Motivos

Lucas Patury
Mudamento
Published in
3 min readJun 14, 2018

Sempre que contamos para alguém que estamos nos mudando, a primeira pergunta, via de regra é "por quê?"…

Costumo responder que uma quantidade muito grande de coisas nos levou a esta decisão. Vou tentar listar aqui sem a pretensão de influenciar, mas com a intenção de dividir nosso sentimento complexo que levou a decisão mais difícil de nossas vidas até o momento.

  1. Momento da vida: estamos na metade dos nossos 40 anos. Hoje, posso dizer que temos vontade de fazer algo novo, energia para mudar (como já dissemos aqui, precisa de muita) e capacidade para tal (tanto financeira como espiritual / psicológica). Do mesmo modo, nossas crianças estão jovens o suficiente para se readaptar em outro país, outra cultura e fazerem outros amigos.
  2. Qualidade de vida: esta talvez seja a razão que mais ouço das pessoas com quem já interagi e que estão em barcos parecidos com os nossos. Infelizmente nosso país não tem feito um bom trabalho no que tange a qualidade de vida dos pagadores de imposto. A impressão é que nossos impostos vão para um limbo sem fim onde não vemos retorno. Escolhemos um lugar que nos propicie isso.
  3. Cultura: aqui, um tema um pouco polêmico, mas não me refiro a acesso a cultura ou a educação do povo (isso também conta um pouco, mas não é a isso que me refiro). Falo do nosso tão propalado "jeitinho brasileiro". A cultura de "Gérson" (com perdão ao nome apanhado deste fantástico jogador) que de um certo modo faz parecer que trata-se de adaptabilidade do brasileiro, um quê de resiliência, mas na realidade mostra que o brasileiro quase sempre faz de todo jeito para conseguir o que precisa. Mesmo que para isso coloque pessoas para trás. É o cidadão que vem na faixa da esquerda para passar a fila que está na direita, antes de fazer uma conversão a direita no trânsito. É o figura que dá dinheiro pro policial para evitar uma multa. É o pai de família que inventa um dependente que não existe para pagar menos imposto. Sabemos que pessoas más existem em todo lugar e vamos nos deparar com situações semelhantes. O que não consigo aceitar é que o país, institucionalmente, premie estas pessoas.
  4. Segurança: Vivemos uma guerra civil não declarada. Enquanto você está lendo este texto, tem alguém morrendo no Brasil. Uma em cada dez pessoas assassinadas no mundo é brasileira! Isso termina gerando outro problema: as bolhas de convivência. Temos medo do que pode acontecer aos nossos filhos. Com isso, os colocamos em condomínios fechados, escolas seguras (e, consequentemente, caras), carros (afastando o uso de transporte público) e por aí vai… Na minha opinião, estamos aumentando dia a dia, a distância entre as pessoas nas cidades brasileiras criando um ciclo vicioso de insegurança — distância — violência que tende a aumentar.

Essas são as nossas razões para mudar. Nada novo do que tenho escutado em conversas com quem já mudou, com quem está pensando em mudar, com quem não pode mudar ou até quem não quer. Adoramos nosso país. Temos expectativas de vir para cá de tempos em tempos. Mas, infelizmente, queremos criar nossos filhos e proporcioná-los outras experiências e fazer com que possam viver seguros e felizes.

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