O que NÃO fazer nos 6 primeiros meses como Product Manager em uma nova empresa

Amanda Bento
Mulheres de Produto
5 min readApr 28, 2023

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Chegou agora na empresa e não tá entendendo nada? Calma, é assim mesmo, depois melhora, te prometo.

Recentemente celebrei 6 meses na Olist e foi uma jornada em tanto. Tanto, que já parece que foi mais que isso, como no velho clichê. Reuni nesse texto meus aprendizados durante essa jornada, pra você NÃO fazer. Se liga hein:

Nossa querida Regina Rouca

1 — Não fique sem falar com sua pessoa gestora

É essencial ter contato com a pessoa que te contratou e que será sua líder direta. Uma das coisas que fizeram toda diferença para mim durante meus primeiros 180 dias na Olist foi ter o contato muito próximo com meu líder (aka @Mauricio Suehara) em 1:1 semanais. Consegui conciliar com ele as minhas dúvidas pontuais de cada entrevista dentro de um discovery e o contato inicial com as áreas e foi essencial para me manter equalizada com a estratégia do meu cargo.

Além disso, a rotina ainda permanece. Falo frequentemente com meu líder e sempre que a gente fala, meu coração fica mais leve e consigo enxergar mais longe — e que alívio que dá quando eu vejo que tem 1:1 naquele dia!

2 — Não deixe de alinhar as expectativas dos primeiros 3 meses

O alinhamento de expectativas é essencial pra gente poder dormir tranquilo. Colocar a cabeça no travesseiro e conseguir dormir sem ficar girando como uma beyblade na cama.

Conseguir ter um combinado com a minha liderança me ajudou a lidar com o pânico de não saber nada num contexto onde todo mundo sabe tudo. Tendo essa clareza das minhas entregas e um 1:1 semanal me permitiu guiar as primeiras descobertas para o rumo certo, conseguindo criar uma visão racional da entrega de valor da etapa da jornada que sou responsável.

3 — Não abrace o mundo

Os três primeiros meses numa empresa nova são essenciais pra você entender o clima organizacional e se localizar dentro da estratégia da empresa, entender o que foi feito e o que ainda não foi feito, mas são péssimos pra aprender a priorizar.

Tudo vai parecer MUITO urgente e atrasado e a vontade de fazer tudo acontecer é inegável, mas a gente precisa ser maior que isso. Com ajuda do meu líder, consegui entender priorizações e dores latentes e juntos definir um plano de ação. O resto do mundo ficou pra depois.

4 — Não acredite nas suas primeiras ideias

Sim, desculpa destruir o seu sonho de já chegar num encontro presencial arrasando vestindo um blazer novinho, abrindo o Miro e mostrando a melhor árove de oportunidades já feita que causaria inveja na própria Teresa T, mas não vai rolar. Você não vai chegar chegando e tá tudo bem.

A observação dos fluxos, processos e organização da empresa é a etapa primordial pra uma boa construção de hipóteses e a futura estruturação de uma ferramenta fundamental de qualquer etapa de descoberta como um value proposition e a árvore da Teresa T. Contudo, pra isso, não vai ser em 3 meses que você vai conseguir agenda das pessoas importantes, entrevistas que vão mudar o jogoe até visitas com o usuário e muito menos tempo para documentar tudo isso de um jeito indexado e ordenado.

O calor da chegada é sedutor e faz a gente querer ser genial de primeira, mas demora até a gente conseguir fazer sentido e identificar o nosso papel no caminho de ganhos do negócio.

5 — Não se apresse em entender tudo

Tem uma frase ótima do James Clear que traduz a ansiedade a que a gente sente no começo de um novo trabalho:

Simplificar antes de entender os detalhes é ignorância. Simplificar depois de entender os detalhes é genial.

Talvez 70% da rotina de um PM seja focada em simplificar coisas, mas não dá pra simplificar nada se ainda estamos boiando como uma vitória régia. Realizar e completar a curva inicial de aprendizado demanda tempo e energia e talvez vai precisar de mais de 3 e 6 meses pra cruzar. Por isso, a priorização negociada com a gestão e os stakeholders principais se torna essencial, porque serve de linha de partida para saber o que entender e simplificar primeiro.

6 — Não deixe de falar com o time de design

Poderia existir um provérbio chinês antigo clichê que fosse mais ou menos assim ‘Eu, sem um product designer do lado, não sou nada’ que eu iria colocar num fundo preto e branco e compartilhar no Linkedin.

Estar em sintonia com os designers do meu dia a dia me ajudou em muito mais do que eu poderia imaginar: Tive acesso a documentações, ferramentas e métodos que eram totalmente novos pra mim, além de poder contar com parceiros essenciais para me enfiar nos problemas que eu queria decifrar nos discoveries que toquei. Sem dúvida, agora não consigo viver sem eles (Aqui vale uma menção aos maravilhosos @ Jon Azzolini e @Gabi Delduque com quem eu AMO trabalhar e que fizeram toda diferença na minha chegada a empresa)

7 — Não se culpe se algo der errado

Esse daqui é o mais díficil, mas eu prometo que faz sentido. A gente demora até entrar na sintonia da empresa, entender a língua dos stakeholders, ter as cartas na manga e traduzir os hieróglifos da massa de dados que existem. Em alguns casos, pode ser que demore até mais de 6 meses dependendo da rotina da empresa e o seu estágio de crescimento.

Parece óbvio falar isso, mas quando estamos no redemoinho de sensações que são os primeiros meses em uma empresa nova, é normal a gente se culpar por criar uma hipótese fora do tom ou priorizar algo que não faz sentido. A gente aprende a todo momento e a maneira que respondemos a esses momentos é que molda nossa personalidade e profissionalismo. Relaxa um pouco aí, errar e voltar duas casas também faz parte do processo.

Esses aprendizados marcaram minha jornada inicial na Olist e ainda sinto que tem muito mais pra aprender. E você, já parou pra pensar na sua jornada dentro da empresa em que está hoje?

Amanda Bento gosta de ser chamada de Mands. É Product Manager na Olist, Embaixadora das Mulheres de Produto e escritora profissional. Além de ser formada em Filosofia, possui MBA em Gestão de Projetos e adora escrever. Você compra seus livros aqui e pode também segui-la no Instagram e Linkedin.

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Amanda Bento
Mulheres de Produto

product manager and professional writer. find me @mulheresdeproduto