Como montar uma Matriz de Priorização para otimizar as entregas de produto

Entenda como montar uma matriz de priorização para otimização das entregas de produto

Hellen Damasceno
Mulheres de Produto
9 min readMar 28, 2022

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Priorizar os projetos dentro do time de produto nunca é uma tarefa fácil. Existem vários fatores que podem dificultar uma tomada de decisão assertiva para o futuro do projeto. Todas as matrizes que serão citadas neste artigo possuem características próprias de organizar essas variáveis para facilitar a priorização na condução dos projetos.

Antes de entendermos mais sobre a Matriz de Priorização, é importante sabermos mais sobre o contexto da exploração de outras matrizes. Para o desenvolvimento dessa matriz de priorização usamos como referência algumas existentes no mercado como: Matriz RICE, Matriz de Urgência e Importância e Matriz 4x4.

Conhecendo a Matriz RICE

Saber como priorizar a execução de um projeto é essencial para a otimização da produtividade do mesmo. Porém, decisões não podem ser tomadas sem um embasamento técnico, pois correm o risco de sofrerem o efeito de agentes externos, como os interesses e opiniões pessoais. Existem diversas razões para utilizar a matriz RICE, mas a mais importante é que ela nos posibilita trabalhar com prioridades claras.

A matriz RICE é composta por Reach, Impact, Confidence e Effort, ou seja, Alcance, Impacto, Confiança e Esforço.

Os três primeiros itens da matriz são pontuados e, ao final, divididos pelo último.

A matriz leva em consideração quatro critérios de priorização:

  • reach, que é o número de pessoas que serão afetadas pela demanda;
  • impact, que é o grau de impacto da demanda (massivo = 3, grande = 2, médio = 1, baixo = 0,5 e mínimo = 0,25);
  • confidence, que é o nível de confiança no resultado (alto = 100%, médio = 80%, baixo = 50% e mínimo = 20%);
  • effort, que é o tempo necessário para realizar a demanda.

Esses elementos significam, respectivamente:

  • Reach: Em tradução livre para o português, significa alcance. O primeiro medidor da matriz RICE busca estimar quantas pessoas serão atingidas pelo projeto em um dado período de tempo, que deve ser igual para todos os projetos comparados.
  • Impact: É a palavra inglesa para impacto. Esse critério busca fazer uma estimativa do impacto que será sentido por um indivíduo. Por exemplo, em um projeto de Marketing Digital que avalia a compra de anúncios no Google Adwords, a pergunta a ser feita pode ser: quanto esse anúncio vai ajudar a converter um lead que se depara com ele?
  • Confidence: Significa confiança. Esse é um fator importantíssimo para identificar projetos que são movidos mais por entusiasmo do que por pensamento analítico. Se você acha que o impacto causado por um projeto vai ser grande, mas não tem dados para corroborar esse pensamento, seu nível de confiança não pode ser tão alto.
  • Effort: Trata-se da tradução para o inglês da palavra “esforço”. Aqui, busca-se uma estimativa do total de tempo demandado de cada membro de seu time para a realização do projeto. A unidade de medida de esforço utilizada na matriz RICE é “pessoa-mês”. Em outras palavras, é o trabalho que um membro do time pode fazer em um mês. Ao contrário dos outros itens, quanto maior é o esforço, pior é para o projeto.

Como aplicar a Matriz RICE no dia a dia?

Uma vez que todos os fatores sejam estimados, é hora de combiná-los para chegar a um único valor. Para isso, é usada a seguinte fórmula: (Reach x Impact x Confidence) / Effort

Por exemplo, vamos imaginar que, para colocar o projeto para andar, se estima a chegada de 500 novas assinaturas de newsletter por mês. Nesse caso, o alcance determinado é 500/mês. Se outro projeto resultar em 1000 novas assinaturas, seu alcance é naturalmente maior.

