Eu, mentora? O que eu tenho pra ensinar?

Camila Moura
Mulheres de Produto
4 min readAug 6, 2024

Nunca imaginei que a experiência de ser mentora me transformaria tanto quanto me transformou. A jornada de mentoria foi um presente inesperado que me proporcionou aprendizados valiosos e a oportunidade de me conectar profundamente com outras mulheres. Neste artigo, compartilho minhas reflexões e convido você a embarcar nessa jornada comigo.

Sou grande fã do Programa de Mentoria do movimento Mulheres de Produto, minha primeira participação foi em 2022, quando entrei como mentorada em um momento de grande confusão na minha carreira em que eu havia recentemente mudado de empresa para uma área ainda em desenvolvimento e estava questionando minha capacidade de enfrentar os desafios daquele contexto, o programa foi essencial para mim, pois me conectou com minha mentora, Marília Monteiro, que me empoderou, ensinou e deu o suporte necessário em um período tão complicado.

Neste ano, novamente vi que as inscrições estavam abertas para mentoras e mentoradas. Primeiramente, me inscrevi para receber mentoria, e foi uma escolha excelente, pois fui mentorada pela incrível Thaís Rigolon, que foi peça fundamental no meu momento atual de carreira e decisões de próximos passos. No entanto, apesar de já ter feito minha inscrição, eu ainda sentia uma inquietação já que eu tinha um desejo genuíno de retribuir à comunidade e às mulheres que me ajudaram, e queria mentorear outras mulheres de forma a concretizar essa vontade de contribuir. Mas, sempre que abria o formulário de inscrição para mentorear, me questionava: “Eu, mentora? O que eu tenho para ensinar?”.

Abri e fechei o formulário várias vezes sem enviar minha inscrição. Até que, num momento de coragem, decidi enviar. Confesso que sempre pensei que não seria aprovada para ser mentora, seja por não ter experiência relevante ou não ser capaz de fazer alguma diferença prática, uma série de medos e receios se passavam pela minha cabeça, reflexos da insegurança e síndrome de impostora que me acompanha quase sempre e faz eu me questionar sobre a minha capacidade.

Quando fui aprovada para ser mentora, a princípio, fiquei em estado de choque e imensamente feliz. No entanto, logo surgiram novos medos: e se ninguém me convidasse? E se eu não conseguisse contribuir de forma significativa com minhas mentoradas?

O programa começou, e para minha surpresa, algumas mulheres me enviaram convites para mentoria. No meio dessa jornada de incertezas, tive a oportunidade de mentorear duas mulheres excepcionais, a Jaqueline Rocha e a Thamyres Lyrio. Nossas primeiras conversas foram marcadas por uma grande dose de medo, mas logo as coisas fluíram de forma tão natural que parecia que eu já tinha feito isso milhares de vezes.

Compartilhar e viver essa jornada com elas ao longo de 3 meses foi com toda a certeza uma das melhores coisas da minha vida já que nenhuma experiência que eu vivi pôde me ensinar tanto em tão pouco tempo. A cada encontro, eu precisava me reinventar e explorar novas abordagens, pois os objetivos de carreira delas passaram a ser meus também. Acompanhar o desenvolvimento delas, ver a confiança crescer e reconhecer o potencial extraordinário que cada uma possuía tornou-se uma missão pessoal. O ciclo chegou no fim em julho, quando elas compartilharam que eu fui capaz de fazer a diferença em suas jornadas, foi uma sensação única que eu precisava dividir para que outras pessoas também pudessem viver isso.

Dentre os inúmeros aprendizados que tive ao longo dessa jornada, esses foram os maiores:

  • Ensinar é também aprender: Entrei achando que iria ensinar, mas aprendi muito mais com essa experiência. Cada conversa com minhas mentoradas trouxe novos ensinamentos e me estimulou a buscar mais conhecimento sobre temas que poderiam contribuir para seu desenvolvimento.
  • Valorize e reconheça sua história: Todas nós temos uma trajetória única, com experiências e aprendizados valiosos. Durante a mentoria, pude reviver e valorizar momentos que havia esquecido, e reconhecer a importância desses episódios foi fundamental.
  • Vai com medo mesmo assim: Muitas vezes, a insegurança e o medo podem nos paralisar. Minha dica é agir apesar do medo; se deixarmos que ele nos domine, podemos perder oportunidades incríveis. Se eu não tivesse enfrentado meu medo, não teria vivido as experiências maravilhosas que tive nos últimos meses.

Essa experiência foi transformadora. Ao mentorear, não apenas ajudei a moldar o caminho de duas mulheres incríveis, mas também descobri a força e o potencial que eu mesma possuía. Foi um lembrete poderoso de que, quando compartilhamos nosso conhecimento e experiências, também recebemos de volta em formas que nunca imaginamos.

Portanto, convido você, mulher, que tem o desejo de fazer a diferença, a se unir a comunidade como mentora. Se o medo e a insegurança estiverem te impedindo, lembre-se de que são exatamente esses desafios que nos fazem crescer. Ao dar esse passo, você não só contribuirá para o desenvolvimento de outras mulheres, mas também se conectará com uma comunidade de apoio e transformação.

Lembre-se, você tem muito a oferecer, e sua jornada de mentoria pode ser o começo de algo incrível.

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