5 Livros não tão óbvios sobre Gestão de Produto

Amanda Bento
Mulheres de Produto
7 min readOct 27, 2021

Nada de Marty Cagan por aqui, vamos falar de outras fontes de inspiração para outras skills.

Procurando livros sobre gestão de produto? Não vai encontrar aqui.
Mas se tiver procurando livros sobre criatividade, construção de hábitos saudáveis e outras coisas que podem ajudar um PM a se desenvolver, você veio no lugar certo.

Gestão de Produtos é uma das partes mais legais da tecnologia e quase todo mundo já sabe disso. Nos últimos tempos a popularização da área catalisou cursos, artigos, TED Talks e demais fontes de conhecimento bem acessíveis e outras bem caras. Numa breve pesquisa no Google você encontra várias referências que podem ajudar a compreender essa carreira e a literatura indispensável para começar. Inclusive, recomendo esse toolkit do Product Oversee.
Como estou nessa jornada há um ano, venho me comportando como qualquer newbie e lendo tudo o que é possível sobre o tema. Percebi que algumas coisas se repetem, já se tornando teoria indiscutível e que outras coisas ainda não são explicadas.

Via Unsplash

Mesmo depois de ler Inspired, Continuous Discovery e outros grandes livros, fiquei me questionando:

  • Como ser criativa mesmo na hora de desenhar uma solução ou um protótipo?
  • Como organizar minha rotina e minhas ferramentas de modo presente inteligente?

Se você, meu leitor, ainda não me conhece, é justo te contar que minha graduação foi em Filosofia. Faço uma pós em Gestão de Projetos e recentemente conclui o curso de Digital Product Leadership. Contudo, por conta dessa graduação fora da curva, me questiono com frequência o porque das coisas e além disso, também me questiono sobre o quão aplicáveis essas coisas são dentro da minha realidade.

Percebi que, mesmo lendo muito e consumindo conteúdo focado na gestão de produtos, ainda me faltavam algumas peças para aprimorar mais minhas skills (softs e hards). Algumas delas eu encontrei lendo esses livros longo do último ano.

Espero que minha breve resenha de cada um seja instigante o suficiente para você incluí-los e antecipá-los na sua lista de leituras.

  1. Monja Coen — Aprenda a Viver o Agora

Nesse livro, fica muito claro a necessidade de se manter presente. Num tempo de volatilidade como esse em que vivemos, estar presente vai além do RSVP em convites de reuniões, tem a ver com ouvir e prestar atenção.

Me vi em situações (principalmente numa sexta feira às 17h) em que estava apenas de corpo presente numa reunião. Alguém chamava meu nome e eu estava com uma aba aberta olhando um airbnb em Floripa imaginando umas férias ainda longínquas.

Nesses momentos, eu morria de vergonha. Como eu poderia estar brisando numa reunião? Então percebi que não era só naquela reunião, era em todas as outras 10 reuniões que já tive aquele dia.

Enquanto lia esse livro da Monja Coen percebi que não estava presente em quase nenhuma parte do meu dia e que a avalanche da rotina estava me engolindo.

Isso me incomodou e então passei a tomar algumas decisões como recusar reuniões sem necessidade e bloquear momentos na minha agenda para as obrigações offline.

Consegui filtrar minha rotina e me manter mais consciente perante aos desafios que se revelam ao longo do dia. Meu foco cresceu de modo saudável.

No livro, a Monja Coen convida a uma reflexão prática de estar presente em todos os momentos, do despertar ao ir dormir, em cada refeição, em cada copo de água, em cada minuto. O livro instrui a importância de não deixar as coisas passarem e viver num modo automático nocivo. É um jovial convite para o despertar da consciência.

Para ouvir as pessoas e notar seus sinais, escolher onde quer estar presente e permanecer fiel a ausculta dos propósitos é indispénsavel.

2. Hábitos Atômicos — James Clear

Hábitos são invisíveis, mas seus efeitos negativos ou positivos são muito visíveis. Comecei a perceber, com esse livro, a importância da construção lenta das coisas, a constância. Como é preciso ter, além da paciência, uma constância para lidar com tudo o que compõe meu trabalho. Não faz sentido fazer muitas coisas de uma vez, sendo que podem perder a potência ou se tornarem insignificantes se não forem contínuas.

Percebi que que é preciso ter continuidade. Entregas precisam encontrar uma cadência que se torna habitual, tanto para o time, quanto para a própria pessoa gestora de produto.

