O dia em que vimos o musical Hamilton em Londres

Mudei de país
Mudei de país
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4 min readDec 5, 2018

How does a bastard, orphan, son of a whore and a Scotsman, dropped in the middle of a forgotten/ Spot in the Caribbean by providence, impoverished, in squalor/ Grow up to be a hero and a scholar?

Nem preciso dizer que qualquer pessoa que é fã desse musical tem vontade de se sacudir na cadeira só de ler (ou ouvir) a primeira estrofe dessa música, né?

Coloquei minhas mãos em dois ingressos pra assistir Hamilton ainda na pré-estréia que estava agendada pra Novembro de 2017. Infelizmente, o teatro não ficou pronto a tempo. Imagina ter que reformar o Victoria Theatre no centro de Londres, que estava parado há anos, em tempo recorde pra poder estrear um dos maiores musicais americanos da década na versão West End.

O trabalho foi bem maior do que eles imaginavam e tiveram que adiar tudo. Quando recebi o e-mail com a notificação, já estávamos com passagem comprada, eu e minha amiga Liene (te dedico, amiga!).

Teatro com reforma ainda em andamento, atual casa do Hamilton em Londres. Para chegar, pegue as linhas Circle, District ou Victoria no metrô.

Perdi o dinheiro do meu voo Dublin — Londres, que tinha sido em torno de £35 ida e volta com a Ryanair. Mas fiquei mesmo com pena de quem estava com hotel e viagem marcada vindo de outros lugares do mundo fora da Europa, tanto que é o frisson por causa desse musical.

Hamilton estreou na Broadway em 2015 e desde então o sucesso só aumenta, nunca diminui. Até pra quem mora em NY, é praticamente impossível conseguir ingresso tanto pela disponibilidade, quanto pelos preços que são um absurdo.

Quando eles anunciaram a estréia na Inglaterra, deu tempo de comprar ingressos direto no site com preço original. Pagamos em torno de £79.50 por cada ingresso e pegamos um dos MELHORES lugares no teatro, assentos 21–22, fila L.

Na hora de mudarem as datas, acabamos transferidas pro dia 22 de Janeiro de 2018, em um dos PIORES assentos na mesma fila, cadeiras 43–44. Cheguei a checar qual seria a diferença de preço se quisessemos nossas cadeiras originais, mas além de não estarem disponiveis, o valor tinha subido pra quase £200 por pessoa!!!

Quando chegou o dia, nem deu tempo de ficar triste, apesar de eu ter ido conversar com alguém do staff, suplicando por lugares melhores — ela respondeu que infelizmente naquele sessão todas as cadeiras estavam ocupadas e que não poderiam nos remanejar, mas que ela “garantia” que nossa experiência seria fantástica de todo jeito (whatever, bitch).

A cadeira 44 era a última da fila L e a visão de quem tava ali ficava um pouco bloqueada no canto esquerdo do palco. Liene e eu pegamos o limão que a vida nos deu e fizemos uma limonada rs. Resolvemos alternar pra ficar justo. Eu assisti o primeiro ato da cadeira ruim e depois vi o segunda ato da cadeira menos ruim.

Nossa visão das cadeiras 43–44, fila L

De toda forma, esse foi um dos momentos mais mágicos das nossas vidas. Foram muitos meses de expectativa e no final, não sabiamos se chorávamos de felicidade por estar ali, ou de tristeza por ter acabado.

TUDO sobre o espetáculo foi perfeito. O elenco West End, que claro não é o mesmo da Broadway, é tão maravilhoso quanto o original e nosso amor só fez aumentar ainda mais! ÓBVIO que corremos pra fila de autógrafos no final. Estavamos lá com todos os outros fãs, congelando no frio de Janeiro em Londres, mas conseguimos dar oi e pegar assinaturas pro nosso folhetinho Playbill.

Eu, Liene e nosso Hamilton, Ash Hunter. Ele é o que chamam de “alternate Alexander Hamilton”, cobre pro ator principal quando ele não está.

Pra quem não sabe, o criador de Hamilton é Lin-Manuel Miranda, nascido em Porto Rico e criado em NY. Ele é um dos maiores gênios criativos da atualidade, além de ser um cara que espalha amor e gentileza por onde passa, usuário ávido do Twitter. Lin — I love you and wish there were more people like you out there.

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