O que eu aprendi no Vale do Silício sobre Product Innovation?
O que é um produto inovador e como impulsionar inovação no processo de desenvolvimento de produto? Leia o que eu extraí de aprendizados de conversas com Product Managers do Pinterest, Salesforce e LiveRamp
TL; DR
- Antes de desenvolver algoritmos, defina muito bem o objetivo a ser atingido e os comportamentos negativos e veja se possui dados suficientes para começar a brincar
- Traga UX Designers e Engenheiras o mais cedo possível no processo para antecipar problemas
- Autonomia para desenvolvedores gera ownership
- Para provar o sucesso de um projeto novo pense em money: quanto dinheiro você conseguirá fazer, qual é o revenue?
- “We don’t need as PMs to tell UX Designer what they need to look at” e por isso quem faz benchmarking são os UX Designers, no Pinterest
- 80% do tempo do time é para projetos, 20% restante é livre para projetos independentes e aprendizado
- “Nosso produto é ótimo porque nós fazemos questão de mostrar o porque nós estamos recomendando determinado insight. Assim a gente constrói confiança. Nós não dizemos confie em mim cegamente” sobre as features do Einsten Analytics da Salesforce
- Visão do produto depende muito de uma visão clara do CEO sobre o produto: todas as pessoas entrevistadas mostraram uma grande admiração pelas ideias brilhantes do CEO.
- Hackatons acontecem periodicamente em todas as empresas entrevistadas, 1 vez a cada 2 meses e durante dias de semana. São abertos para toda empresa participar, incluindo CS que podem vir com ideias. Todos os projetos são implementados pós-hackaton ou durante ele
- Contrate pessoas apaixonadas por aprender e inovação será algo discutido sempre
O que é um Produto Inovador?
I think an innovative product is a product that solves a problem that somebody has and it is innovative because nobody solve well them before (Tina Arantes, LiveRamp)
1- Não invista em Machine Learning se você não conseguir responder essas perguntas
- Eu tenho dados e informação suficiente para fazer uma recomendação ou previsão?
Se sim:
- Quanto de dinheiro a mais esse modelo/produto novo vai me fazer ganhar?
- Quanto custará esse projeto?
- Qual é o meu revenue potencial se eu investir nesse projeto?
Algo que mais me surpreendeu no Vale foi que todos Product Managers sabem do impacto que seu produto/projeto vai ter no negócio da empresa, em dinheiro, em revenue.
No caso do Pinterest, as contas são bem simples pois sabem exatamente quanto um usuário ativo gera de revenue por mês. Daí basta fazer uma previsão sobre a quantidade de usuários que uma nova funcionalidade teria para calcular o quanto ela pode gerar de receita.
Revenue = estimativa de novos usuários x Revenue de cada usuário ativo
2- Machine Learning é legal, mas antes, defina muito bem seu objetivo com ele!
Definir apenas o objetivo não trata-se de configurar uma meta, mas considerar diferentes cenários e comportamentos indesejados.
Ao conversar com o Seth Weisfeld, Growth Product Manager no Pinterest ele compartilhou um caso onde o principal objetivo era tornar os emails mais personalizados. Para tanto, iriam trabalhar num algoritmo de machine learning e a métrica escolhida foi o CTR (Click Through Rate).
Porém ao tentar otimizar essa métrica, o modelo entendeu que era preciso enviar a maior quantidade de emails possíveis. 😱 E isso não era nada bom (mandar muitos emails com certeza aumenta a probabilidade de cliques no email. Porém, isso também implica em ser classificado como SPAM).
Definir os comportamentos negativos e diferentes cenários faz parte de definir o seu objetivo com o modelo.
3- Quando lançar um produto usando ML não espere que as pessoas confiem em você cegamente!
Assim que você mostra o valor do Machine Learning você precisará explicar porque isso funciona.
