Como se posicionar profissionalmente e crescer na carreira no mercado de Tecnologia? — 3º MeetUp MDP Floripa

Cassiane Vilvert
Mulheres de Produto
6 min readSep 3, 2018

Escrito em co-autoria com Bruna Gonçalves, Product Manager na Disruptiva e organizadora do MDP Floripa.

Em um cenário cada vez mais competitivo, se posicionar bem profissionalmente e crescer na carreira são dois grandes desafios para quem está no mercado de trabalho — independente do nível de ‘senioridade’ ou da idade.

Imagina para mulheres — que trabalham, em média, três horas por semana a mais do que os colegas do sexo masculino e, mesmo com um nível educacional mais alto, ganham (em média) o correspondente a apenas 76,5% do rendimento dos colegas.

Imagina no mercado de tecnologia — que é majoritariamente masculino, onde mulheres ainda são promovidas 3x menos que os homens.

É, ser mulher no mercado de tecnologia é um desafio. Mas nós estamos lutando para mudar isso!

Por isso em Floripa, a Ilha do Silício, escolhemos o tópico “Como se posicionar e crescer em TI?” para debater em nosso terceiro MeetUp, que reuniu quase 30 mulheres na sede da Nexxera.

Maria Eduarda, da Nexxera — foto: Laura Piazza

Uma visão da psicologia e do RH sobre posicionamento da mulher no mercado

A primeira talk da noite feita pela Luisa Simon, Líder de Recrutamento na Softplan, sobre como a psicologia pode nos ajudar diariamente a nos entendermos e melhorar nosso posicionamento profissional.

Durante a talk, Luisa compartilhou com o grupo vários aprendizados pessoais da sua trajetória e trouxe alguns números impressionantes, para não dizer assustadores, como:

  • Para se aplicar a uma vaga, mulheres esperam ter 100% dos requisitos, enquanto os homens esperam atender apenas 60% dos pontos.
  • Durante as entrevistas de emprego, as mulheres gastam mais tempo rebatendo as questões dos entrevistadores, uma vez que são feitas, em média, 3 perguntas a mais do que aos candidatos homens.
  • Também durante as entrevistas, elas são cortadas (interrompidas durante a fala), em média 5 vezes, enquanto os homens têm uma média de 4 vezes.

Percebemos que a desigualdade já começa no momento da entrevista de emprego, mas precisamos quebrar principalmente esse estigma de preencher 100% dos requisitos de uma vaga. Então se você quer participar de um processo seletivo, aplique-se!

Luisa também trouxe o seu conhecimento em psicologia para falar do conceito de viés inconsciente, que muitas vezes nos impede de voar na carreira.

O viés é como um banco de dados que guardamos ao longo da vida e dita o modo como agimos e falamos. A criação dos nossos responsáveis, amigos, coisas que vimos na televisão e tudo com o que tivemos contato durante a vida até agora formam esse viés.

Tanto homens e mulheres agem conforme o seu inconsciente e é preciso muito trabalho e reflexão para entender como isso acontece e conseguir mudar as nossas atitudes.

Assim, quando enfrentamos situações de machismo, como ser interrompida durante uma reunião, não necessariamente quem o fez, fez propositalmente, pois a pessoa agiu conforme o seu viés inconsciente e, para ela, aquilo é “normal”.

Por isso, é preciso apontar, apontar e apontar como as atitudes machistas no ambiente de trabalho não são “normais”, e trabalhar para mudar esse inconsciente.

Além disso, Luísa contou como construir uma Marca Pessoal pode ajudar mulheres a se diferenciarem no mercado e indicou a leitura do livro “Personal Branding” de Arthur Bender.

A marca pessoal está ligada a nossa essência: ela é aquilo que nos diferencia dos outros. Então, tudo começa com o autoconhecimento, entendendo nossas forças e fraquezas e, principalmente, sabendo onde queremos chegar.

Sobre isso, Luisa sugeriu de nós perguntarmos para conhecidos qual adjetivo nos caracteriza, pois isso é a nossa personal branding e deixou como sugestão nós procurarmos ocupar os espaços vazios. Coisas como aceitar ou se oferecer para dar palestras (no curso que você se formou, na sua empresa etc), participar de eventos que te interessem, coordenar encontros e até trabalho voluntário.

