1:1 Pequena prática, grandes poderes
Liderar por influência ainda é uma maneira muito poderosa para orientar equipes. Afinal, quando uma pessoa é impactada no aumento da satisfação do seu trabalho e se sente ouvida, pode ser uma alavanca poderosa para o desenvolvimento de sua carreira, e no gerenciamento dos seus produtos.
Mas afinal, o que é 1:1?
As reuniões one-on-one — um a um, em inglês — são conversas rápidas e periódicas entre gestores ou líderes com membros do seu time e tem como objetivo principal, criar um espaço seguro para falar sobre o trabalho, fazer perguntas e abrir espaço para fala sobre as pretensões de carreira.
Há poucos meses assumi um desafio como GPM e venho desde então refletindo sobre as agendas de 1:1 que venho fazendo com meu time de produto, e como esta pequena prática, que acredito ter grandes poderes (tema deste artigo) tem apoiado neste processo de me tornar uma líder mais ágil, em fazer uma gestão mais centrada nas pessoas e focada no desenvolvimento e inovação contínua.
Como inquieta que sou, comecei a escrever este artigo e logo decidi fazer uma pesquisa com algumas pessoas de produto e ouvir suas percepções, saindo de uma opinião pessoal e trazendo a voz do usuário, podendo embasar mais os pontos que vou descrever e abordar ao longo deste artigo. Esses resultados, você encontra ao longo do texto, consolidado em imagens.
Boa leitura!
Mas afinal, há uma melhor forma para conduzir uma agenda de 1:1, motivar mais as pessoas e obter resultados tangíveis na sua liderança?
1:1 requer planejamento
Acredito que ter um preparo para as agendas de 1:1 é essencial para uma comunicação assertiva, onde o objetivo principal é a construção de um relacionamento de confiança entre líder e liderado, num espaço seguro para que os sentimentos possam ser trazidos, com sua totalidade e vulnerabilidade.
Acho que o maior valor do planejamento é colocar em prática um mindset de crescimento, onde não há espaço para medo de falhas ou fracassos, mas sim espaço para reconhecer que os erros servem apenas como feedback e aprendizado para aplicar melhorias, evolução e se desenvolver até atingir o resultado que deseja.
Uau, essa definição realmente é linda, não?
Dar visibilidade e clareza para o time deste modelo mental ajuda na construção de planos em conjunto entre o líder e o liderado, o processo de aprendizagem contínua e uma relação de confiança mútua.
Sobre Mindset de Crescimento — Segundo Carol Dweck, renomada psicóloga da Universidade de Stanford que passou décadas de sua vida estudando como as pessoas pensam e como podemos atingir o sucesso, o sucesso de uma pessoa depende do seu mindset.
Ideias para boas abordagens nas reuniões
Agora que já dei alguns exemplos de como conduzir as reuniões para que todos tenham um ótimo aproveitamento, deixo aqui exemplos práticos de aplicação. A ideia é entender quais perguntas fazer pra deixar esse momento ainda mais valioso.
1- Fazer perguntas abertas e aleatórias para capturar a emoção e sentimento naquele momento, ou desde a última conversa.
Acho que ajuda a tornar a agenda mais descontraída, e não fica um roteiro de perguntas como um check list, mostrando mais uma lista a ser percorrida, do que o interesse no outro. Aqui é um bom momento pra colocar a escuta ativa em prática
2- Sempre reconhecer conquistas aplicando feedbacks positivos. As vezes líderes focam muito no que precisa ser melhorado, e se esquecem de exaltar os pontos positivos do liderado, que poderiam ser mais explorados e incentivados.
Achei (adjetivos — assertiva, eficaz, etc) o modo como você (ação realizada — fez, conduziu a reunião, liderou a negociação, provocou os questionamentos, etc) isso mostrou uma (conquista percebida — evolução, crescimento, etc) na/o sua/eu (skill impactado — comunicação, gestão de stakeholders, habilidade de priorização, etc).
3- No caso de críticas, buscar dar feedbacks sinceros e pontuais com uma estrutura. É muito importante que a dor seja clara e a sugestão de melhoria também, facilitando possíveis ações para aplicação.
No dia (contexto, citar ocasião) quando estávamos falando ou conversando (qual era o foco/objetivo) você estava (ação realizada — citar o que aconteceu ex: digitando, usando o celular, falando) eu acho que quando você (repetir a ação realizada) em uma agenda como aquela tem uma percepção, (sentimento — falar como você ou alguém se sentiu)…acho que quando você precisar (repetir a ação realizada).. (sugestão de melhoria/mudança — sugerir uma ação diferente da que foi feita).
