Quando produto falha no alinhamento

Adriana Silva
Mulheres de Produto
3 min readMay 14, 2021

Um breve contexto

Nos primeiros dias na empresa você recebe uma demanda de um stakeholder interno. Demanda essa, que já estava na mão de produto e que ainda não havia sido finalizada. E aí você entra no jogo. Pega uns pontos aqui, outros ali e tenta entender qual é a demanda. Participa de várias reuniões com stakeholders durante 2 meses e segue acompanhando a Product Designer que está tocando o baile.

Aí vem a emoção

Agenda reunião com os stakeholders depois de 2 meses trabalhando no produto. Expectativa de ambos os lados, óbvio que expectativas diferentes, rs. Apresenta um fluxo de solução e de repente a frase matadora “isso não resolve nosso problema”.

Nesse exato momento vem a sensação de perda de controle acompanhada de uma leve taquicardia.

Alguns reagem tentando justificar ou se defender, outros fazem uma regressão mental para entender onde foi que ocorreu o desvio e outros simplesmente se calam e esperam as cenas do próximo capítulo.

O que levamos de tudo isso

Passado o furacão é hora de parar e pensar no que aconteceu. E desse momento surgiram os aprendizados abaixo :

1 — Façam um briefing! Independente de onde veio a dor ou demanda, façam um bom briefing. Isso teria ajudado muito a não pegar o caminho errado ou corrigir a rota. Quando digo “façam um briefing” dependendo da cultura da empresa é preciso fazer em formato de doc e mandar por e-mail para formalizar. Garanta que todos os envolvidos entenderam a mesma coisa. Acho que isso pode poupar futuras dores de cabeça. Algumas perguntas que podem ajudar a entender o problema/dor:

- Por que estamos fazendo isso?

- Que problema estamos tentando resolver?

- Para quem/persona?

- Como o usuário resolve esse problema/dor hoje?

Se a demanda vier de alguma área, como é o caso de produtos internos, existem algumas perguntas que devemos considerar:

- Quais são os objetivos e visão do produto?

- Como você descreveria esse produto?

- Quais são os benefícios que o produto oferece para os seus usuários?

- Tem algum produto no mercado que resolva essa dor/problema ?

- O que diferencia este produto de outros do mesmo segmento?

Tem muitas outras que posso mencionar, mas o importante é você criar uma estrutura de briefing com uma linha de raciocínio que ajude todos os envolvidos a entender o contexto e garantir que todos estão na mesma página. Eu usei uma estrutura semelhante a esta:

2 — Não deixem uma palavra definir o produto e o mais importante: não se apegue e não se apaixone. Se isso já nos dá dor de cabeça na vida real, imagina quando se trata de produto digital, rs.

3 — Alinhe prioridades com os stakeholders. No nosso caso temos muitos produtos e diante de tantos acabamos interpretando que o produto X era prioridade diante do produto Y e ,assim , frustramos os stakeholders. Existe alguém que irá te cobrar? Se sim, compartilhe a responsabilidade da priorização com essa pessoa ou grupo de pessoas.

4 — Recebemos a demanda de dois produtos, ao mesmo tempo e da mesma frente de negócio. Daí começamos a trabalhar esses produtos simultaneamente. Fizemos as reuniões e dinâmicas de discovery ao mesmo tempo. Isso acabou enrolando as pontas, pois muita coisa que era referente ao produto X foi considerado que se tratava do produto Y. Em determinado momento os produtos seguiram separados, mas o estrago já estava feito.

5 — Levante a mão antes de bater. Uma antiga gestora já falava “Avisar antes de acontecer é comunicar, avisar depois que aconteceu é desculpa”. Então, percebeu que vai dar ruim, não vai atender o prazo ou que tem um problema bloqueando o avanço, corre e avisa.

Espero que esses aprendizados possam ajudar alguém a escapar das ciladas que nosso time caiu. Pensando pelo lado positivo o Scrum prega que é preciso errar rápido. Então, acho que estamos no caminho, afinal o produto nem chegou na etapa de delivery. Sendo assim, menos recursos desperdiçados.

Então bora pivotar e começar direito dessa vez ;-)

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Adriana Silva
Mulheres de Produto

Uma especialista em RH que caiu no mundo de produto e está descobrindo a cada dia o quanto pode ser apaixonante esse mundo frenético.