Somos contadoras de Histórias?

Nancy Matsuda
Mulheres de Produto
4 min readOct 4, 2023
Tá ouvindo a musiquinha de fundo?

Assim que comecei minha carreira como Product Manager, me disseram que eu precisaria escrever histórias de usuário para a minha equipe pois ajudam a capturar as necessidades dos usuários em um formato compreensível e fácil de gerenciar. Achei isso interessante, pois desde criança adorava escrever histórias. Já lidei com vários tipos de modelos e cada vez me exigiam mais detalhes, até que entendi que nem todos os contextos demandavam tanto detalhamento, e que a clareza e a simplicidade eram o melhor caminho.

“Contar histórias é uma forma única de conectar mentes humanas e corações humanos.” — Kylie Slavik, “The Spark Method: How to Write a Story that Ignites Your Business”

Às vezes esquecemos que, antes de sermos profissionais de tecnologia, somos nós mesmos os clientes e consumidores dos produtos que estamos desenvolvendo. Experimentamos as mesmas frustrações ao utilizar um serviço ruim e nos perdemos em fluxos complexos.

Em algumas ocasiões, ao conhecermos os bastidores, caímos na armadilha de “ocultar” certos bugs que sabemos existir no produto. No entanto, é crucial que evitemos essa prática a todo custo. Devemos manter a imparcialidade e priorizar a qualidade e a usabilidade do produto.

Além disso, as histórias de usuário têm um papel fundamental ao nos colocar no lugar dos nossos clientes. Elas nos ajudam a compreender o motivo pelo qual estamos criando algo daquela maneira específica. A empatia é essencial para garantir que o produto atenda verdadeiramente às necessidades e expectativas dos usuários. Ao compreender o propósito por trás de cada funcionalidade, conseguimos orientar nosso time de desenvolvimento de maneira mais eficaz e alinhada com os objetivos do projeto.

Vejo a PM de forma bastante similar a uma contadora de histórias porque uma Product Manager é também uma comunicadora, narrando a história do produto, sua visão e a jornada que o produto percorrerá para alcançar seus objetivos. Elas precisam ser habilidosas em transmitir a visão e a estratégia do produto para a equipe e os stakeholders. Compartilham as histórias dos consumidores, demonstrando como estão enfrentando problemas com as funcionalidades.

Essas histórias são contadas por meio de dados e desenhos, tudo isso para garantir que todos na equipe estejam na mesma página.

Ambos devem compreender profundamente o público-alvo. A contadora de histórias precisa conhecer sua audiência para criar uma narrativa relevante e emocionalmente impactante. Uma Product Manager precisa entender os usuários do produto, suas necessidades, desejos e desafios, para desenvolver um produto que atenda a essas necessidades e estabeleça uma conexão emocional com os usuários.

Desejamos que o desfecho dessa história nunca se concretize, que o ciclo de vida do produto seja longo e próspero. No entanto, como toda contadora de histórias, às vezes exageramos em nossas narrativas. E qual seria o oposto disso, agora que estamos cientes de cada etapa dessa história?

Run PM Run!!

Portanto, considero essencial revisar constantemente nossos artefatos, roadmap, histórias e métricas, para ter a certeza de que não estamos direcionando nossos esforços para algo sem relevância. Somos as contadoras dessa história, então devemos enxergar o quadro completo, já antecipar o que esperar nos próximos capítulos, adaptar nossas narrativas ao ouvinte, manter uma perspectiva mais ampla, além de, enquanto estamos imersas nas atividades diárias, compreender o que está acontecendo no mundo, com nossos concorrentes e as novidades tecnológicas que podem otimizar nossas rotinas e reduzir custos.

Afinal…essa correria faz sentido?

Muitas vezes, as soluções não exigem necessariamente um desenvolvimento completo; nas descobertas dos fluxos, podemos identificar um storytelling onde a solução já está clara diante de nós ou apenas necessita de um ajuste em algum ponto.

Mas claro, somos contadoras de histórias, e não de mentiras. Ao contrário do nosso querido Forrest Gump, precisamos manter os pés no chão, ser honestos com nossas equipes e stakeholders, mapear os plot twists que possam acontecer, e que a única surpresa nessas histórias sejam as boas notas das experiências dos nossos clientes.

Dica de livro: Storytelling with Data: A Data Visualization Guide for Business Professionals” por Cole Nussbaumer Knaflic

Até a próxima!

Até logo!

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Nancy Matsuda
Mulheres de Produto

Acredito que, ao conectar o mundano ao extraordinário, é possível extrair insights valiosos para impulsionar a inovação e a tecnologia.