"Nosso produto é ótimo porque nós fazemos questão de mostrar o porque nós estamos recomendando determinado insight. Assim a gente constrói confiança." François Lopitaux, Director of Product, Salesforce
Quanto mais você trabalha com mercado Enterprise você precisará construir essa confiança. Por exemplo, o Insight Analytics mostra todos os dados e ainda, como o produto chegou naquele insight caso a pessoa usuária queira entender porque aquilo foi sugerido.
4- Traga UX-Designers, UX-Researchers e Engenheiras o mais cedo possível para antecipar os problemas!
Seth citou que o Airbnb tem um modelo extremamente tradicional e um pouco waterfall trazendo Designers e Engenheiras em estágios mais avançados dos projetos, tornando o desenvolvimento do produto bem menos efetivo!
Já viu isso em algum lugar? PM que prioriza o problema, envia para Designer criar solução e lá no final, o time de Engenharia chega e fala que não seria possível fazer a solução daquele jeito. Então, ou a solução é redesenhada ou o time opta por cortar escopo e entregar uma parcela do todo.
Além de antecipar problemas, ao dar autonomia você gera ownership!
5- Você pode copiar ou você pode melhorar
Product Managers geralmente não realizam benchmarking de concorrentes e esse bench depende muito do tamanho do projeto: são mais comuns quando uma solução totalmente nova está sendo criada.
UX Designers são as pessoas que realizam benchmarking e focado na experiência da usuária:
“We don’t need as PMs to tell UX Designer what they need to look at”
Esse é um ponto que me chamou bastante atenção pois estava habituada a realizar benchmarking de todos os concorrentes toda vez que investigava algum problema. O Seth compartilhou que em todos os projetos PMs sabem muito bem sobre o impacto para o usuário e sobre como a experiência deve ser e por essa razão não realizam benchmarking.
6- Para gerar inovação você precisa de liberdade e autonomia
Mais autonomia gera mais comprometimento e para isso, seguem algumas práticas:
- Hackatons e Feiras de Ciência (sim, em dias da semana e no horário de trabalho) com objetivo de solucionar problemas que o time de produto esteja engajado a resolver. O importante aqui é oferecer um tempo suficiente para os times trabalharem nos projetos e ter uma frequência entre eles — no caso da LiveRamp os Hackatons acontecem a cada 3 meses e são abertos para toda empresa.
- 80% do tempo do time de desenvolvimento é dedicado aos projetos prioritários da empresa; 20% do tempo é livre para aprendizado ou para dedicação em outros projetos
"We don’t’ assign the work for our developers. They assign up for work”
7— Visão do/da CEO
“Nós não temos dúvida que o sucesso da Salesforce se deve a visão do nosso CEO, Marc Benioff”
Todas as pessoas com quem conversei mencionaram que o fato de o produto ser inovador depende muito da visão de quem é CEO. Segundo François, o CEO da Salesforce possui visões muito claras sobre como a AI pode tornar as pessoas mais eficientes e por essa razão criou uma suíte de produtos usando essa tecnologia.
8— Crie uma comunidade para testar seus novos produtos
A Salesforce possui uma comunidade de clientes que testam produtos em early-stage. Tais clientes assinam uma NDA (acordo de sigilo) para garantir a confidencialidade dos projetos. Quem gerencia essa comunidade é chamada de Product Community Manager que analisa os feedbacks e insights fornecidos.
Algumas empresas no Brasil já realizam lançamentos em Beta para determinados usuários: é o caso da Resultados Digitais e do Nubank.
9 — Contrate pessoas apaixonadas por aprender
Às vezes uma nova tecnologia pode ser algo interessante para o time e em outras vezes, ela é apenas uma distração. As pessoas de Engenharia são as pessoas que falam sobre quais tecnologias gostariam de trabalhar e conseguem avaliar se seria importante investir ou não nelas.
O insight aqui é traga pessoas apaixonadas por aprender e inovação será algo discutido sempre!
Tem alguma dica para compartilhar sobre inovação em produto? Escreve nos comments pra gente ❤
