O valor do Big Data na construção civil
Como a MRV construiu uma jornada de prospecção de dados a partir da transformação digital nos canteiros de obras
Eu sempre gostei de frases que nos motivam e nos inspiram e uma delas “a jornada é mais valiosa do que o seu destino” soou como música para meus ouvidos. Cantada como um dos mantras no processo de Design Thinking, nunca imaginaria que aquele primeiro dia num canteiro de obras seria tão necessário para entender o valor da transformação digital em meio a uma Odisséia analógica.
Poucas vezes nós nos lembramos que os sonhos construídos pela MRV & CO começam com os pés no chão, bem assentados com algumas toneladas de concreto, aço e muito trabalho de sol a sol. Há alguns anos a gestão no canteiro de obra era feita na intuição, papel e caneta. Mesmo com estes registros, todo histórico da execução dos serviços, insumos utilizados e as vistorias de qualidade acabavam devorados pelo esquecimento no fundo de alguma gaveta.
Esta informação, até então considerada simples burocracia, era valiosa demais para permanecer no limbo. Com ela seria possível prever quando as moradias de nossos futuros clientes seriam entregues, quais itens na qualidade de execução precisariam ser melhorados e por consequência, quantos atendimentos de assistência técnica para correções seriam evitados. Assim começou nossa Jornada de Big Data: A partir da digitalização de várias etapas de produção, passando pela compra de materiais de construção, execução de serviços e vistorias de qualidade, permitindo realizar o monitoramento e análise correta dos dados coletados.
A obra é um organismo vivo e caótico num nível pouco amistoso para as áreas de negócio que adoram ter controle e previsibilidade ao longo da sua execução. Ser capaz de acompanhar quem faz, quando faz e quanto faz (que chamo carinhosamente de 3Q’s) dentro de tantos micros processos, estabelece que o engenheiro precisa ser capaz de realizar os doze trabalhos do Hércules TODOS OS DIAS! A informação gira numa velocidade muito maior do que as pessoas são capazes de registrar e acompanhar.
Após realizar o processo de entendimento de um produto digital, foi possível amarrar a realidade da obra em uma jornada integrada em que nossas aplicações se tornam uma ponte entre o caos ululante e a perfeição de um conjunto de análises e indicadores estratégicos.
O trabalho em conjunto do time de Inovação e o de Produtos Digitais diretamente com as obras, garantiu que a experiência de uso das ferramentas de coleta de dados fizesse sentido para quem está na linha de frente, se adequando à rotina diária. Em paralelo foi realizado um trabalho de mudança de cultura, fazendo com que pessoas que estão acostumadas a rabiscar informações desencontradas numa planilha de papel entendam o valor de quando elas são organizadas e trabalhadas em conjunto. Atualmente com uso do Big Data é possível simular cenários que mostram como reduzir tempo, custo e aumentar substancialmente a capacidade de produção.
Colocando em números, imagine se estes dados permitirem uma economia de R$1.000,00 por unidade habitacional construída? Em uma empresa do porte da MRV significa redução na alocação de recursos na casa dos milhões de reais.
Buscar por estes dados é como abrir uma Caixa de Pandora; depois libertados todos os males que estavam escondidos, lá no fundo há a esperança. Com auxílio do Big Data aliado a produtos digitais desenhados com foco no usuário é possível que com simplicidade e eficiência sejamos capazes de criar soluções cada vez mais valiosas.
