Autoconfiança: você precisa disso antes de definir sua próxima meta de carreira

Ok, já estou na posição que queria. Porque é tão difícil decidir o próximo passo, principalmente enquanto mulher no mercado de trabalho?

Quando estamos começando a construir uma carreira, definir uma meta profissional é menos difícil. E uso “menos difícil” porque não considero atribuir metas como fácil, independente do cenário. Mas, certamente, as coisas ficam mais complicadas à medida que vamos avançando na carreira.

Isso porque no início temos mais expectativas comuns à maioria: entrar na faculdade, conseguir o emprego X, fazer o curso Y. Depois que sabemos pra onde queremos ir, os primeiros “como” estão mais parecidos com o resto das pessoas que já estão lá.

Só que chega um momento que todas as metas óbvias foram cumpridas: estamos formadas, trabalhando há alguns anos na área, desempenhando o papel que sonhamos lá trás. E agora?

Tomar decisões sobre a carreira têm dois aspectos importantes: o contexto do mercado que está inserido, e o contexto pessoal. E nesse último caso, entra a grande subjetividade humana e todos os pesos das nossas socializações, inclusive dos preconceitos que enfrentamos.

“As decisões que você toma determinam o seu futuro”

Eu e muitas mulheres tivemos e temos a dificuldade de definir o próximo passo nesse cenário. Claro que não é uma dificuldade apenas de mulheres, mas pelo menos no meu caso, é um pouco difícil admitir que consegui tudo que tinha colocado como objetivo, e mais ainda falar em voz alta o que minha ambição espera alcançar num futuro.

No livro Faça Acontecer, a Sheryl Sandberg fala um pouco desse sentimento que tenho, e como ele é comum nas mulheres.

A ambição profissional é algo esperado para os homens, mas opcional — ou, pior, às vezes até algo negativo — para as mulheres. “Ela é muito ambiciosa” não é um elogio em nossa cultura. Mulheres agressivas e que jogam duro transgridem regras tácitas da conduta social aceitável. Os homens são constantemente aplaudidos por serem ambiciosos, poderosos, bem-sucedidos, ao passo que as mulheres com as mesmas características costumam pagar um preço social por isso. As realizações femininas custam caro.

E nós, mulheres, sabemos que as realizações realmente custam caro.

Arrisco dizer que o pior preço a se pagar é a pressão gigante por ser sempre muito boa. É aquele sentimento de que precisamos nos dedicar, estudar, se preparar muito para entregar 120% em tudo. No início, isso é um grande propulsor, porque aprendemos e conseguimos ganhar espaço com bons resultados.

Mas chegamos numa fase que não adianta tanto se preparar, é preciso agarrar a oportunidade e ir aprendendo no meio do caminho. Então como dizer pra nossa mente que aquele comportamento de saber muito para agir precisa ficar de lado? Como ter a coragem de assumir riscos de falhas e consequências cada vez maiores, quando sabemos que não estamos totalmente preparadas?

Essas dúvidas geram medo, que nos paralisa e abala a autoconfiança necessária para tomar decisões. E por isso fica tão difícil definir a próxima meta.

O lado bom é que, a partir do momento que identificamos esse comportamento, podemos agir contra ele. Não podemos deixar o medo nos paralisar, e mesmo com todo o desconforto que a decisão pode causar, precisamos falar em voz alta aquele desejo ambicioso que está lá no fundo da nossa mente. Pode ser um papel de liderança, de especialista, uma promoção… é importante ter controle sobre a própria carreira e não esperar que nada disso caia no nosso colo. Porque pode até cair, mas demora, e nem é sempre que acontece.

Aqui vão algumas dicas práticas.

Fale para sua liderança

Mesmo com a mão suando e o pé mexendo sem parar, junte toda a confiança que talvez você nem saiba que existe para falar em voz alta qual a sua próxima meta. Sua liderança precisa saber para te ajudar, e essa ação de ouvir você mesma dizer com convicção, te faz acreditar mais no que quer realizar.

Controle o seu medo do fracasso

Sim, pode ser que você não consiga, ou ainda esteja longe do que é necessário para atingir sua próxima meta. Mas se esse medo te paralisar, não tem como sair do lugar e ir melhorando.

Leia mais sobre autoconfiança feminina no mercado de trabalho

Você não está sozinha. Oprah, Beyoncé e Michele Obama já sentiram o mesmo que você. Ler sobre o assunto ajuda a perceber os impactos do machismo no comportamento feminino e dá um gás para seguirmos. Recomendo autobiografias de mulheres “self-made” que você admira, e os livros Faça Acontecer, The Secrect Thoughts of Successful Women e The Confidence Code.

Encontre uma oportunidade e comece

Não espere estar super preparada para começar. Quando ver uma oportunidade, levante a mão e se ofereça para fazer, se estiver num ambiente seguro. Mesmo que não dê certo, você sairá mais preparada do que quando começou. Ênfase no ambiente seguro, porque sabemos que em algumas realidades um erro pode não ser bem aceito, principalmente enquanto mulheres. O objetivo não é se precipitar e nem gerar uma ansiedade pela oportunidade que pode ser difícil de conseguir, mas se permitir aprender com a mão na massa se tiver a chance.

Por último, se conecte com mulheres. O Mulheres de Produto faz isso com excelência, e existem vários outros canais que nos permitem receber apoio e up de autoestima. Também estou disponível no Linkedin.