabeça concordando com essa bizarrice também.

Bozocida defende o “tratamento precoce que foi muito politizado”…”Quer que faça o quê? Que fique em casa esperando ter falta de ar para ir para o hospital?”…”Como dizia aquele garoto propaganda da Globo, o senhor Mandetta?”…”Ir para o hospital para quê, se não tem remédio? Pra ser entubado? Eu não sei o percentual de mortos entre as pessoas entubadas, alguém sabe aê?”…”Pra que correr esse risco?” (Né? Se cuidem, fiquem em casa!)

E complementa “Alguns vem com zombação e me chamam de Capitão Cloroquina, deixa de ser otário, cara!”…

Então admite ”Pode ser que lá na frente falem que a chance é zero, que era um placebo. Tudo bem, me desculpa, tchau, pelo menos eu não matei ninguém” (Tá certo então)

E aí começa a falar das maravilhas do seu governo que acabou com a corrupissão (acabou com a Lava Jato também, souberam?) e como os “grupos de interesse” querem derrubá-lo por isso “hoje eu até falei um palavrão numa reunião, desculpa, mas falei: fiquem tranquilos que nessa área eu sou imbroxável”…e ressalta “na outra área também, tá?” (Já Micheque andou dizendo por aí que gostaria que o maridão tivesse mais disposição em casa).

E por fim aquele momento broderáge que não pode faltar nas mortas.

O Almirante revela que irá tomar vacina:

- Quando estiver disponível estarei lá no posto de saúde para tomar a vacina.

- Você vai tomar a vacina? Indaga Bozocida

- Eu vou, claro! Responde o Almirante confiante.

- Eu vou te acompanhar…(?)…vou ver você ser vacinado, vou ser testemunha. Afaga o broder.

- Muito bom presidente. Já é um caminho. Responde o Almirante com jeito de quem aceita migalhas dormidas do pão do capita.

E então vem o bote:

- Você me permite vacinar você? Na minha instrução militar eu já vacinei alguns colegas de turma. Revela Jair, com uma piscadela marota.

Se é truco o Almirante pede 6

- Vai ter uma moeda de troca? Quero saber se o senhor está disposto. Se é recíproco? (ui*)

Jair faz o Baloubet de Rouet e refuga:

- Sem contrapartida aê.

(Glória a Deux! Broxável ou imbroxável, lavem o pibão)

--

--

Renata Kotscho
Mortas Vivas

Médica formada pela UNICAMP, especializada em Medicina Estética pela American Board of Aesthetic Medicine