Pitty e o Portal da Matriz

O elo entre o rock nacional e o lado B da música baiana.

Mayara Santos
MUI Content
6 min readAug 12, 2019

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pic by audiograma.

Se tem algo que aprendi com o hábito de descobrir músicas e bandas diferentes, é que as melhores fontes já fazem parte do que ouvimos. Uma dica? Para conhecer música boa basta saber o que os seus artistas favoritos ouvem, independente de ser uma influência para suas composições ou apenas parte de seu gosto pessoal.

E assim, muitas bandas e cantores se tornaram condutores diretos de música alternativa e da cultura lado B que quase nunca emergia do underground, mas sempre influenciou os principais artistas que alcançaram o mainstream e a popularidade dentro da indústria fonográfica.

Atrelado a isso, o amadurecimento do público cativo do rock nacional o leva se encontrar cada vez mais em diferentes gêneros musicais e artistas, cujo a produção e efervescência não se via tão ativa, crescente e plural como hoje (sorte a nossa!).

Dito isto, não haveria momento mais oportuno para conhecermos Matriz. Lançado em abril deste ano, direto de um berço baiano visceral como descrito pela própria Pitty, e cheio de referências musicais distintas, Matriz tornou-se um portal que leva os fãs do rock nacional ao universo denso e proporcionalmente etéreo do lado B da música baiana.

Em 13 faixas, Pitty apresenta ao grande público nomes de artistas que movem a engrenagem da música baiana, como um grande tributo às suas raízes e a produção sonora em seu estado natal. Conheça os 6 artistas que compõem o quinto álbum de estúdio da nossa musa.

DORIVAL CAYMMI

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Grande símbolo do Samba e Bossa Nova, e venerado pelos fãs do gênero, Dorival Caymmi é um clássico nacional dos anos 1930. Tendo como legado músicas inspiradas no cotidiano do povo baiano e fortemente influenciado pela música negra, Dorival se mantém vivo não somente através de sua obra, como também de sua família, cujos filhos e neta (Alice Caymmi) continuam a fazer história na música brasileira.

Em Matriz, Dorival Caymmi é lembrado na primeira faixa do disco “Bicho Solto”através de samples da sua música “Noite de Temporal”.

LAZZO MATUMBI

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Na ativa desde os anos 80, Lazzo tornou-se uma importante figura na música baiana, sendo conhecido e respeitado por sua história de militância negra dentro do meio musical. Trabalhou com músicos como Carlinhos Brown e Gilberto Gil dentre outros. Dono de uma voz marcante e arranjos cheios de suingue, suas músicas mesclam ritmos que vão do reggae ao afoxé, com letras carregadas de orgulho, amor e negritude.

Lazzo contribuiu no single “Noite Inteira” e na faixa “Sol Quadrado” ao lado de Larissa Luz, do álbum Matriz.

MAGLORE (TEAGO OLIVEIRA)

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Que a Bahia também é rock, isso já sabemos, haja vista nosso eterno Raul e a própria Pitty. E fruto dessa união entre Bahia, rock e contemporaneidade, é a banda Maglore.

Sua sonoridade essencialmente indie/alternativo e suas letras que traduzem de forma singela a complexidade dos sentimentos românticos (ou não), tem chamado a atenção desde seu primeiro àlbum “Veroz” em 2011.

Seu single “Motor” (2012) foi também grandemente interpretado por Gal Costa em shows recentes, e compõe a faixa 4 do álbum Matriz.

BAIANASYSTEM

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Unindo elementos regionais (como a guitarra baiana), reggae, rock, percussão e afro music, além de letras que carregam discursos político-sociais, o BaianaSystem criou uma identidade híbrida e “inrotulável”, levando uma sonoridade inédita para todo o mundo. Um de seus maiores sucessos “Playsom” faz parte da trilha sonora do Fifa 2016.

Conhecido também por suas performances em festivais, o Baiana já se apresentou na França, EUA e Japão, neste último tocou ao lado de artistas como Bjork e The Cure. No Brasil, o Baiana está presente no carnaval com o Trio Navio Pirata, além de lançar seu terceiro disco de estúdio “O Futuro Não Demora” este ano.

BaianaSystem está presente na faixa “Roda” do álbum Matriz.

PEU SOUSA

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Apesar de ter passado boa parte de sua infância e adolescência no meio underground da música baiana, Peu Sousa tornou-se conhecido no início dos anos 2000 como guitarrista do álbum de estreia da Pitty, o “Admirável Chip Novo”, além de compor “Equalize”, um dos maiores sucessos do álbum ao lado da cantora.

Após sua saída da banda, Peu fez parte de diversos outros projetos, atuando como compositor e produtor musical. Fundou a banda Tremula, da qual assinou a composição de todas as músicas, e atuou como guitarrista da banda Nove Mil Anjos ao lado de Junior Lima (Sandy & Junior) e Champignon (Charlie Brown Jr.).

Peu suicidou-se em maio de 2013 e foi homenageado por Pitty na música “Lado de Lá” no álbum Sete Vidas.

Em Matriz, a faixa “Para o Grande Amor” foi composta por Peu Sousa.

LARISSA LUZ

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Um dos rostos contemporâneos mais presentes na cena musical baiana, é Larissa Luz. Tendo lançado Trovão, seu terceiro álbum de estúdio em maio deste ano, através do selo Natura Musical, Larissa traz uma forte bagagem ligada a música e ao teatro, através dos quais conquistou grande reconhecimento recebendo a missão de representar Elza Soares no musical que percorreu o país contando a história da vida da cantora.

Em seu currículo, Larissa tem uma indicação ao Grammy Latino de 2016 na categoria de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa (por seu segundo álbum Território Conquistado), e também fez parte do grupo de axé Ara Ketu, atuante na cena baiana desde os anos 1980 até os dias hoje.

Sua identidade musical traz temas ligados as raízes africanas “numa releitura tecnológica de ritmos tribais”, como descrito pela própria artista.

Em Matriz, Larissa Luz participa da faixa “Sol Quadrado”.

Ufa!

Agora que você conhece um pouco mais sobre os artistas que fizeram parte desse novo álbum da Pitty, que tal ouvir Matriz novamente e nos contar o que você achou do projeto como um todo?

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Mayara Santos
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Amante da música, nascida nos anos 90. Criadora do Portal MUI Content | • Love is fuel. Love is revolution.