Entendi que, muitas vezes, vai demorar um tempo para se ter entregas sendo feitas com mesma qualidade e eficiência que outras, mas o mais importante é que é preciso ter cadência sustentável para que cada uma faça sentido e se mantenha.

3. Manual de Limpeza de Um Monge Budista — Keisuke Matsumoto

Nesse livro, o autor, um monge, ensina como limpar a casa. Isso mesmo, é um manual de limpeza.

Você pode estar achando estranho, mas te garanto que não é. O livro passa pelo dia a dia de organização em um monastério budista, mostrando a importância de limpar as coisas daquela maneira. Do hall de entrada a um rolêzinho na rua, o monge te ensina a importância da higiene.

Ao fim, você percebe o verdadeiro poder da organização, que vai além da espacial. É preciso ter diligência mental para poder organizar e preparar o espaço físico e mental para desenvolver qualquer coisa: relações, refeições e até mesmo produtos.

Percebi que a organização parte de um princípio futuro: “Se irei fazer uso disso, é preciso deixar pronto para a próxima utilização”. Assim também encaro meus afazeres e as listas de prioridades que formam as decisões que tomo ao longo do dia de trabalho.

Passei a organizar as user stories de modo a estarem “prontas” da próxima vez que eu as conferisse. Comecei a organizar meus documentos estratégicos como pesquisas e documentações de features pensando “vou avançar nessa parte para da próxima vez eu poder revisar”.

Todas as listas, prioridades, relatórios e outras coisas do meu dia começaram a ser organizadas com uma disciplina quase monástica e pude notar a diferença na minha qualidade de vida e de entregas.

4. Criatividade SA — Ed Canull

Eu tenho quase trinta anos e ainda choro vendo filmes da Pixar. O último que vi — Lucca — me fez chorar ainda mais e depois de secar essas lágrimas, me fez procurar mais sobre a organização da Pixar. Foi assim que achei esse livro.

Ed é um dos fundadores da Pixar. Nesse livro, ele descreve os perrengues para da a luz aos primeiros filmes da empresa e as fofocas do Steve Jobs quando passou pela gestão da empresa. Contudo, mesmo lendo a narrativa do ponto de vista do Ed, é possível perceber a importância da criatividade em cada parte da empresa.

O grande X desse livro é que a criatividade depende diretamente da singularidade das pessoas. Toda a catarse que só um filme da Pixar é capaz de proporcionar é idealizada e feita pelo coletivo, por uma empresa construída em cima das melhores experiências e vozes que as pessoas podem trazer para o trabalho.

Criatividade não é algo só dos “criativos”. Não é só do design, ou do UX — é de todos do time. Compreender isso me tirou o lençol fantástico de que criatividade é algo intrinco de poucos profissionais e me fez perceber que às vezes, a solução que eu busco, está com um membro do time.

A criatividade não tem autoridade e nem cargo, ela está com todo mundo que desenvolve um produto e deve ser ouvida e estimulada sempre que possível.

Outro ensinamento só pra quem viu Lucca: SILENZIO BRUNO para todas os questionamentos da síndrome do impostor que possa aparecer na sua mente.

5. Sapiens — Yuval Noah Harari

Temos mais de 10.000 de civilização e em algum momento na história, alguém já teve uma ideia parecida com a sua.

Eu demorei um bom tempo pra terminar esse calhamaço, mas quando o fiz realmente valeu a pena. Nele, o professor Harari fala que a evolução da espécie (um tema que eu gosto muito) só se deu por meio de inovações. A todo momento, alguém teve e executou uma ideia que mudou o curso da história.

Essa sensação de que eu sou capaz de executar uma ideia que pode mudar o jeito de fazer algo existente é empoderadora. Muitas vezes me vi de frente aos negócios e produtos que trabalhei, quebrando a cabeça para pensar como aquilo poderia sanar dores existentes e catalisar algum potencial ainda não vislumbrado.

Percebo hoje que esse é um traço fundamental para mover não só a criatividade, mas a força para executar e entregar.

Obrigada por ler esse artigo! Se você gostou das minhas resenhas, eu sempre comento sobre os livros que estou lendo no Goodreads. Segue lá!

Amanda Bento gosta que chamem-na de Mands. É Especialista de Produto na Ambev Tech, Embaixadora das Mulheres de Produto e apaixonada por negócios. Além de ser formada em Filosofia, estuda Gestão de Projetos e adora escrever. Você compra seus livros aqui e pode também segui-la no Instagram e Linkedin.

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Amanda Bento
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product manager and professional writer. find me @mulheresdeproduto