Mensurar e quantificar o impacto é uma tarefa difícil e não há um método completamente científico. Assim, você pode utilizar a seguinte escala:

3 = impacto muito grande; 2 = impacto grande; 1 = impacto médio; 0.5 = impacto pequeno; 0.25 = impacto mínimo.

Na matriz RICE, confiança é medida por porcentagem. Para isso, a pessoa no comando precisa ser honesta consigo mesma e responder à seguinte pergunta: “o quão certo você está da veracidade de suas estimativas?”. Para colocar o conceito em números, utilizamos a seguinte tabela:

alta confiança = 100%; confiança média = 80%; confiança baixa = 50%. Qualquer valor abaixo de 50% não deve ser confiável o suficiente para ser considerado.

Então, um projeto que leva um mês de esforços combinados da equipe, vale uma pessoa-mês. Outro que exige 3 meses vale 3 pessoas-mês, e assim por diante.

Em outras palavras, você multiplica os valores determinados nos 3 primeiros itens e os divide pelo esforço necessário. O resultado final é o valor RICE.

A Matriz de Urgência e Importância

A Matriz de Urgência e Importância é uma estrutura simples para priorizar tarefas e gerenciar carga de trabalho. É uma estratégia que permite colocar em prática a seguinte citação do Dwight D. Eisenhower “Eu tenho dois tipos de problemas, o urgente e o importante. O urgente não é importante, e o importante nunca é urgente.” Tudo o que você precisa fazer é avaliar suas tarefas de acordo com a urgência e a importância.

Logo esta matriz é uma ferramenta, cuja proposta prevê que, para cada ação (projeto, atividade ou tarefa), seja definido se é importante ou se é urgente.

Para facilitar sua gestão do tempo de execução de tarefas, essa ferramenta foi criada por Dwight D. Eisenhower — general do Exército americano e posteriormente presidente dos Estados Unidos — e reproduzida por Stephen R. Covey em seu livro “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”.

A ferramenta busca organizar e priorizar tarefas classificando-as como urgentes ou importantes, facilitando o gerenciamento do nosso tempo e nos tornando mais assertivos em nossas ações. Então vamos a ela.

  • Ação importante e urgente (necessita de resolução imediata)
  • Ação que não é importante, mas que é urgente (não relevante, mas requer resolução imediata)
  • Ação importante, mas não urgente (é relevante, mas não demanda resolução imediata)
  • Ação que não é importante, nem urgente (não é relevante e nem necessita de resolução imediata)

Para entender o que está mais alto ou baixo na escala de prioridades é importante observar os níveis que vão de 1 a 4, sendo 1 o mais alto e 4, menos prioritário. Dentre os principais benefícios da utilização dessa matriz estão o aumento nos níveis de produtividade, mais clareza e organização nas atividades. Veja:

  • Priorização de tarefas mais urgentes e importantes para a equipe;
  • Melhoria nos índices de produtividade;
  • Resolução de eventuais problemas;
  • Maior agilidade na execução de tarefas;
  • Favorecimento da razão em detrimento da emoção;
  • Tomadas de decisão mais assertivas.

Matriz 4x4 ou de custo benefício

A matriz 4×4 leva em consideração dois critérios, que podem ser escolhidos por quem estiver montando a matriz. Normalmente as pessoas utilizam custo-benefício, urgência e importância, esforço e impacto.

Para cada um dos dois critérios é normal que sejam atribuídas notas de 1 a 4. Com base nisso, é possível montar um gráfico cartesiano e até quadrantes com sugestões de ações a serem tomadas.

O preenchimento da Matriz deve ser realizado da seguinte forma:

  • Ação: Projeto, atividade ou tarefa
  • Custo: Qual valor que irá custar em dinheiro
  • Benefício: Qual resultado positivo a ação trará
  • Informações Adicionais: Tudo aquilo que for relevante para a análise da ação, como o número de pessoas/equipe/setor envolvido e demais necessidades para a sua execução
  • Nível de Prioridade: preenchido apenas quando todas ações estiverem listadas, a partir da análise do quanto a ação irá custar e do esforço empregado em relação ao benefício que trará ao negócio.