O ponto mais importante é: fazer aquilo que faz sentido para você e que vai te ajudar a chegar onde deseja.

A apresentação completa você pode ver abaixo. 😉

Trajetória e experiência de quem chegou à liderança em TI

A segunda talk (super inspiradora!) foi feita pela Cristina Bittencourt, Sócia-Fundadora da Agriness, sobre como podemos vencer os desafios diários de trabalhar em ambientes majoritariamente masculinos, para crescer e chegar em posições de liderança.

Cristina compartilhou conosco um pouco da sua história de carreira e da realidade que vive hoje onde, de quatro sócios, ela é a única mulher.

Trabalhando com tecnologia para o ramo de agronegócio, Cristina compartilhou diversas situações com as quais quase todas nos identificamos.

Coisas que vão desde ser ignorada em reuniões no inicio da carreira, até achar que ~é tudo coisa da nossa cabeça~, e deu conselhos com base na sua experiência sobre como podemos lidar com esse tipo de atitude muitas vezes não proposital dos colegas.

Cristina na sua apresentação — foto: Laura Piazza

Além disso, também falou sobre representatividade, o ‘gap’ que ainda existe no mercado com relação a mulheres em tecnologia — especialmente nas áreas de desenvolvimento e programação, e sobre como estimular mulheres a se interessarem pelas área de produto e TI.

Mulheres entram no mercado com características que são muito importantes para a área de TI, principalmente para a criação de produtos. Porém, na área de desenvolvimento, na maior parte das vezes, não chegam currículos de mulheres — e esse cenário nós precisamos mudar.

Dicas da Cristina para se posicionar e crescer na carreira em empresas de Tecnologia

  • “Sendo confiante você conquista confiança”. Confiança é o começo do caminho. Por isso, confie no que você está fazendo!
  • Invista em autoconhecimento (sim, ele de novo!): saber o que você quer e onde quer chegar vai lhe ajudar a crescer!
  • Fique perto de pessoas que incentivam seu crescimento: construa relações de confiança mútua e redes onde você consegue se desenvolver, aprender e trocar experiências. (Aliás, se você leu até aqui e ainda não está no Slack do MDP, entra aqui).
  • Evite pré-julgamentos — principalmente com outras mulheres. Seja uma mulher que levanta outras mulheres!
  • Exercite sua inteligência emocional e aprenda a identificar seus sentimentos: por que estou sentido isso? como isso me bloqueia?
  • Desafie-se, acredite e busque ser o que você quer ser!

A apresentação completa da Cristina você vê abaixo:

Você acha que acabou, @?

No final da noite nossa roda de conversa ainda discutiu temas que enfrentamos diariamente como:

foto: Laura Piazza

Desigualdade salarial e como podemos negociar, justificar e questionar remunerações diferentes por gênero, reivindicando salários compatíveis com entregas e funções.

Necessidade de reafirmação e a sensação de que precisamos sempre provar capacidade, jogo de cintura e competência — mantendo sempre a cordialidade e tendo sempre que justificar que “não, eu não estou de TPM”.

Além disso, compartilhamos entre nós histórias de empoderamento, superação e experiências internacionais. Falamos sobre sucesso; carreira; questões geracionais (afinal, não é porque a pessoa tem 50 anos que não pode mudar) e de gênero; equilíbrio de vida pessoal, doméstica e profissional; e como podemos cada vez mais ocupar nossos espaços!

Voltamos pra casa inspiradas, fortalecidas e pensando no próximo encontro! Vem com a gente no próximo?

foto: Laura Piazza

O Mulheres de Produto não para de crescer: já somos mais de 1.000 mulheres em todo o Brasil que atuam na área de tecnologia ou tem interesse em TI. Junte-se a nós no slack!

Procurando uma próxima leitura? Eu recomendo o post: 4 conselhos sobre carreira para mulheres — de Sheryl Sandberg, COO do Facebook

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