Uma Jornada de Transição
O que te faz sentir vivo? Essa é uma daquelas perguntas que você não consegue responder de cara e, de certa forma, te inquieta. Estar vivo é acordar cedo, trabalhar, ir para academia, ver um filme, dormir e tomar umas cervejas no final de semana? Para mim estar vivo tinha que ir além disso e, como muitos da minha geração, sentia que minha vida era carente de propósito e significado. Após 10 anos trabalhando em empresas, negócios, consultorias, eventos e startups, decidi que era hora de parar e construir uma nova jornada, que naquele momento não sabia aonde iria me levar.
O início dessa jornada não aconteceu da noite para o dia. 2016 foi um ano que busquei fugir do comum. Investi em cursos, livros que pudessem aumentar meu repertório e minha visão de mundo e novos projetos onde eu pudesse colocar cada vez mais meu coração. Foi assim que tive contato com futuristas, designers, economistas e tudo quanto é conhecimento que mexe com o que acreditamos e decidi que era hora de mudar e alçar novos voos.
E assim me juntei a Marcelle, que também vivenciava essa transição e, com apoio de outras pessoas, criamos o Love Hacking, um espaço para repensar nosso mundo pela ótica do amor. Para mim, um tema espinhoso que a Marcelle tira de letra. Fizemos textos, vídeos, experiências e começamos a criar esse projeto, sem saber muito ao certo no que ia dar, mas sabendo que seria um processo transformador, e resolvemos entrar de cabeça nessa transição.
Foi aí que numa dessas noites de insônia, naquele calor típico de BH, que junto com aquela preocupação e angústia me fizeram tomar uma decisão.Comprei minha passagem para Lisboa, mesmo sem dinheiro suficiente, sem roteiro nem lugar para ficar, a única certeza era a companhia da Marcelle. Fui com a cara e a coragem na esperança de me achar e de achar amor por esse mundo.
De agosto a dezembro foram 6 países, muitas cidades, pouco conforto mas muitas boas experiências. Conhecemos pessoas que nos acolheram e dividiram conosco suas histórias, seus desejos por um mundo mais justo e com mais significado. Conheci empreendedores da Colômbia, Siri Lanka, Estônia no Web Summit, o maior evento de empreendedorismo Europeu. Na Grécia soube mais sobre crise que o país atravessa conversando com pessoas que se dedicam a mudar o país com as próprias mãos. Aprendi a negociar com os turcos e a alugar um quarto com um croata que não falava inglês. Me conectei com pessoas incríveis em Barcelona, participei do maior festival de economia colaborativa em língua espanhola, o Oui Share Fest, e comi as melhores paellas.
E a Marcelle me ensinou que o contrário de amor é o medo, e busquei abandonar meus medos e a necessidade de controle. Aprendi que conexão é tudo, e que se não estamos conectados com nossa essência dificilmente nos conectamos com os outros e com o mundo.
Vi que tem muita coisa legal sendo feita na Europa, mas que temos acesso às mesmas ferramentas e que se quisermos podemos construir coisas incríveis por aqui também. Essa imersão foi só uma parte do processo de aprendizado, que já dura mais de 1 ano, e que agora começa a tomar forma em projetos que levam essa transição que acredito ser necessária.
Nosso movimento experimental tomou corpo e agora temos uma jornada concreta de como acelerar a transição para novos modelos culturais e econômicos. Eu e a Marcelle criamos o Ímpar e desenhamos uma jornada para design de projetos de transição, no qual engajamos pessoas e empresas que, como a gente, entenderam que é chegada a hora de transformar a experiência de estar vivo e do papel da humanidade no planeta. Me juntei também ao time da Permuto, uma startup que repensa o modo com consumimos e quer construir uma economia baseada em trocas.
Essa jornada não foi só minha, ou da Marcelle, ela engloba todo mundo que como eu queira repensar o que é estar vivo e o nosso papel na transição desse planeta. O porquê e como vamos já sabemos, mas para onde será sempre uma surpresa. O que eu tenho é a certeza de que vai ser ótimo!