QUANTICO | A corrupção e o patriotismo americano

A (im)perfeição lucrativa.

Mayara Santos
MUI Content
4 min readDec 10, 2018

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imagem: reprodução

Atenção: aviso de possíveis spoilers.

Pode-se dizer que o sonho americano deixou de ser algo capaz de esconder as falhas e os pecados do “Tio Sam” faz algum tempo. E por mais que esse sonho esteja amargando, ainda há quem venere a forma norte americana de pensar, agir e governar.

Apesar dos contratempos em termos de perfeição, algo que os EUA dominam e aplicam com precisão é seu forte nacionalismo, capaz de arrebatar até mesmo corações estrangeiros. O despertar deste amor enlouquecido pela pátria é estimulado de todas as formas, e no quesito indústria do entretenimento ainda não há quem arrecade dólares e adoradores como a indústria norte americana.

Dito isto, vamos bater um papo sobre Quantico, série da ABC Studios também disponível na Netflix.

EXPLORANDO OS DEFEITOS

Corrupção é um tema que já sabemos: é sucesso de audiência onde quer que aconteça. Quanto mais obscuras, fraudulentas e criminosas forem as ligações entre os envolvidos, mais ibope, e nós como mero público/coadjuvante sofremos em cada capítulo de uma investigação.

Bom, esta sede por respostas (pasmem!) não é exclusivamente nossa. A diferença é que ainda estamos engatinhando em como fazer dos nossos erros algo realmente proveitoso para o coletivo.

Como todo bom capitalista, os americanos vem explorando seus próprios defeitos de forma sobretudo rentável, lançando séries com enredo sobre corrupção em esferas do setor público dos EUA, a exemplo de House Of Cards na política e Seven Seconds no serviço policial. Assim também ocorre na primeira temporada de Quantico, onde uma ameaça terrorista se passa dentro do FBI.

A HISTÓRIA

No enredo de Quantico somos levados por duas linhas temporais que correspondem ao presente e ao passado. No primeiro o FBI persegue aquela que seria a melhor agente formada pela instituição na atualidade, suspeita de cometer um grande ataque terrorista, e no segundo acompanhamos como ocorre o desenvolvimento de Alex Parrish e seus amigos na academia, até que se tornem agentes.

A primeira temporada traz alguns clichés mas acerta na escolha de um elenco diversificado, com agentes representando diversas nacionalidades e assumindo os mais variados estilos, além de apostar em uma atriz indiana no papel principal.

Temas como intolerância religiosa, igualdade de gênero no âmbito profissional, homossexualidade, sociedades secretas e conflitos familiares são brevemente explorados, mantendo o foco na perseguição a/ao terrorista.

Ó PÁTRIA AMADA, IDOLATRADA, SALVE! SALVE!

Photo by Barbara Wolfe on Unsplash

Apesar de nos descobrirmos patriotas por conveniência em época de eventos envolvendo o nome do nosso país (copa do mundo, Dia da Independência, eleições etc), estamos bem longe do amor patriota norte-americano. E não é pela forma como são representados em seus próprios filmes indo para a guerra, ou como penduram suas bandeiras nas janelas, tão pouco pelo orgulho que tem quando comparam seu país com outros. O amor que falo aqui se assemelha a um relacionamento abusivo, em outras palavras.

É sabido que os EUA tem grande cautela contra terrorismo, e sob esse pretexto vigia incessantemente toda atividade que ocorre em solo americano (e as vezes fora também), através de câmeras, escutas e demais recursos de espionagem. Falo aqui de algo que é aparentemente normal no dia a dia dos americanos, e que já faz parte de sua cultura a anos. Como seria discordar ferrenhamente de seu país sabendo que dependendo do seu discurso, você pode ser facilmente enquadrado como terrorista? — Sabemos que não precisamos ir longe na história do Brasil para encontrar leve semelhança.

Em Quantico não são recrutados cidadãos comuns, e a premissa do discurso de entrevista mostrado nos episódios iniciais é sempre o amor a pátria, independente do que tenha levado o recruta até lá. Ainda assim, descobriremos no decorrer da série que o amor a pátria exigido, deve ser levado a outro nível, e é constantemente usado como desculpa para cometer diversos erros.

POR FIM, ACENTUE O POSITIVO E ELIMINE O NEGATIVO

Apesar de tantas decepções com o próprio país, no final da primeira temporada descobriremos que o subtítulo acima ainda faz parte da máxima americana. O amor a pátria é o final feliz que todo patriota precisa para continuar acreditando (será?).

“Eliminar o negativo” por mais que pareça uma atitude positiva e cheia de boas intenções, tem se mostrado a escolha mais perigosa e propícia a cometer as mesmas falhas em um looping infinito na história. Nesse aspecto estamos empatados com todo o continente americano, e não há positividade no mundo que seja suficiente para eliminar os erros que cometeremos se não os tivermos bem vivos em nossa memória.

DICA PARA A SEMANA | Tarefa de casa :)

Se você já assistiu a série Quantico, me conte o que achou e quais as suas considerações a respeito do desenvolvimento da trama!
Se ainda não assistiu, considere o trailer da primeira temporada abaixo, disponível na Netflix, e deixe o seu comentário sobre o texto aqui também!

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Mayara Santos
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Amante da música, nascida nos anos 90. Criadora do Portal MUI Content | • Love is fuel. Love is revolution.