Mayara Vendramin Pasquetti
Mulheres de Produto
4 min readJul 8, 2020

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Como muitos dos meus colegas, eu entrei na Biologia porque à época ela era tida como “a profissão do futuro”. Sempre fui uma pessoa extremamente curiosa e inquieta: eu queria fazer parte das descobertas que poderiam mudar o mundo. A ciência tem, sem dúvida, o seu lado fascinante. Me formei em biologia em 2011 depois de ter explorado diversos laboratórios em áreas como microbiologia, genética e citologia vegetal, mas decidi fazer meu mestrado e, posteriormente, meu Doutorado, em Bioquímica. Embora o nome oficial seja esse, a verdade é que acabei me especializando em Neurociências. Mais especificamente em Epilepsias. Mais especificamente ainda em Análise Computacional em Epilepsias.

Essa é a mágica e a maldição. No Brasil, a ciência é feita majoritariamente dentro de universidades e, inevitavelmente, você se descobre sabendo muito sobre muito pouco. Muito da ciência acaba sendo superespecializada e distante das reais necessidades dos problemas e necessidades do mundo. Muitos dos resultados que se obtém na “ciência acadêmica” não serão nunca realmente utilizados e são comunicáveis provavelmente para uns 100 outros cientistas que trabalham exatamente com a mesma especialidade. Cedo ou tarde eu descobri que essa ciência acadêmica não era mais pra mim. O trabalho tem sim de ser vital, importante e uma grande parte da vida das pessoas, mas eu não queria dedicar todo meu tempo a ele, muito além do horário comercial. A diferença entre o veneno e o remédio é a dose.

Terminei meu doutorado em setembro de 2019 e já estava há algum tempo desanimada, buscando minhas opções fora de universidades. Elas são poucas e não me pareciam muito atraentes. Eu já trabalhava com programação em Matlab desde 2012 e só faltava um empurrãozinho para decidir que estava na hora de mudar completamente. Um belo dia, entre uma cerveja e outra na noite carioca, conversando com uma amiga (Nastacha de Avila, responsável por Marketing e Produto nas empresas de tecnologia Akross e Mobicare) ela comentou como a busca por pessoas na área de desenvolvimento andava árdua. Tanto que as duas empresas estavam organizando uma escola, feita especialmente pra treinar novas pessoas já num ambiente empresarial e desenvolver novos talentos na área de tecnologia, a DevSchool. Eu só precisava estar matriculada em um curso de graduação. Já dizia Charles Darwin que as espécies que sobrevivem não são as mais fortes ou mais inteligentes, mas as que se adaptam melhor às mudanças. Eu precisava mudar e me adaptar.

Transição de carreira

E foi assim, com o foco de entrar na DevSchool, que decidi me matricular no Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Fiz todo o processo seletivo, desde os testes online, dinâmica de grupo e entrevista, quando eu decidi exercitar minha ousadia: buscando entender melhor as empresas para me destacar no processo seletivo, descobri uma vaga de estágio na área de Análise de Dados, mais especificamente na Akross. Para contextualizar um pouco melhor, a empresa conta com a maior Plataforma de Gestão de Serviços Digitais da América Latina, atuando como camada entre Operadoras Telecom ↔ Parceiros de Conteúdo ↔ Assinantes. A plataforma possui inúmeros recursos para garantir que as pessoas que estão usando possam ter transparência na contratação de serviços digitais. Para vocês terem uma ideia, são +50 milhões de assinaturas, +300 serviços disponibilizados para assinatura, + 40 empresas parceiras de conteúdo e mídia. Ou seja, a área de BI por lá é muito forte.

Como comecei a trabalhar com BI

Durante a entrevista do curso manifestei meu interesse pela vaga, e descolei uma oportunidade. Analisar dados é virtualmente o cerne de qualquer pesquisa científica. O importante era saber identificar padrões, análise crítica e capacidade de resolver problemas. Peguei um atalho no caminho e consegui a vaga. No dia 10/06/2020 completei 6 meses trabalhando como Estagiária de Analytics Business Intelligence.

Nesse tempo já aprendi muito sobre o mercado de serviços, especialmente em telecomunicações; aprendi sobre padrões de consumo de clientes, indicadores, campanhas de incentivo, plataformas e ferramentas de gestão e banco de dados. Entendi como as metodologias ágeis são realmente úteis para entregas e estou atuando como Scrum Master da minha área, ajudando a organizar as demandas. Além disso, consigo diariamente aproveitar boa parte dos conhecimentos que aprendi na minha jornada acadêmica, colocando em prática em problemas reais, que geram retorno para minha empresa e para empresas parceiras da Akross.

Hoje, as profissões do futuro são as ligadas à tecnologia — das 15 Profissões Emergentes em 2020 mapeadas pelo LinkedIn no Brasil, nove estão diretamente relacionadas à tecnologia da informação — e, as relacionadas à área de dados, sempre despontam como as principais carreiras. Sinto que tomei a decisão correta, que estou numa área e numa empresa que me permitem crescer todos os dias. Ainda tenho um longo caminho de aprendizado pela frente, mas a paixão por estudar eu não perdi (o maior tempo que eu não estive matriculada numa universidade nos últimos 10 anos foi 1 mês).

E por fim, algumas dicas:

Para finalizar, caso alguém aí do outro lado esteja pensando em transição de carreira, minhas dicas são:

  • Tenha coragem, tanto para mergulhar na mudança quanto para dar a cara a tapa e procurar oportunidades;
  • Não pare de estudar, as carreiras de tecnologia evoluem muito rápido e é preciso acompanhar o mercado;
  • Descubra como vender a sua bagagem, como aproveitar o conhecimento que te trouxe até aqui, ele nunca é irrelevante, só precisa ser redescoberto.

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