Entrevista com Adriana Esteves

Luiza Sangalli
Mulheres de Produto
5 min readJun 18, 2018

Nesse artigo vamos mostrar como foi o bate-papo super bacana que a Talita Morais teve com a Product Manager, Adriana Esteves. Vem com a gente!

Como você iniciou sua carreira de PM?

“Eu comecei lá atrás, há 12 anos… fui querer estudar artes gráficas, queria ser uma designer descolada (risos), na minha primeira aula de Photoshop percebi que eu era muito ruim e que eu teria de desenvolver muita habilidade o que levaria um tempo muito grande, foi quando eu comecei a ver as aulas de cálculo.

Gostei muito das aulas de cálculo comecei a ver que tenho um perfil muito técnico, muito de exatas, eu gosto de engenharia.. e comecei a abrir o leque para entender mais de tecnologia no meu então mercado, mercado editorial e gráfico.

Depois de muitos anos já trabalhando como analista de implantação de sistemas para essa indústria eu comecei a ver que não somente dentro de editoras, eu poderia trabalhar com muitos outros mercados, publicitário, marketing enfim…

Segui então trabalhando na implantação, viajei o brasil para implantar sistemas ERP e aí chegou um momento em que eu saí da indústria gráfica e fui para a área de publicidade, propaganda e marketing e foi bem legal porque abriu um novo mundo.

Saí então um pouco de indústria e fui para a área de departamentos, bem fechados, bem modernos inclusive e eu gostei bastante porque dentro de cada departamento cada um tem sua característica, dentro de cada empresa cada um tem sua característica pude conhecer bastante gente.

Trabalhei com projetos de banco, empresas de cosméticos e entendi a necessidade de cada um, conforme implantava eu fazia um pouco do papel de PO/PM.

Eu recebia uma demanda do cliente e essa demanda me fazia entender se aquilo era bom ou não para o produto e também para aquele cliente, eu devolvia isso para o time de desenvolvimento, então, já há seis anos eu era uma gerente de projetos que já começava a entender um pouco de produto e foi onde tudo começou.”

Quais são as skills necessárias para se tornar uma ótima PM?

“Acho que em todas as empresas em que eu passei eu pude aprender um pouquinho e aquilo me preparou para ser o que eu sou hoje, acho que todo mundo passa por isso, tudo de bom e tudo de ruim também.

Eu acho que o principal foi saber me comunicar, porque, pra eu poder fazer um bom produto, para poder fazer uma boa feature e colocar no mercado, eu preciso entender o que de fato aquele usuário, aquela pessoa, aquele grupo precisa e aí eu acho que saber tirar isso do cliente também é importante…

…É preciso saber interrogar o cliente para saber se é isso, então, acho que o principal é saber se comunicar e entrevistar mais as pessoas para começar a descrever alguma coisa…”

Você tem alguma referência feminina na sua carreira?

“Desses 12 anos trabalhando com sistemas eu tive só um chefe mulher, todos os meus diretores e CEO’s eram homens, ela pra mim sempre foi e sempre vai ser uma referência.

Ela é alemã sempre fui muito workaholic.. estava sempre fazendo mais de uma coisa ao mesmo tempo, e ela me ensinou muito indiretamente. Me ensinou a ser uma pessoa curiosa, uma pessoa organizada, ela era muito organizada, por exemplo, em uma reunião, ela já fazia e ata e entregava ao final. Tem muita gente que acaba a reunião e envia a ata sete dias depois, essas pequenas coisas ela foi me ensinando e foi muito bacana.

Não tive outras chefes mulheres, mas, tem pessoas que eu me espelho, então, acho que a gente tem que se inspirar nas coisas boas de todo mundo, diariamente, tento pegar isso de uma pessoa independente da hierarquia.”

Como você se preparou para ser Product Manager?

“Assim como a gente também tem que saber se comunicar bem, temos que ler e estudar bastante…

Há uns quatro anos atrás eu recebi um conselho de um CTO que é uma referência hoje pra mim, ele me disse que precisamos estudar e não necessariamente estar sempre fazendo MBA e ou uma pós- graduação, mestrado, até porque, dependendo da tecnologia, em dois anos ela já está obsoleta… então é sempre bom ler.

Eu tento buscar algumas referências lá fora e aí vem de sites, alguns livros, agora que estamos falando bastante de gestão de produtos tenho acompanhado o mindtheproduct.com que é bem bacana, tem bastante referência… ou seja estamos começando a ter lugares onde podemos buscar informação, ficando mais fácil para o pessoal que está querendo começar agora.

Antes disso, aprendíamos pegando matérias aleatórias, assuntos aleatórios para formar um conceito do todo, eu acho que essa é a grande leva também porque dentro da área de produto você tem que falar com tanta gente, tantas áreas que você tem que entender de tudo de um pouco.

…Não é apenas gerenciar o produto tem que entender o que é aquilo, pra onde vai aquilo, dependendo do produto tem que saber um pouco mais de RH ou de outro um pouco mais de financeiro e você não é especialista em uma dessas áreas, mas que legal, o produto está te dando a chande de aprender mais sobre aquilo.”

Porque você acha que o número de mulheres é menor do que o número de homens na tecnologia?

“Primeiro eu acho que o número de mulheres é menor porque não tinha muita mulher interessada eu acho que isso começou há alguns anos… sempre teve pelo menos uma mulher dev nos times em que eu trabalhei, e eu já trabalhei em um time em que tinham 38 pessoas, 3 delas, mulheres.

Mas eu acho que o número é pequeno porque não havia tanto interesse e o interesse passou a vir com o tempo, agora eu percebo isso.

Em 2008 quando eu trabalhava implantando sistemas só tinha 1 (uma) dev, fiquei lá por 4 anos e não entrou outra mulher, mas não significa que a empresa não contratava, era igual, não havia diferença.

Acho que o interesse aumentou nos últimos anos e inclusive as comunidades ajudam a despertar e a falar de inseguranças. Muitas vezes a minha insegurança é a sua e juntas podemos nos ajudar, isso é sensacional.

… Sem comunidade, antes, as mulheres ficavam com receio de entrar nesse meio, o mundo já é preconceituoso, mas eu acho que quando a gente divide fica mais leve aquele problema e dá mais vontade de querer enfrentar.”

Qual conselho você daria para quem quer seguir essa carreira?

“Primeiro, ninguém nasce PM, segundo, PM não é dono de nada, então se você quer ser PM por orgulho, PM não faz nada sozinho e isso eu aprendi. Para mim ser PM é dar uma ajuda ali no meio de campo para chegar ao gol e todo mundo fazer esse gol junto e quando não faz o gol, aprender para treinar de novo até acertar.

Acho que PM é formado com o tempo, agora apareceram algumas escolas, temos uma em São Paulo e outra fora do Brasil e isso é bom porque mostra que o mercado possui essa demanda.

Mas acho que a melhor coisa é você ter pequenas experiências em diferentes setores.

Eu nesses 12 anos aprendi a implantar, aprendi a gerenciar projetos, então eu saí de uma área de execução fui pra uma área de planejamento depois pra uma área de gestão então isso me ajudou hoje a ver o algo como um todo…”

“A professional video camera records a woman sitting in a room lined with bookshelves” by Sam McGhee on Unsplash

FIM!

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Luiza Sangalli
Mulheres de Produto

Group Product Manager apaixonada por produtos, tecnologia, inovação e transição de carreira.