Como foi participar do meu 1º hackathon da vida (e ainda como mentora)

Marianna Piacesi
Mulheres de Produto
5 min readJun 26, 2018

Entre os dias 23 e 24 de junho tive a oportunidade de participar como mentora de design da maratona HackHealth, um evento de inovação tecnológica realizado em Brasília e promovido pelo Ministério da Saúde, UNESCO e pela comunidade do Hackathon Brasil que teve como o objetivo de criar soluções digitais com o tema: "Desenvolver novas tecnologias de informação e comunicação com foco na prevenção combinada com jovens".

Os participantes selecionados tiveram todas suas despesas pagas e as cinco equipes de 8 pessoas cada (formadas por programadores, designers e ativistas escolhidos por suas habilidades e capacitações específicas) ajudaram na tarefa e toparam se dedicar nessas 36 horas seguidas para encontrar uma solução a ser validada e implementada! Legal ressaltar que tivemos participantes de vários cantos do Brasil e de todos os gêneros 🏳️‍🌈! Foi uma excelente oportunidade de ouvir histórias incríveis, além de aprender e compartilhar experiências inspiradoras.

Os incríveis participantes da maratona HackHealth em Brasília.

Creio que eu possa falar por todos os participantes e organizadores da maratona que esse final de semana foi único e vai ficar registrado na nossa memória por um bom tempo. Assim como eu, muita gente nunca tinha participado de um hackathon (afinal, tínhamos muitos participantes que não foram escolhidos por skills técnicas, mas também por se destacarem como ativistas e líderes de causas sociais) e acredito que isso em momento nenhum foi uma barreira para conseguirmos fazer um evento não só divertido, mas ainda significativo e relevante para toda a comunidade envolvida.

“Sem dúvida alguma, foi um dos processos de seleção mais difíceis que tivemos até agora!” — Afirma o CEO e Fundador da Comunidade Hackathon Brasil, Richard Tordoya.

Falando um pouco mais da minha experiência pessoal, posso dizer que ando numa fase da minha vida onde nunca estou satisfeita comigo mesma. Sou muito insegura e preocupada com o que os outros vão pensar de mim, sei que isso acaba influenciando na forma como as pessoas me veem e as oportunidades que perco por conta disso, então resolvi fazer algo totalmente fora da minha zona de conforto para tentar quebrar essa dor: participar de um hackathon! Assim eu seria capaz de dialogar com um time que eu nunca teria visto na vida, teria que me obrigar a falar em público na hora de apresentar um pitch para defender minha ideia e ainda teria que dedicar umas boas horas para criar um projeto totalmente do zero. Bora encarar esse desafio!

Logo oficial de divulgação da maratona

Bom, não foi exatamente como eu pensei…

Cheguei a ser selecionada como participante, porém por conta de alguns imprevistos e urgências, acabei perdendo a vaga para uma outra pessoa mais rápida que eu. Mas ainda havia uma chance! Surgiu a oportunidade de participar não apenas como participante, mas como mentora. Sim, isso mesmo, como mentora para auxiliar os times na área técnica que eu atuo, design no caso.

Cheguei a ponderar bastante pois aquela insegurança toda que eu já tenho constantemente na minha cabeça veio à tona e pensei que não seria capaz de avançar tanto assim no meu esforço e talvez não fizesse sentido aceitar esse desafio. Achava que não era capaz de dar conta desse desafio e quase desisti. No entanto conversando com alguns amigos me dei conta de que era por causa de pensamentos como este que eu estava tendo naquele momento que eu continuava nessa bolha de insegurança, totalmente parada no tempo. Por conta dessas limitações mentais que eu sempre ficava para trás. Então eu aceitei, me entreguei ao medo e decidi que a partir daquele momento eu podia sim ser "mentora" por um final de semana rs por que não?

É engraçado que depois que passa você fica pensando o quão boba você é de pensar tanto numa coisa, se angustiar e se preocupar tanto numa apresentação, quando na hora mesmo dá tudo certo, passa rapidinho e você nem percebe. Recomendo esse tipo de experiência para todos. Aprendam a se entregar mais e se engajem a fazer coisas que vocês não estão acostumados a fazer. Saiam da zona de conforto, se arrisquem e vivenciem aquilo que vocês sempre quiseram fazer.

O HackHealth me fez conhecer pessoas maravilhosas, a equipe da organização é excelente; o tema sobre a conscientização e prevenção combinada do HIV é importantíssimo e bem válido e toda essa experiência me fez avançar um pouquinho mais longe na minha meta de aprender a me comunicar, ter coragem e me deixar levar mais.

A equipe organizadora, da esquerda pra direita: Edu Alves (Negócios e Parcerias), Gabriela Mendes (Design), Tayane Amaral (Co-fundadora do Hackathon Brasil), euzinha rs (Design), Evelise Rodrigues (Coaching), Guilherme Crusoé (Parcerias e Fidelização) e Richard Tordoya (Fundador do Hackathon Brasil).

Não, eu ainda tenho vergonha de falar em público. O coração ainda bate apertado e ainda dá aquele frio horrível na barriga. As coisas não mudam de um dia para o outro só porque você deu o primeiro passo. Mas como eu disse, já é um baita começo e um fiozinho de esperança pra continuar arriscando e se dedicando pra reverter esse cenário de sofrimento que eu batalho internamente comigo mesma todo dia. O importante é começar, dar o primeiro passo de muitos e continuar caminhando.

Acabou que dando esse primeiro passo eu descobri que a mentoria não era tão complexa assim quanto eu imaginava, consegui me aproximar e auxiliar as equipes dependendo do perfil que eu via que cada uma se encontrava. Tinham uns que já estavam super bem resolvidos com a proposta e os layouts, então nem precisei me envolver tanto; outros já precisavam de uma atenção maior e tinham algumas dúvidas técnicas e/ou ideias que poderiam ser melhor trabalhadas. Fui analisando cada caso separadamente e ajudando dentro do possível tentando orientar cada um com base nos conhecimentos que eu tinha e no que eu achava que a pessoa seria capaz de assimilar e aplicar ali na hora. E deu certo! :)

O resultado final foi uma maratona muito bem aceita e o time do projeto “Combinadas” foi o vencedor com uma ideia bem bacana com seu chatbot chamado Fer (uma pessoa sem gênero) que podia te orientar e também ser orientada a respeito da melhor forma de se prevenir, de forma bem imersiva.

A equipe vencedora com o projeto "Combinadas".

O mais bacana é que o Ministério da Saúde gostou muito de todos os projetos e está vendo ainda como implementar talvez mais de uma das ideias, pois todos os grupos se engajaram tanto que pretendem seguir com suas ideias para implementação real. Isso prova que o evento foi mesmo um sucesso e todos se sentiram conectados e realmente com aquela sensação de estar fazendo a diferença.

Aproveito para agradecer à toda a equipe organizadora pela oportunidade, espero poder participar de diversos eventos relacionados e aprender muito ainda com vocês; e agradecer ainda à todos os participantes pelos feedbacks e experiências compartilhadas.

Espero ansiosa pelo próximo hackathon (agora com um pouquiiinho mais de experiência no assunto ahah) e convido vocês a participarem também viu! ❤️

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