Por que os seus pacotes internacionais ficam presos em Curitiba?
Não sei você, mas eu sempre tive essa dúvida. E depois que vi os números, resolvi investigar.
Se você algum dia já comprou algo da China já deve ter percebido que a maior parte do tempo de transporte é gasta em Curitiba. E se você é minimamente curioso, também deve saber que muitos pacotes ficam presos lá, esperando passar por todo o processo de imigração. Mas você já se perguntou por que esse processo acontece na cidade da capivara?
Depois do lançamento do Presos Em Curitiba — onde você pode enviar uma marmitinha ou um cigarrinho para ajudar o seu pacote a passar por essa fase difícil — , eu resolvi investigar. E agora vou compartilhar tudo por aqui com vocês!
Vamos começar pelo básico:
Todas as encomendas precisam passar por algum Centro de Tratamento Internacional (CEINT), e existem 3 CEINTs no Brasil. Eles ficam nas cidades de Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo.
O critério que designa quais encomendas vão para quais centros é simples, e depende de 3 variáveis: peso, tipo de envio e meio de transporte até o Brasil.
Se o seu pacote for enviado por modo expresso (leia-se por transportadoras como DHL, Fedex ou qualquer outra que promete entrega rápida) e possui entre 2kg e 30kg, o seu pacote chegará ao país pelo CEINT do Rio de Janeiro.
O centro de São Paulo recebe as encomendas não-urgentes de até 30kg que chegam ao país via marítima (alô porto de Santos). Também é o centro que envia todas as encomendas internacionais que saem do Brasil.
Já Curitiba recebe todos as pequenas encomendas postais urgentes e não urgentes (etiquetas que começam com código “L” e “R”, respectivamente) de até 2kg, além das pequenas encomendas sem rastreamento (remessas simples).
E aí, entendeu porque a maioria dos pacotes param em Curitiba? Resumindo, se você comprou na China (ou em qualquer outro país) algo de menos de US$50 que é pequeno e escolheu o frete mais barato possível, o seu pacote passará por lá.
Aliás, se você quer ver um pouco mais do que acontece lá em Curitiba, a Gazeta do Povo mostrou da rotina do CEINT lá em 2014, ano que foi auge da importação. É bem curtinho e mostra um pouco da rotina da galera:
Depois de ir para o CEINT certo, os pacotes passam pelo mesmo processo que a gente passa quando volta para o Brasil depois de uma viagem internacional: imigração primeiro e passagem pela alfândega depois. O "check in" do pacote no CEINT é como se fosse a imigração, e o processo de verificar se o pacote está dentro da cota permitida, se pode entrar no país (armas de fogo e alguns alimentos são proibidos, por exemplo), se as documentações estão corretas e tudo mais é a passagem pela alfândega.
Até aí tudo bem, mas porque esse processo demora tanto? Vamos voltar para a comparação da viagem internacional. Se você já fez uma viagem assim deve ter reparado que, na parte da alfândega, existem duas filas: a fila de pessoas com bens a serem declarados e a fila de pessoas com nada a declarar. Aí, sabendo de todas as regras, você escolhe por onde deve ir.
No caso dos pacotes não é bem assim, já que eles não falam e nem tem poder de decisão para escolher entre uma fila e outra. Resultado: vai todo mundo para a fila de "bens a declarar". E é aí que está a demora.
Todo pacote tem que ser checado um a um para saber se estão dentro das normas e se devem ou não ser taxados. Somente parte desse processo é automatizado, sendo que a outra parte é feita manualmente.
Como o volume de pacotes que passa por Curitiba é imenso, tudo fica mais lento. Já para os pacotinhos que vão para o CEINT do Rio ou de Sampa tem mais sorte: como o volume de lá é bem menor, a espera também diminui.
Depois de passarem por essas duas etapas o negócio fica mais fácil: o processo de envio e distribuição dos pacotes para os locais certos é bem mais automatizado do que o de importação. Aí é só felicidade até o seu pacotinho chegar ao seu destino!
Mas e se o meu pacote ficar parado por muito tempo em Curitiba, o que eu devo fazer?
Aí você tem duas opções: a primeira é abrir um Pedido de Informação (PI), onde você deve informar o código de rastreio do seu pacote. A segunda é ligar nos telefones 3003–0100 (para capitais) ou 0800–725–7282 (para interior).
E aí, o que achou de saber mais sobre esse processo? Fez sentido?
