O que considerar na gestão de produtos digitais ?

Marcelle Lipman
Mulheres de Produto
4 min readMar 2, 2022

Discovery, gestão de stakeholders, product analysis….O que precisamos considerar na gestão de produtos digitais? É importante ressaltar que produtos são meios de solucionar problemas e não possuem o fim em si mesmos. Aqui registro alguns fundamentos (antes de qualquer buzzword) que considerei ao iniciar a gestão de produto digitais em diferentes desafios.

Antes de tudo, conheça as pessoas

Produto é contruído por pessoas e para pessoas, por isso é fundamental conversar com os usuários, parceiros, stakeholders (partes interessadas), e principalmente, ter escuta ativa ao seu próprio time. As famosas reuniões 1:1, são fundamentais nesse processo. Essa iniciativa gera um senso de pertencimento, colaboração e confiança super importante para o desenvolvimento do produto. É fundamental entender o dia a dia, como o outro se sente, seus anseios, suas aspirações e como você pode contribuir para isso de alguma forma.

“Além disso, a visão que essa pessoa tem sobre o todo e cultura é única e pode ser enriquecedor entender o desafio aos olhos de cada um envolvido” — Marcelle Lipman

Vale muito a pena ouvir principalmente as pessoas envolvidas no touchpoint da jornada do cliente que tange o seu produto; e claro, sempre trocar com outras pessoas de produto da cadeia de valor associada ao seu.

Mapear e conversar com os stakeholders chaves foi fundamental na construção do próximo passo; e o mais importante, conduzir o time em uma visão de outcomes(“resultado”) no lugar de outputs(“entrega”). Isso gera além de engajamento e priorização, um senso de propósito fundamental para o desenvolvimento de qualquer iniciativa.

Lembre-se de ouvir seu usuário sempre, tanto por dados quanto por feedback, caso a sua empresa não tenha essa cultura, lembre-se que o cliente está falando sempre, seja no atendimento ou suporte ao cliente, seja nas redes ou fóruns, procure pessoas próximas ao seu cliente que possam te auxiliar nessa ponte para sugerir uma entrevista, por exemplo. Lembre-se sempre: nossos produtos são para as pessoas.

Antes do produto, entenda a estratégia

Comece entendendo o cenário no qual seu produto está envolvido e como ele se apresenta como player; suas fortalezas, fraquezas, frente às oportunidades e ameaças (análise SWOT), sua proposta de valor, diferencial competitivo e principalmente tendências com foco no cliente faz toda diferença ao alinhar a estratégia do produto à da empresa como um todo.

Conversar com pessoas chaves permite absorver muito desses insights, refletir sobre “Onde estamos e onde queremos chegar com esse produto?”, e a partir disso “cascatear” o OKR e métricas que vamos acompanhar, definindo assim quais iniciativas nos ajudariam a chegar lá.

Nesse sentido, a dinâmica de roadmap nos ajudou a colocar todos na mesma página, o que gerou engajamento e muitas insights novos. Iniciamos pensando primeiramente nas dores do cliente, da operação e tecnologia (interno) e do negócio, ao final fizemos um mapa de afinidade agrupando as dores que seriam sanadas pelas oportunidades que já tínhamos mapeado e as que resolviam aquelas dores, levantamos novas oportunidades para as demais, validando posteriormente essas hipóteses. Esse processo também nesse caso, nos ajudou a identificar “quick wins”, reduzindo o custo de operação, aumentando o engajamento e melhorando a experiência do usuário com produto.

Fig.1: Dinâmica de roadmap com a squad.

Caso sua value stream não tenha uma visão ou missão clara como produto, a construção com o time é fundamental, nesse caso utilizamos o “North Star Metric” para identificar a métrica principal ligada à visão do produto e à estratégia do negócio.

Antes da estratégia, entenda o negócio

É importante entender o desafio do setor que abrange seu produto (e-commerce, fintech, edutech, healthtech….), se é um produto B2B (Business to Business), nesse caso será muito importante entender as necessidades dos parceiros e negócios que atende, ou no caso do B2C (Business to Consumer) que terá um foco maior na entrega de valor para o consumidor final. É preciso refletir também sobre as parcerias e iniciativas que fazem sentido para o négócio e cliente e a visão ao longo prazo da empresa. Essas perguntas nos ajudam a entender onde estamos como produto e nossa parte no todo.

Mas primeiro, respeite o processo

Respeitar o processo é muito importante. E esse é o mais bonito no desenvolvimento de produto: poder evoluir com ele e ver os resultados, seja para o time, para o cliente…enfim para o outro.

“Product Manager não é herói, iniciamos um novo desafio cheio de expectativas de que tudo vai rodar perfeitamente, mas é preciso entender que o produto, a dinâmica e a cultura têm seu próprio ritmo.”- Marcelle Lipman

Cada empresa estará em um nível de maturação na cultura de produto e alguns produtos estarão em fases diferentes de outros. Nesse sentido é muito importante entender o cenário antes de levantar qualquer iniciativa no que tange o processo, pessoas ou cultura. Estamos em constante evolução, não apenas o produto que tocamos, mas a empresa e organização como um todo.

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Marcelle Lipman
Mulheres de Produto

Sr. Product Manager na BEES, Ab-InBev growth group, especialista em produto; apaixonada por tecnologia, produtos e negócios 💡