O segredo do discovery: não há segredo!

Danielle Dauster
Mulheres de Produto
3 min readApr 10, 2023
Imagem de um livro aberto com uma lupa e um óculos em cima

O discovery ainda é um termo nebuloso para muitas pessoas, e os frameworks que foram criados para ajudar nesse processo só adicionaram mais complexidade, tornando-se superestimados. Em alguns casos, os frameworks até viraram requisitos obrigatórios para certas posições de trabalho, um exemplo claro, onde o meio adquiriu mais importância do que o fim.

Mas será que esse processo é realmente tão complexo quanto parece?

Começo a narrativa com esse disclaimer, pois essa grande confusão em torno do discovery está relacionada ao contexto mencionado anteriormente. Porém, vamos focar no conteúdo que dá título a este artigo. Para isso, precisamos dar um passo atrás e reforçar alguns conceitos.

A tradução literal da palavra discovery é “descoberta” e ela foi utilizada para nomear o processo de mitigar riscos. Aqui reforço que, reduzir não é o mesmo que eliminar, afinal, é impossível eliminar todos os riscos (sorry).

É curioso como uma palavra bonita pode descrever um processo simples que pode já fazer parte da sua rotina, sem que você sequer saiba disso. Tudo isso, devido ao termo em inglês e à camada de complexidade que foram acrescentados a ele.

E por que realizamos o discovery? Simplesmente porque não há recursos infinitos disponíveis, independentemente do tamanho da empresa. Precisamos alocar nossas energias e recursos nas melhores opções possíveis para o momento. O discovery permite explorar e entender melhor um determinado problema ou oportunidade, antes de tomar decisões importantes. Podemos avaliar diferentes soluções potenciais, levantar hipóteses, coletar feedbacks para garantir que estamos investindo tempo e recursos nas melhores opções.

Vou te dar um exemplo que, ilustra bem esse cenário: antes de trabalhar com produto, quando eu ainda não sabia nada sobre o assunto, fui analista de estratégia em uma startup. Recebia demandas de clientes e precisava criar um plano estratégico para resolvê-las. Para isso, seguia um processo de pesquisa e análise de dados de mercado, informações sobre o público-alvo e muitos outros aspectos relevantes para definir o melhor caminho a seguir. E ora ora, veja só: eu já fazia discovery! Ou seja, estava reduzindo riscos para alocar recursos de forma mais assertiva.

Trazendo agora para a seara de produto, com muitas ideias surgindo de todos os cantos, o discovery auxilia a identificar as opções mais promissoras e reduzir os riscos de investimentos equivocados. Para isso, existem os famosos frameworks que auxiliam nesse processo, mas vale destacar que eles não são obrigatórios (eu sei, é uma afirmação difícil no fantástico mundo de produto). Mas enfim, conheço Product Managers brilhantes que não usam praticamente nenhum dos frameworks populares e conseguem grandes resultados.

Olha, não tem segredo não, viu? Aliás, eu falei cedo demais. A única coisa realmente imprescindível é a coleta e análise dos dados. Afinal, para mitigar riscos, é preciso compreender o cenário, identificar possíveis falhas e oportunidades. É como montar um quebra-cabeça: quanto mais entender a lógica das peças, as cores, os padrões presentes em cada uma, atrelada a visão da imagem final, mais fácil é identificar o caminho certo a seguir. Por isso, se tem algo que você não deve subestimar no processo de discovery são os dados e não os frameworks.

Eu sei que, mesmo depois de tudo que foi abordado acima, você ainda pode ter algumas perguntas relacionadas à prática. Eu já recebi diversos questionamentos de APMs, em processos seletivos e até mesmo de stakeholders. Alguns exemplos são: Por onde devo começar? Devo fazer discovery para isso? Como você faz discovery?”

Em primeiro lugar, se a iniciativa tiver um risco baixo, ou seja, se não for algo totalmente desconhecido e seus efeitos não forem críticos, não é necessário gastar muito tempo em discovery. Em segundo lugar, reforço que você não precisa seguir um framework específico para isso. Eu, por exemplo, tenho horários reservados semanalmente na minha agenda para analisar dados quantitativos e qualitativos. Durante essas análises, posso encontrar pontos de melhoria, responder às minhas perguntas e, dessa forma, estou fazendo discovery.

Por fim, tenha em mente que não é possível eliminar todos os riscos. Quanto mais tempo você gastar nesse ciclo, mais informações encontrará e poderá ficar preso em um loop. Saiba quando começar e quando terminar. Lembre-se do conceito inicial: reduzir riscos. Não há segredo!

--

--

Danielle Dauster
Mulheres de Produto

Produteira do Nordeste, apaixonada pelo universo tech, porlivros e amante de um bom café. @produteiraderecife