Zembla de Freitas

TODA MULHER DEVE CHEGAR ONDE QUER

Camila Freitas
4 min readApr 7, 2017

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“Nunca encarei os desafios como um empecílio e sim como um preparo para coisas maiores e melhores. Toda mulher deve chegar onde quer”

Zembla de Freitas nasceu em Correntinho, distrito da cidade de Guanhães em Minas Gerais, entretanto veio para Belo Horizonte ainda criança. Dois oito anos de idade até os 10, Zembla ajudava o pai a vender verduras e batendo de porta em porta o pai sustentava a casa vendendo os produtos cultivados.

Por ser a irmã mais velha começou a trabalhar cedo e tomar conta dos irmãos. “Apesar da pobreza nunca fui infeliz, a morte do meu pai foi o momento mais triste pra mim, comecei a trabalhar em uma loja aos 14 anos, já tomava conta dos meus irmãos e ajudava minha avó a sustentar a casa.”

Nessa época a mãe de Zembla ficou muito mal e eles souberam que ela tinha esquizofrenia -doença que apresenta várias manifestações afetando diversas áreas do funcionamento psíquico-, contando apenas com a ajuda da avó.

“Eu tive uma infância e adolescência diferente das minhas amigas, as responsabilidades chegaram mais cedo e isso me proporcionou viver coisas que antes pra mim era somente um sonho”.

Dos quatorze anos de idade até os dezoito Zembla trabalhou em lojas de diferentes comércios e se tornou até gerente de uma delas. Nessa mesma época tirou sua carteira, comprou seu carro e abriu sua primeira mercearia. “Eu trabalhava aos Domingos para pagar a passagem, pois na época as empresas não bancavam esse custo e juntando esse dinheiro consegui ser totalmente independente e dar oportunidades aos meus irmãos”

Com muita batalha Zembla mudou de status na sociedade, conheceu seu marido e aos 24 anos já esperava o segundo filho. O seu ex marido era parceiro e juntos tiveram oportunidade de conhecer outros países e se aventurar pelo mundo, proporcionando aos filhos uma infância totalmente diferente da que teve.

Futuramente o casamento acabou e Zembla assumiu a resposabilidade pelos filhos sozinha. “Foram várias infidelidades por parte dele e por mais difícil que fosse pra mim eu ainda queria levar até o fim o meu objetivo. Proporcionar um ambiente saudável e familiar para os meus filhos era essencial e eu permaneci com esse pensamento equivocado por um bom tempo até tudo acabar.”

O casamento durou dezessete anos e após o divórcio já não tinha mais como olhar para trás. A vida anda pra frente e foi assim que ela viveu a solteirice e a vida intensamente ao longo dos anos. “Quando divorciamos eu não dependia dele financeiramente, já tinha conquistado muitas coisas e podia dar conta dos meus filhos como sempre dei.”

Aos risos Zembla conta que conheceu muita gente e viveu muitas aventuras.

“Eu andava de moto, viajava e não me sentia presa por nada. Nunca fui diminuida por ser mulher, muito pelo contrário, sempre tive motorista, caseiro e companheiros de trabalho homens.

Eu não permitia que meu gênero me impedisse de realizar as coisas, inclusive ser mulher e bonita me ajudou a abrir portas. Não concordo com a pressão da beleza que existe na sociedade, mas nunca fui vítima de um acontecimento ruim por ser mulher e a beleza me ajudou a abrir portas. Mesmo assim a aparência não deveria ser um fator para uma mulher conseguir ou não algo.”

Muitos tempo depois, já com com 41 anos de idade e tudo estabilizado uma atitude dela surpreende a todos, a adoção de sua terceira filha. As pessoas ao redor foram contra e alertaram para um desperdício de tempo, conta ela. “Foram contra com todos os argumentos possíveis, que eu ia perder toda liberdade, que meus filhos já estavam adultos e eu iniciaria todo ciclo de novo, que eu estava velha e outras coisas.”

Essa vontade de adoção cresceu dentro dela, desde a infância já havia esse desejo e Zembla sabia que daria conta porque era realmente sua vontade. “Hoje ela é adulta e eu consegui provar que um filho não precisa sair da barriga para ser amado. Não há diferença, fico triste com a falta de conhecimento das pessoas sobre adoção.” E continua, “Graças a Deus pude dar uma oportunidade para ela e pra mim, é chocante ouvir mulheres dizer que um filho faz qualquer um descer do paraíso ou algo do tipo, os meus filhos são minhas maiores alegrias.”

Zembla teve depressão há uns anos atrás, deu a volta por cima, reconquistou bens e valores e hoje continua morando em Belo Horizonte. Tem seu carro, sua casa e a família unida como sempre gostou. Mesmo parecendo que teve uma vida triste tendo tantos desafios, em seu peito ela só carrega o orgulho de ser a mulher que é e de tudo o que ela pode proporcionar a sua família e com muita simpatia deixou uma mensagem para todas as mulheres.

“Não tenha medo dos desafios por maiores que eles sejam, eles não tem hora marcada e nem lugar. Quando acreditamos que algo é póssivel somos capazes de fazer todas as coisas, seja a mudança que você quer ter.”

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