O que posso dizer sobre viver em Dublin

Mudei de país
Mudei de país
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2 min readDec 4, 2018

Com mais de seis anos vivendo aqui, vira e mexe recebo uma mensagem que diz “posso passar teu contato pra um (a) amigo (a) que quer ir pra Irlanda?”.

Sem querer eu me tornei uma especialista no assunto. Já ouvi gente dizendo que eu sou um “caso de sucesso”.

Sempre digo “venha, mas saiba seus objetivos e se prepare”. Tem dias mais frios e escuros do que você imagina, tem problemas mais sérios do que você pensa, tem um custo mais alto do que você planejou.

Quando eu cheguei em 2012, falava-se no fim da recessão. Os jovens Irlandeses, que antes tinham deixado o país procurando oportunidades profissionais, estavam finalmente voltando pra casa. Não foi díficil encontrar emprego, nem moradia permanente.

Hoje em dia é ao contrário, em relação a moradia. Com tanta gente chegando em busca da qualidade de vida que Dublin pode oferecer, a demanda é bem maior do que a oferta. Nunca esteve pior.

Pra encontrar acomodação é preciso uma mistura de força de vontade, paciência, sorte e desapego das expectativas.

Bray Beach — Dublin

Dublin é para os fortes, sempre repito essa frase de efeito quando estou refletindo com os amigos Brasileiros sobre o assunto. Principalmente se o seu objetivo for de fato praticar o inglês, já que o português tomou conta das ruas.

Logo no começo, fiz questão de evitar uma convivência muito intensa com os Brasileiros e me mantive restrita a alguns poucos amigos. Não gostava da idéia de falar mais português do que inglês no meu dia-a-dia.

Fiz questão de não ir aos bares frequentados pela comunidade do Brasil, porque achava que isso era importante pra me manter afastada do conforto de falar um portuguesinho nas situações sociais.

No dia em que fui assinar contrato de aluguel no meu primeiro apartamento, fui logo perguntando “aqui mora algum Brasileiro?”. Não queria que tivesse nenhum, porque sabia que ficaria com preguiça de falar inglês em casa. Esse foi o pulo do gato.

Parece chatice, mas na verdade a convivência com ‘housemates’ internacionais ajudou em outros aspectos além de melhorar a fluência:

me mostrou que sempre podemos achar coisas em comum com pessoas improváveis; me deu conhecimento sobre outras culturas; me forçou a encontrar novos assuntos pra conversar e, o mais importante, me levou a estender esses conceitos pra fora de casa, pro trabalho e pras situações sociais.

A experiência vale muito a pena e aqui tem uma gente muito massa que vai te acolher de braços abertos. Venha, mas saiba seus objetivos e se prepare.

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