Conforme Barros, o Benefício pode ser definido de maneira quantitativa, qualitativas ou ambas:

Quantitativa: definição em valores numéricos (por exemplo, acréscimo de R $5 mil no faturamento) ou em porcentagem (crescimento de 15% nas vendas).

Qualitativa: descrever em texto o que a ação trará de positivo.

Ambas: quando as duas maneiras são utilizadas na mesma matriz.

A Matriz de Priorização

A matriz de priorização é uma ferramenta que estabelece quais tarefas / ou características da feature devem ser priorizadas primeiramente. Ela é montada em quadrante ou gráfico. A avaliação ocorre com base em critérios definidos de forma efetiva para colocar seus esforços nas iniciativas certas por ordem de prioridade de importância ou qualquer outro critério a ser definido pelo executor da matriz.

Após os estudos das matrizes dispostas acima, a Matriz de Priorização foi pensada a partir de dois critérios de análise: Complexidade e Viabilidade.

Ela foi desenvolvida em duas visões para que pudéssemos ver de forma clara e objetiva quais features de um produto necessitavam de priorização para a construção do MVP.

Na Matriz de Priorização V1, temos dois eixos para classificar e priorizar cada feature:

No eixo Complexidade existem as seguintes definições: Fácil, Moderado e Complexo

No eixo de Viabilidade existem as seguintes definições: Não pode faltar, é importante e Pode esperar.

Matriz de Priorização v2, leva em consideração os mesmos critérios da v1, porém abrimos um leque maior dos eixos de Viabilidade.

Neste eixo, existem as seguintes definições: Não Pode Faltar, É Importante, Pode Esperar, Aprimoramentos e Não Aplicáveis.

No eixo Complexidade permanece as definições: Fácil, Moderado e Complexo

Essa matriz pode ter duas visões: Matriz Macro e Granular

A Macro, traz uma versão resumida desta aplicação, que pode ser dividida em entregas e ainda subdivididas em fases (caso seja necessário) dependendo da complexidade do produto + fase de estudo.

Essas divisões foram feitas a partir da identificação dos grupos de features que podem ser desenvolvidas e entregues paralelamente.

Já a versão Granular, além de trazer essa divisão em entregas e fases, ela foca no detalhamento das features e no agrupamento do seu desenvolvimento.

Então funciona mesmo? Sim, funciona e aprendemos muito com tudo isso.

Evidenciando os aprendizados e evoluções

A gestão de produto não é uma ciência exata. Mais do que matrizes, é de suma importância entender os objetivos dos steakholders, da equipe e do usuário e mais do que isso, conseguir visualizar o papel de cada funcionalidade, seu grau de priorização e importância para então traçar o caminho para desenvolvê-las. Porém, utilizar a matriz de priorização é uma forma de contar com algum tipo de base científica para ter segurança nas tomadas de decisões.

Mas, o que aprendemos e evoluímos neste processo construtivo?

  • Apresentamos de forma mais clara e realista o roadmap do produto, dando visão do planejamento e complexidade do processo de exploração e ideação;
  • Riqueza e entendimento das features para criação de um novo produto;
  • Otimização do tempo da exploração e assertividade na construção de novas funcionalidades;
  • Maior qualidade na execução da exploração e, consequentemente, na primeira versão do produto, tendo em vista a proximidade das fases com a área técnica da squad;
  • Maior assertividade de viabilidade técnica do produto e visão sobre prazos e entrega;
  • Facilidade para tangibilizar o produto de maneira otimizada, diminuindo a necessidade de refação pós critique.

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Hellen Damasceno
Mulheres de Produto

Sou Marketóloga pela UNINTER, com 9 anos de carreira na área de CX e 4 anos em projetos. Apaixonada pela área de produtos e atuante na área desde 2020.