Marina de Lourdes da Cruz Rocha

"QUERO SER SAL E LUZ!"

Luiza Tomaz
Mulheres de Belo Horizonte

--

Criada em família metade Católica metade espírita nossa personagem por um bom tempo encontrou auxilio em Centros e mesas espíritas. Apesar da pouca idade sua história é firme e segue uma linha bem coerente com sua personalidade, mas para entendermos onde tudo isso começa vamos voltar lá em seus 14 para 18 anos.

Nesse período esteve em um relacionamento que não caminhou muito bem, ela ia contra seus pais, contra o que acreditava, literalmente contra o mundo, sabe aquela velha história onde o cara começa o namoro sendo assim, e vai seguindo de uma maneira totalmente distinta de quando começou, aconteceu com ela. Porem percebeu que não valia a pena toda aquela briga para ficar com alguém que não tinha todo esse valor, isso é um alivio para quem imagina que a história poderia ter ido por um caminho não muito agradável, a gente fica feliz.

Seguindo o monologo essa personagem já foi rebelde, sim aquela que sai de casa para morar sozinha, acaba alugando uma lojinha, com um colchão no chão, aos poucos ia buscando seus pertences, durante seis meses estava orgulhosa do que fazia, não tinha bronca, nem turbulência, mas ela percebeu que não ia conseguir caminhar sem a família, depois de todo esse processo por uma independência forçada, vem o arrependimento, vem o perdão, vem o que faltava. Claro que nesse período conturbado de ser independente, vieram às influencias, vieram àqueles momentos de “Eu faço o que quero! ” “Ninguém manda no que eu sou!” “Eu trabalho desde os 17, pago minhas contas! ”, e acaba que faz tudo o que nunca havia feito, passa pelos perrengues, passa por momentos que não imaginava, ela passa, mas é bom quando passa tudo e você enxerga a luz, ela enxergou.

Então vamos escrever sobre essa luz, ela tem nome sobrenome, história, mas para chegar nessa luz deixa eu voltar um pouco. Nossa personagem regressando a casa retorna sua rotina, voltou para o Centro Espírita, lia seu evangelho junto a um copo d’água. Nesse período conhece seu atual noivo, conversaram durante seis dias incessantemente, ali começa um romance, ele vindo de família Cristã no caso evangélica, no meio de tanta conversa a convida para ir um dia na igreja que ele frequentava, no início ela meio relutante, porque sempre tem aquele pensamento “Nossa vou ter que usar saia? ” “A não sandalinha! ”. Ela vai, e sabe quando bate, mas bate mesmo, tudo começa a encaixar, a palavra encaixa, os momentos encaixam, a vida faz sentido, ela sentiu, dali para a frente ela renovou-se, era outra, buscava mais, sentia, veio a liberdade que ela tanto buscou.

Contudo ela converteu, batizou, sua família por ser de outra doutrina não participa, porem eles respeitam e gostam do caminho que a filha está. Essa era a luz, com nome e sobrenome, JESUS é o cara ,ele deu sentido e faz sentido, ela desconectou do mundo, e está até hoje conectada a ele, não é uma história sobre qual religião que salva, ou que ela está melhor em uma do que em outra, não é um texto triste que alguém morre, é um texto sobre alguém que superou as expectativas, alguém que é aceito pelo o que é, independe do que ela veste, da cor do cabelo, do corpo todo tatuado, sim ela é toda tatuada, tem alargadores, brincos na orelha, e isso não interfere no que ela é. Você leitor revendo esse texto, na metade você pensa “Nossa muito comum !”, mas não é e te digo porque, porque somos únicos, e o que cada um passa nessa vida é único, nada é comum, é tudo uma questão de por onde você caminha.

Essa mulher é tão nova, mas tem história para contar, e palavra para ensinar, ela passa uma mensagem de paz. “ A minha mensagem é que, por pior que seja o perrengue, confia nele porque ele não falha. Nunca! Por mais que não entendamos no momento o porquê da dor ou das turbulências, Ele tem tudo sob controle e é tudo para o nosso bem. Faz parte dos planos dele que são melhores que os nossos; sempre. E tudo coopera para o bem daqueles que amam à Deus sob todas as coisas. ”

Entrando um pouco em sua vida profissional, essa mulher fez quatro períodos de arquitetura, trabalhou em escritório do mesmo desde o primeiro semestre, passou por designer de interiores. Mais tarde foi trabalhar com obras, conhecendo a vida de estar fazendo parte de um processo de construção, ela era a única mulher em meio a oitenta peões, ela presenciou um ambiente com palavrões, brigas, estresse, bem masculino. Por várias vezes chegou em casa aos prantos, sem saber se estava no caminho certo. Passado essa fase, participou de outras obras, em uma delas virou assistente de engenheiro, como ela mesmo disse, sempre pegando o touro pelo chifre,pois várias vezes passou pelo preconceito de ser estudante e ainda por cima ser mulher, estando a frente de uma obra isso era evidente, fazer com que vários homens sigam suas ordens e façam como deve ser, é difícil, e assim as barreiras foram sendo quebradas, até hoje acontece, sim acontece, mas o que seria dela sem essas barreiras, afinal ser mulher é isso, superação a cada dia .

Mais uma vez não é um texto sobre religião ou influenciando alguém, é um texto sobre quebrar expectativas, ela quebrou e continua quebrando, ela carrega uma responsabilidade que poucos tem, ela é todo o contrário do que é esperado, ela é mulher, é única, é guerreira, desculpem o clichê, mas ela é o que é, e é aceita por cada desenho que carrega. E o nome dela é Marina de Lourdes da Cruz Rocha, 24 anos, 6° período de Engenharia Civil na Newton Paiva, estagiaria no setor de Meio ambiente. Ela é uma das mulheres de Belo Horizonte.

Luiza Gabriela Tomaz Barbosa

--

--