A gente precisa mesmo AMAR o que faz?

Natane Nalin
Mulheres de Produto
2 min readJun 4, 2022

A minha geração é uma geração que entrou no mercado alguns anos atrás, com a quase obrigação de encontrar o tal do “propósito” no trabalho.

No checklist de ser bem sucedida, você só gabaritaria se encontrasse aquele trabalho “que te completa.” Que é a “materialização do seu propósito”. Aquele trabalho onde você “se encontra”. Onde é plenamente feliz e realizada. Onde você está realmente FAZENDO O QUE AMA.

Mas com o passar do tempo, muitas crises de ansiedade e diversos casos de burnout depois… a gente foi vendo que essa conta não fecha. Esse trabalho existe???

Não posso afirmar que esse trabalho não exista, mas com toda certeza não é a realidade da maioria de nós.

Ainda assim, toda a questão da felicidade e o tal do “amor” no trabalho ainda é muito romantizado por aí. Nas redes sociais em especial. É uma chuva de declarações para a empresa, o time, o chefe, o job, o projeto e todo mundo parece estar mais realizado que você.

A verdade é quem nas redes sociais, todo mundo quer sair “por cima”. E a gente precisa relaxar um pouco os nossos julgamentos, o que não é uma tarefa fácil.

Até porque, nem sempre o seu verdadeiro propósito vai estar relacionado com o seu trabalho. Achar que as duas coisas necessariamente vão ter uma relação direta é uma das maiores chaves da frustração profissional. Está cheio de gente desesperada pra achar um bendito de um propósito para chamar de seu dentro das empresas, mas não é assim que funciona! Ele pode simplesmente estar em outro lugar da sua vida e não ter nada a ver com o que você faz pra ganhar seu salário. E não tem problema algum nisso!

Sem contar que essa equação de “amor + talento + oportunidade” é uma grande loteria. Os premiados são pessoas de muita sorte, mas os não premiados não deveriam se sentir tão pressionados ou frustrados por isso.
É preciso ressignificar toda a nossa relação com o trabalho e tudo que botaram na nossa cabeça por anos, pra finalmente sofrer menos. Ou quem sabe um dia não sofrer mais…

Se você ama o que faz, aproveite esse prêmio! Mas “gostar” do trabalho já me parece que deveria ser o suficiente pra gente parar de se julgar.

É importante ter afinidade e alinhamento com a empresa, interesse e simpatia com as pessoas e algum nível de prazer com as atividades da rotina. Afinal, é onde você passa uma parte razoável da sua vida, então não pode ser algo que pese, que doa. Mas também não precisa ser só amor. O amor pode estar em muitas outras coisas.

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Natane Nalin
Mulheres de Produto

Produteira, Marketeira e planejadora de viagens nas horas vagas | Product Manager na Smart Fit