Minha experiência com o Programa de Mentoria Mulheres de Produto

Durante os últimos meses tive a oportunidade de ser mentorada através do Programa de Mentoria do movimento Mulheres de produto. Me lembro que no momento da seleção eu me encontrava totalmente confusa, meio sem rumo, namorando UX e cheia de inseguranças.

Uma prima muito querida que já era da área bateu um papo comigo, me incentivou muito e me apresentou o movimento. Por coincidência – que hoje eu já acredito não ser tanta coincidência assim – o programa de mentoria estava com as inscrições abertas e lá fui eu. Me lembro de pesquisar sobre o movimento e me encantar. Um grupo de mulheres e para mulheres, cujo objetivo era reunir todas as interessadas ou que já atuavam em tecnologia.

Então em inscrevi e abri meu coração, contei a pessoas que eu nunca havia visto na vida sobre minhas inseguranças, minhas angústias, os obstáculos que havia encontrado ao longo do caminho pessoal e profissional, meus desejos, meus sonhos. Esse era o primeiro passo que eu daria para uma transformação sem precedentes.

Eu nunca fui de me abrir facilmente, falo pouco, desabafo com pouquissimas pessoas, mas por algum motivo me vi vulnerável, no bom sentido.

Deu certo!

Fui selecionada e depois de três meses descobri que a seleção foi exatamente pela minha história, por me colocar vulnerável, por pedir ajuda, me abrir pra mulheres absolutamente desconhecidas.

Então o Programa de Mentoria do Mulheres de Produto surgiu como um sinal de confirmação. Há semanas eu vinha paquerando migrar pra UX, já tinha feito alguns cursos livres, já achava que poderia ser o meu caminho, mas temia muito não conhecer nada da área, quem levaria a sério alguém de Direito migrando pra Tecnologia!?.

Só quem acompanhou tudo o que aconteceu em minha vida nos anos anteriores tem ideia da minha alegria quando iniciei esse processo e só quem vive de perto tem ideia de como estou feliz agora.

Para cada história uma mentora, e a minha não poderia ter sido melhor. Pelo menos pra mim, o match foi perfeito desde a primeira reunião. Tive a sorte de ter a Marianna Piacesi como mentora. Ela é organizada, engajada, comprometida, não mediu esforços e em momento algum se limitou para me ajudar, ela se comunica de forma muito clara e, ao mesmo tempo, extremamente humana.

Nos falávamos muito ao longo da semana por mensagem, principalmente quando a meta era mais desafiadora pra mim. Marcamos de início uma reunião semanal de uma hora e ela acontecia pontualmente as 20:30. Nunca tivemos problemas com atrasos, faltas, cancelamentos, tudo era combinado com muita clareza e sempre estivemos muito comprometidas com o programa.

Um ponto importantíssimo é que a mentora não me ajudou só com a parte profissional, ela me ajudou tremendamente a lidar com a sensação de despreparo, de falta de competência e experiência na área. Em todo período ela me ajudava a refletir sobre como o processo pode ser mais leve, como é possível ser dedicada sem se colocar o peso da perfeição. Tá tudo bem não saber tudo, tá tudo bem estar aprendendo, tá tudo bem migrar de outra área.

Eu já vinha trabalhando muito intensamente em me conhecer, me reconhecer, mas a mentoria veio potencializar tremendamente esse processo. Não era só migrar pra UX, era reconhecer quantas virtudes eu trazia da minha formação original, era olhar pra minha trajetória e pra quem eu me tornei e enxergar o quanto era bom tudo o que me trouxe até ali.

Muitas vezes, muitas mesmo, ela me ajudou com questões práticas e técnicas, me ajudou a montar projeto, portfólio, linkedin, toda uma estrutura pra que eu conseguisse seguir na carreira do programa de mentoria em diante.

Mas o grande desafio que ela me ajudou a superar foi a questão de ser não só novata em UX mas vir de uma área completamente diferente, com pessoas que tinham outros comportamentos, uma área de exigências completamente diversas. Ela me ajudou a me engajar, conhecer grupos e pessoas da área, profissionais mais experientes e outros iniciantes como eu. Tive ainda, ao longo desse tempo, a felicidade de vê-la ajudando muitos outros iniciantes, criando iniciativas incriveis como o Guia do Product Designer e agora administrando o Vagas UX, eu tenho um orgulho danado da minha mentora, ela saiu gigante junto comigo desse programa!

Fazer parte de um grupo, uma tribo, pertencer. Foi basicamente isso que o mulheres de produto me proporcionou. Foi através desse programa que eu comecei a ter esse sentimento de pertencimento. Sou mulher, sou mãe, há muito tempo não me sentia profissional. Hoje, ao final desses três meses, me sinto UX Designer e pode parecer pequeno mas pra quem estava perdida, sem rumo profissional há tanto tempo, tentando se encaixar em outra profissão e sentindo, na verdade, não ter nenhuma, isso é muito significativo.

Por anos a falta de empatia e colaboração foi o que mais me incomodou na minha área de formação original e agora, vejam só, posso dizer que essa poderá continuar sendo a minha busca, mas hoje me sinto muito mais esperançosa de finalmente estar numa área em que posso encontrar esses valores. Longe de mim romantizar a profissão, nenhuma é perfeita, mas como dizem, a primeira impressão é a que fica, e a minha com o UX Design não poderia ter sido melhor.

Me lembro de quando recebi o email de seleção e vi pela primeira vez com atenção o banner do programa, “Seja uma mulher que levanta outras mulheres”. Isso foi significativo demais e aconteceu de verdade ao longo desse período.

Essa semana tivemos uma reunião de encerramento e tive o prazer de compartilhar histórias de vida com mulheres muito valentes, com tantas dúvidas e inseguranças quanto eu, pelos mais diversos motivos. Mulheres cuja impostora insiste em falar baixinho, no pé do ouvido, todos os dias. Levo o lema do movimento pra vida e quanto mais de pé eu me sinto, mais mulheres quero ajudar a levantar.

Fiquem de olho nas redes sociais do MDP, em breve pode ser você a mentora ou a mentorada, e nos dois casos, uma coisa é certa, você não sairá a mesma.