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Boas práticas para amadurecer a etapa de entendimento de um produto digital

Um guia sobre a primeira etapa de uma funcionalidade — da sua idealização até a construção do planejamento de entrega.

Published in
4 min readJun 29, 2023

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Um dos maiores desafios na consolidação de um produto digital é fazer as suas engrenagens operarem simultânea e assertivamente com todos os times envolvidos. É como uma sinfonia, onde cada instrumentista necessita estar bem alinhado de quando e como atuar para fazer a experiência do ouvinte ser a mais profunda e imersiva possível. E é o direcionamento do maestro que faz com que todos os sons se encaixem numa só sinfonia. Vamos considerar que essa sinfonia é uma funcionalidade e o maestro, lideranças que corroboram com a gestão do produto.

Na organização dessas frentes, contudo, muitas vezes é encarada uma realidade turbulenta e nada simples. Um bom líder deve, antes de tudo, ser alguém que consiga se adaptar a não normalidade. Falta de recursos, processos despadronizados, repriorizações, tudo isso podem ser encarados como possíveis obstáculos para a criação de um bom produto. Porém, angulando a perspectiva, é possível também encarar como oportunidades.

Nesse sentido, colocarei como foco neste texto aspectos processuais de produto, trazendo boas práticas para a sua primeira etapa: o entendimento de uma funcionalidade (o que chamamos de download) com a criação da sua proposta de solução. Em outro momento será falado sobre as etapas de implementação, homologação e publicação.

Nesse contexto, a primeira etapa se inicia com uma priorização de negócio, que aprova funcionalidades que se encaixa nos drivers estratégicos da companhia. Assim é iniciado o download. Normalmente esse entendimento acontece através de um detalhamento do que se sabe sobre o tema, onde são apresentados pelos principais stakeholders contextualizações, dados e dúvidas. Após essa etapa, é entendida as principais questões relacionadas ao tema e então levantada hipóteses de solução que serão priorizadas. A hipótese com maior priorização terá sua experiência detalhada para então haver o recorte do que será o MVP e o que será incremento.

  • Antes do download, é importante já ter mapeada algumas das principais dúvidas sobre o tema. Para isso, recomenda-se utilizar entre as frentes organizadoras a matriz de CSD (Certeza, Suposições e Dúvidas) para ganhar essa visibilidade e aprofundar o processo imersivo. Além disso, é muito importante entender quem são as pessoas chaves para o download e convidá-las com com o máximo de antecedência possível. Quanto mais tempo para elas se prepararem, melhor será o material apresentado.
  • Alguns métodos podem facilitar o processo de priorização de hipóteses de solução. Um dos mais funcionais é a matriz de Esforço x Impacto, onde são avaliados conjuntamente o quanto de esforço os times terão para implementar determinada proposta e o impacto que isso fomentará (se possível, conectar aos key results).
  • O detalhamento da experiência normalmente é feito através do User Story Mapping (USM). Vale muito a pena pesquisar e entender melhor sobre essa metodologia!
  • É muito importante a presença do time executor (técnicos e designers) para esses momentos de download, pois neles serão colocados fatores limitantes que poderão impedir a continuidade de determinada hipótese, além de deixar mais claro como ela poderia ser.
  • É muito importante que esteja bem claro o objetivo de cada frente na organização do download. A imagem a seguir traz uma sugestão de como dividir essas atividades.
Atividades de cada frente na organização do Download (imagem retirada da Igma)

Após o download, é o momento em que os times técnicos se reunem para fazer um detalhamento da arquitetura de solução. Nesse momento, são mapeadas tudo o que será necessário implementar, junto com as dependências e os esforço. Com esse plano validado entre todas as frentes, então é construído um planejamento integrado, onde as lideranças dos times envolvidos colocam as atividades decupadas pelo time técnico, seus sequenciamentos e os esforços e possíveis prazos de entrega. Com a validação positiva dos sponsors, se dá sequencia as próximas etapas de desenvolvimento.

  • É extremamente importante que todas as frentes envolvidas participem desse plano, até as com menor grau de envolvimento.
  • Tanto o plano de arquitetura quanto o planejamento integrado devem estar documentado e acessível para todos os envolvidos.
  • É muito importante que durante o planejamento integrado seja considerado uma estimativa do tempo necessário para homologação. Para isso, é importante se ter já uma perspectiva de cenários que serão homologados e suas complexidades. Com mais histórico e estatística, é possível cada vez mais ter estimativas assertivas.

Nota-se que essa etapa inicial onde ainda está se amadurecendo uma determinada funcionalidade requer bastante versatilidade. O que define o sucesso desse processo não é segui-lo a risca, mas saber como se adaptar aos inúmeros cenários que vão surgir durante ele. Ninguém deve se prender a não errar, já que os erros são parte essencial do processo de aprendizado. Porém, eles devem ser feitos de maneira rápida e barata, centralizando sempre o entendimento do que poderia ter sido melhor para evitar que aconteçam novamente.

Lembre-se: um produto digital é um organismo vivo e por isso, seus processos devem sempre estar sendo revisitados e melhorados.

E aí, curtiram? :)
Me falem aqui nos comentários quais são as maiores dificuldades que vocês veem nos processos de criação de produtos digitais.

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