Daniela Figueiredo
EXISTE PROBLEMAS FORA DA BOLHA
Daniela Figueiredo mudou-se de Teófilo Otoni para Belo Horizonte em 2003, aos 16 anos de idade. Veio para a capital com a missão de finalizar o ensino médio e logo cursar a faculdade. Hoje, graduada em Comunicação Social pela UFMG, exerce uma função na qual ela é a única mulher na empresa onde trabalha. A editora de imagens revela o medo que sentiu ao ser promovido ao cargo: “No começo eu fiquei um pouco com medo dos outros me tratarem diferente ou dos cinegrafistas me tratarem diferente…”, mas afirma que com o tempo as pessoas se acostumaram com sua presença, e reforça que é importante que as mulheres ocupem posições que antes eram atribuídas somente aos homens. Daniela avalia que essa é uma das vantagens de morar em uma capital, pois a discussão desses temas são mais presentes no dia a dia da cidade, porém alerta que devemos nos policiar no sentido de não vivermos em uma “bolha” e que ainda existi diferenças quando se trata de cidades do interior do Brasil, onde a cultura patriarcal é bastante presente.
Após visitar mais de 24 países, Daniela compara a vida da mulher em BH com a vida da mulher no restante do mundo. Para ela, ser mulher em Belo Horizonte e parecido com ser mulher em qualquer outra cidade grande. Ela lembra que o machismo é universal e que no Brasil o tema é implícito e infelizmente ainda escuta de amigos e parentes discursos machistas. Ela reforça que as redes sociais têm sido uma forte arma contra esses discursos e costumes, e quando se trata de outros países e culturas, o machismo e as dificuldades vividos pelas mulheres ficam ainda mais evidentes.
É o caso do Catar, país de maioria muçulmana e que ela visitou em novembro de 2016. Durante a visita ela percebeu as grandes dificuldades vividas pelas mulheres daquela região, onde a autoridade do homem interfere em rotinas que para nós, ocidentais, seriam inimagináveis, como a necessidade de uma autorização masculina para a mulher sair do país ou até mesmo dirigir um veículo. Daniela cita também um grave problema que as mulheres da Ásia vivenciam em sua rotina, que é o grande número de exploração sexual.