4- Com base no PDI, avaliação, canva de skills, traçar um plano de duas ações de crescimento para serem acompanhadas. Não é a quantidade de ações que vai mudar algo, mas o foco e aplicação da ação é que tem poder.
Criar uma visão de acompanhamento das ações e atualizar esta visão sempre em conjunto, evidenciando o tempo investido na evolução e desenvolvimento do liderado. Quando não há evolução, tentar discutir o porquê não evoluiu desde a última conversa, buscando sempre o desenvolvimento das ações.
5- Pedir feedback sobre sua liderança de forma estruturada, tem um exercício de 3 perguntinhas simples mas que ajudam a criar um ambiente seguro para receber críticas.
O que estou fazendo que eu deveria fazer mais?
O que não estou fazendo que eu deveria começar a fazer.
O que eu estou fazendo e que eu deveria parar de fazer.
Acredito que abrir espaço para receber feedbacks, é uma oportunidade do liderado trazer possíveis dores da sua gestão, gaps, e uma oportunidade de crescimento como líder. Se colocar vulnerável também fortalece a relação de confiança e fortalece a relação de humano para humano.
Outros pontos para levar em consideração
Já vimos ações bem práticas que podem melhorar as reuniões de 1:1, mas abaixo, deixo alguns destaques que podem acabar com algumas dores que percebemos com a pesquisa.
Priorização & Pontualidade
Sabemos que agenda é um desafio constante para pessoas que trabalham com produtos, e com o trabalho remoto, isso se intensificou um pouco mais. No dia a dia, muitas vezes, temos que optar quais agendas vamos declinar, e por mais que a gente fale e leia conteúdos sobre gestão do tempo, produtividade, a verdade é que na vida real (empresas), o dia a dia quase sempre exige também priorização de agenda. Então, mostrar ao seu liderado que prioriza esse momento, pode ser importante para o engajamento e valorização.
Contexto & Histórico
Utilizar uma ferramenta de apoio para registrar as agendas de 1:1 pode ajudar a obter uma organização melhor dos assuntos, temas abordados, acordos, etc. Mas vale ressaltar que na vida real, isso é mais cultural e menos ferramental! Ou seja, se você fortalecer a cultura, uma folha em branco vai ajudar.
Relacionamento & Comunicação
Tudo começa com construção de confiança entre líder e liderado. Se coloque vulnerável, seja transparente e busque sempre ter uma comunicação clara e empática.
Frequência & Consistência
Não existe uma regra escrita em pedra, mas no geral, as agendas de 1:1 tem uma recorrência com tempo marcado, seja semanal ou quinzenal. Há ainda líderes que fazem uma agenda mensal ou quando há um motivo. Acho que o grande ponto aqui é falamos sobre relacionamento entre pessoas: o quanto estar distante do time pode impactar no engajamento? Será que falar com seu time uma vez ao mês é um tempo interessante? Você leitor, pode pensar: Ah, mas tenho diversas agendas já com esse liderado! Ok, mas…essas agendas tem como foco, cuidar de pessoas?
Autonomia x Controle: pessoas de produto, em geral, já possuem agendas para status report. Será que uma 1:1 quando utilizada para esse propósito motiva pessoas?
Pelos resultados da pesquisa, uma porcentagem considerável gostaria que esse momento não fosse sobre entregas e demandas.
Reflexões finais
Na pesquisa, dentre outros temas, perguntei também sobre os principais atributos de um líder, e o destaque é para habilidades softs como, empatia, gestão humanizada, inspirar, comunicação.
Em resumo, liderar ainda é uma relação de humano para humano e investir tempo no time é uma maneira muito poderosa para orientar equipes e obter resultados.
Também perguntei sobre a motivação para as agendas de 1:1, e o resultado foi uma nota de NPS 24. Isso é bom, é ruim?
Fica a reflexão para cada um de nós, líderes de pessoas de produto, afinal, pessoas de produto fazem produtos para pessoas.
Relacionamento e comunicação é uma das habilidades mais importantes para quem trabalha com produto. E embora tenhamos metodologia para aplicar pesquisa e entender o usuário, você não pode ir a lugar algum sem uma equipe forte.
Mas essa equipe é construída essencialmente por meio de pequenas iterações entre pessoas com as pessoas. O one-on-one é uma das ferramentas mais poderosas para levar seu time de produto para o próximo nível.
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