Técnicas Super Aproximadas do Karate de Okinawa

Motobu Naoki
Motobu-ryu Blog
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3 min readAug 11, 2023

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Traduzido por Lucas Barboza

Tetsuji Satō​ Sensei publicou recentemente um novo livro intitulado “Técnicas Super Aproximadas do Karate de Okinawa: Decifrando o Naihanchi do Shuri-te e do Tomari-te da G​ō​jū-ryū.” Além disso, ele publicou também um DVD de Karate outro dia. Na realidade, eu contribuí com ele fornecendo-lhe algumas fotografias e recebi o livro algum tempo depois. Nesse artigo, eu gostaria então de apresentar esse livro à vocês, pois certamente é uma ótima aquisição.

As “Técnicas Super Aproximadas” descritas no título do livro se referem às técnicas que foram baseadas nos distanciamentos originais do Karate. Frequentemente costuma-se dizer que no Shuri-te ataca-se de uma distância mais afastada enquanto que no Naha-te ataca-se de uma distância mais aproximada. No entanto, essas reivindicações surgiram somente na era moderna, principalmente após a Segunda Guerra Mundial. Satō Sensei questiona se de fato tal distinção realmente existia originalmente entre o Shuri-te, Naha-te e Tomari-te.

O distanciamento mais próximo pode ser definido como “a distância em que você consegue agarrar o oponente” enquanto que o distanciamento mais afastado como “a distância em que você não consegue agarrar o oponente”. No entanto, mesmo que você ataque de um distanciamento mais afastado, seu soco não será capaz de atingir o oponente a não ser que você salte e se aproxime do mesmo. Em outras palavras, nos tempos modernos, seja no Shuri-te ou no Naha-te, o distanciamento é basicamente considerado o espaçamento à partir do qual um soco (especialmente um Seiken-zuki), atinge o oponente.

O que Satō Sensei chama de “super aproximada” é uma distância a qual vai mais além e próxima do oponente do que esse distanciamento. À partir dessa perspectiva de “super aproximada”, a discussão abrangeu o Shuri-te, o Tomari-te e Naha-te, e considerou especificamente as técnicas incluídas nos Kata tais como: Naihanchi, Saifā, Sēyunchin, Rōhai e Kururunfa. Satō Sensei estudou G​ō​jū-ryū Kenpō com Yoshio Kuba, como também Shuri-te e Tomari-te com o discípulo principal de Kuba, Takahiro Shinjō.

O que achei particularmente interessante foi o Meotode (mãos casadas) da G​ō​jū-ryū. No G​ō​jū-ryū Kenpō que Satō Sensei estudou, o Meotode no qual uma das mãos se encontra aberta e voltada para o oponente foi transmitido para os praticantes mais avançados. Porém nesse caso, a mão aberta não fica posicionada abaixo da axila ou na cintura como podemos observar comumente nas técnicas de puxar o braço (hikite), mas sim ao redor do plexo solar (mizo’ochi). De fato, Chōjun Miyagi Sensei utilizava essa postura, como foi apresentado nos últimos artigos.

Além da foto acima, havia outras fotos de Miyagi Sensei “super aproximado” de seu oponente à fim de executar seu golpe de cotovelo, como também técnicas de tuitī. Assim, podemos constatar através dessas fotos que o conteúdo do livro de Satō Sensei não foi meramente imaginado, mas sim transmitido pela tradição oral.

Apenas recentemente as fotos de Kumite de Miyagi Sensei foram divulgadas nos fóruns, contudo se você possuir a oportunidade de ler o livro de Satō Sensei, penso que será capaz de compreendê-las ainda melhor. Comparando ambos, certamente entenderá do que se trata enfaticamente os distanciamentos originais do Karate, que fatidicamente foram esquecidos na era moderna.

O artigo original em japonês foi escrito em 24 de outubro de 2020 na Ameblo, e a tradução em português foi escrita em 10 de novembro de 2020.

Obrigado por ler minha história. Se quiser, siga-me.

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Shihan, Motobu Kenpō 7th dan, Motobu Udundī 7th dan. Discusses the history of karate and martial arts, and introduces Japanese culture and history.