A terceira onda do COVID e o segundo confinamento em Portugal

Patricia Balderrama
Mudamento
Published in
4 min readJan 19, 2021

Estamos na segunda metade do mês de Janeiro de 2021, vivendo a terceira onda de contágio do COVID-19 e agora o segundo confinamento. A vacinação começou aqui em Portugal no dia 27 de dezembro/2020 com um calendário definido por grupos, de acordo com o seu nível de risco. A vacina traz esperanças para todos, mas até que os grupos estejam todos devidamente imunizados ainda vivemos cheio de recomendações e regras necessárias.

Na primeira fase de vacinação, que começou em janeiro e deverá ir até março, os pontos de vacinação serão os centros de saúde, com exceção aos lares de idosos e para os serviços de cuidados continuados, onde a vacinação será no local. O primeiro conjunto de grupos prioritários são pessoas com 50 ou mais anos que tenham patologias como insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência real e doença respiratória crónica com suporte ventilatório. Na segunda fase serão as pessoas com 65 ou mais anos sem patologias. O segundo grupo de pessoas, neste caso a partir dos 50 anos e até aos 64, com o diabetes, neoplasia maligna ativa, doença renal, insuficiência hepática, obesidade, hipertensão arterial. Na terceira fase será o resto da população, onde eu e minha família nos encaixamos.

Neste momento há seis acordos concluídos para aquisição de vacinas: o da AstraZeneca, que tem 300 milhões de doses para a União Europeia e 6,9 milhões para Portugal; o segundo para Sanofia/GSK, onde não estão definidas doses. O grupo Johnson&Johnson, 200 milhões de doses para a União Europeia e 4,5 milhões para Portugal. O da Pfizer com 4,5 milhões para Portugal. O da CureVac, praticamente acertado, entre quatro e cinco milhões. O último contrato assinado, o da Moderna, tem 80 milhões para a Europa, dos quais 1,8 milhões para Portugal (dados divulgados por Rui Santos Ivo, presidente do Infarmed). As vacinas chegarão aos poucos e será ministrada somente através da saúde pública.

Após um verão quase que liberado de tantas regras em 2020, vivemos em estado de emergência aqui desde 14 de outubro do ano passado no qual as regras de higiene e distanciamento se mantiveram, e nos fins de semana o comércio passou a ficar aberto somente até às 13h. Nos feriados prolongados em novembro e dezembro houve também a proibição de circulação entre os concelhos (municípios), e como os concelhos aqui são muito próximos é muito comum mudar de concelho até para ir a um restaurante ou shopping de sua rotina. Então chegou o Natal em que a transição de concelhos foi totalmente permitida, os centros comerciais e lojas superlotados, mas a recomendação de não haver aglomeração de pessoas mantinha-se. No reveillón as regras foram mais apertadas, a restrição na circulação de pessoas entre concelhos voltou e os restaurantes poderiam ficar abertos até as 22:30h com bastante rigidez ao número de pessoas.

O frio este ano está mais rígido também, como não se via em muitos anos aqui, mas mesmo assim as pessoas tem saído bastante às ruas, diferentemente do primeiro confinamento em que as ruas pareciam mesmo desertas. Os números de contágios e mortes fizeram de Portugal o primeiro da lista nesta última semana, por ser o país com maior contágios por milhão, no mundo.

O confinamento foi então declarado pelo governo desde o dia 15/janeiro e revisado em 18 de janeiro de forma a fazer com que as pessoas não tenham contato social em aglomerações e evitem sair de casa. As escolas permanecem abertas, o que já faz com que quase 20% da população precise sair de casa. Mas o que se percebe na realidade é um número muito maior que esse nas ruas. As pessoas estão realmente cansadas de tantas regras, de tanto afastamento. Os pequenos e médios empresários não receberam a ajuda do governo necessária, os que receberam alegam não ter sido suficiente e já há muitos que fecharam as portas, seja de maneira temporário ou não. A testagem de casos e rastreamento tem sido muito menor em comparação à primeira onda, foi exemplo do que ocorreu com o meu filho: três casos em uma sala de 28 alunos foram testados positivos ao COVID, a turma ficou em isolamento profilático após 4 dias do anúncio, mas somente aqueles que apresentaram qualquer tipo de sintoma deveriam fazer testes. Não é recomendado o isolamento para a família caso não apresente sintomas também, segundo a orientação da Direção Geral de Saúde.

Estas regras foram bastante diferentes na primeira onda, mas também naquela altura não haviam tantos contágios e casos em hospitais, a economia não tinha sido severamente impactada, as crianças e jovens não haviam perdido conteúdo escolar e as pessoas mais idosas ( e não somente idosas) mantinham sua saúde física e mental em perfeito acompanhamento.

Portugal tem dias máximos de mortes a cada dia, e hoje, após um dia da nova revisão de regras, o governo irá reavaliar novamente em uma reunião com o conselho de ministros se as escolas para crianças acima de 12 anos permanecem abertas ou não.

As informações divulgadas não tem sido muito claras, as regras muitas vezes confusas e contraditórias — existem floriculturas (por exemplo) abertas quando somente centros de bens essenciais deveriam estar abertos. Mas o foco neste momento está em conter os casos e vacinar a população. E da minha parte, o que eu puder fazer para colaborar com isso tudo, farei. Tenho sim várias questões, não concordo com tudo da maneira que está sendo feito, mas também não estou a olhar os dados e análises completos que o governo tem nas mãos e nem curativo eu faço direito, quanto mais entender de uma questão médica. Então nesse momento só nos resta seguir e registrar aqui um pouco dessa história que estamos vivendo, em mais um ano de pandemia.

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