Nossa experiência na urgência pediátrica de um hospital público
Fomos parar duas vezes na urgência pediátrica do Hospital São João aqui no Porto em função de uma virose da Beatriz. Nas duas vezes, o tempo de espera para sermos atendidos foi abaixo de 15 minutos. Primeiramente, passa-se por uma triagem onde ocorrem os primeiros exames e avaliação clínica para direcionar para as filas de espera, de acordo com a gravidade do atendimento.
Importante destacar que são permitidos apenas o paciente e UM acompanhante. Na primeira vez, fomos os três (Pai, mãe e filha, como de praxe no Brasil), mas o Lucas ficou do lado de fora…
Em um segundo momento, o atendimento é feito por um médico que faz uma consulta bem completa. Os médicos foram bem cautelosos em administrar remédios, deixam realmente como última alternativa. O que é positivo com isso é que realmente administrar remédios demais nunca fizeram bem para ninguém. Por outro lado a melhora demora um pouco mais e o sofrimento também. Nas farmácias alguns medicamentos para gripe, tosse, febre são vendidos e podem ser comprados com tranquilidade. O que achei estranho é que apesar da tosse os médicos só recomendaram beber muita água, não recomendaram inalação, mas ainda assim mantive a minha tradição do Brasil, comprei um inalador e fiz a inalação com soro fisiológico, além de dar muita água. A tosse melhora consideravelmente com a inalação, e de madrugada ninguém quer ficar tomando água, água, água… então não poupei esforços com isso e fiz inalações durante algumas noites.
Apesar da experiência positiva de um modo geral, nem tudo são flores. Por ser muito organizado, como falamos, somente é permitida a entrada de um acompanhante por criança e na sala de espera os pacientes ficam todos juntos: é comum ver crianças esperando o atendimento junto com outras fazendo inalação ou em macas tomando soro.
Porém os tempos de espera são respeitados e os retornos são pontuais. Ficamos em torno de duas horas no hospital em função do tratamento da Beatriz, pois ela precisou tomar uma medicação e aguardar um tempo para avaliar o efeito. Depois precisou tomar um chá bem lentamente (1 colher a cada 5 minutos). Todas às vezes que a enfermeira marcava o tempo, no horário exato ela voltava para uma avaliação. Gostei bastante da atenção dada, no Brasil, todas as vezes que o diagnóstico era virose davam uma medicação e nos direcionavam rapidamente para casa sem esperar muitas vezes a reação ao remédio. Não sou da área médica, não sei avaliar tecnicamente o que é melhor, mas como cliente me senti segura da forma que foi o atendimento aqui em Portugal.
Ouvimos de amigos que procuraram a urgência adulta também em hospitais da região e o conceito repete-se. Estamos acostumados a tomar mais remédios no Brasil. Como dissemos — e isto também foi notado pelos nossos amigos, eles relutam bastante em ministrar remédios. Como a gripe é uma virose passageira, eles não dão injeções ou medicamentos para melhora momentânea e isso pode ser encarado como uma "piora" em relação ao Brasil.
Essa foi a nossa experiência…reforço que já ouvimos muitos casos de reclamações aqui. Mas no nosso caso não houve nada que desabonasse a ponto de corrermos para um hospital privado de imediato.